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Gincana Cultural Beneficente - Outdoors e Passeio Ciclístico
14/06/1999 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub

Quem passar pela Avenida Rio Branco, no decorrer do mês de junho/99, e for um espectador atento vai perceber uma mudança na composição dos outdoors, devido à inclusão de quatro trabalhos que não se revestem de uma intenção comercial. Essas peças tratam de questões de urbanidade e fazem parte de uma gincana cultural beneficente realizada no Centro Educacional Leonardo da Vinci. Além de idealizarem e cuidarem da elaboração gráfica e textual dos trabalhos, os próprios alunos comprometeram-se a obter patrocínios e coletar recursos que viabilizassem a exposição do material.

Frutos de trabalho em equipe de quatro grupos em que se dividiram os alunos da Escola (divididos em cores), os outdoors têm a intenção de auxiliar a reflexão, pela sociedade, em torno de questões amplas que impactam o cotidiano de todos nós e fazem problemática a vivência urbana.

A equipe BRANCA fez uma inter textualidade interessante com a música "A casa", de Vinícius de Moraes, do disco A Arca de Noé. Os alunos preocuparam-se em mostrar que a existência de uma casa "sem teto e sem nada" só é agradável no universo da fantasia, não se adequando à realidade. Há uma denúncia social visível e um apelo ao espectador para que não haja uma inversão de valores da sociedade ao analisar os problemas que ela mesma vem gerando.


A equipe AZUL preocupou-se em dialogar com o espectador, convidando-a a abraçar a causa social para provocar mudanças representativas. A imagem empregada é muito expressiva e mostra o contraste que pode haver com o investimento ou o abandono em torno da questão educacional (e as figuras do livro e da arma aparecem como referências importantes de um e outro caminhos). Os alunos deixaram transparecer, nas entrelinhas, que o combate às questões humanas de nosso país não é de responsabilidade exclusiva das instituições.




A equipe VERMELHA enfocou a questão do descaso da sociedade com os recursos naturais, fazendo o espectador construir uma interessante rede de relações de causa e conseqüência. Há um chamado à mudança individual de postura, pois se trata de problemática cuja solução passa invariavelmente pelo envolvimento consciente de pessoas, famílias e instituições.

A equipe CINZA construiu uma reflexão interessante sobre o parâmetro da evolução (ou involução) do homem. Avançando sensivelmente em termos de recursos tecnológicos, o homem não assegurou a mesma evolução em outros aspectos. O outdoor revela o homem primata em postura ereta e o homem contemporâneo em postura "primatal" (com perdão do neologismo).

É uma inquietante reflexão que pode repercutir no interior de nossa sociedade.



É óbvio que nenhuma dessas leituras é definitiva em si mesma e pode experimentar acréscimos ou questionamentos, a partir da interferência dos leitores. De qualquer forma, não há dúvida de que o trabalho final (resultado de um processo interativo bastante complexo, envolvendo alunos, professores, integrantes do corpo técnico e coordenadores e equipes de Artes e Português) superou as expectativas, demonstrando senso crítico, capacidade de criação e uso adequado de recursos plurais para expressar sensações, idéias e pontos de vista.

Os outdoors já expostos para o público serão oficialmente apresentados nos próximos dias, através de uma dinâmica que incluirá passeio ciclístico para circulação nos locais de afixação, paradas para reflexão e prestação de esclarecimentos sobre a idealização e elaboração de cada trabalho. Espera-se contar com a participação maciça das pessoas integradas ao contingente escolar e das famílias que acompanharam o desenvolvimento das iniciativas. Nessa oportunidade, será promovida uma apreciação dos trabalhos por um corpo de jurados criteriosamente escolhido pelo Centro Educacional Leonardo da Vinci, a ser integrada à avaliação de outras tarefas já executadas.

A seguir, reproduzimos algumas impressões e observações de alunos da Escola que participaram da fase de elaboração dos outdoors, dando corpo a idéias e opiniões coletivas. Os depoimentos foram colhidos em gravação de falas,tendo posteriormente sido feito um trabalho de adaptação da oralidade para a escrita, sem comprometer a essência do pensamento dos entrevistados:

Wilson – 2º I - O outdoor foi idealizado pela turma do 1º ano Integral. Eu fiz o desenho, que representa a falta de sensibilização da sociedade, por não ajudar as crianças carentes, não as colocando em escolas ... A sociedade não dá o apoio necessário.

Luis – 2º B - Nosso outdoor pretende transmitir a mensagem de que a saúde pública, como a questão do lixo urbano, é um problema muito grande em nossa sociedade atual, devido aos grandes níveis que atinge. Há muito lixo nas cidades, poluindo os mares e os rios, para muitos a base da sobrevivência. Mares e rios poluídos vão acabar nos atingindo diretamente, devido aos impactos no meio ambiente, o que vai causar diminuição da qualidade de vida, gerando até mesmo falta de alimentos e de água para beber.

Dependendo de como as pessoas se conscientizarem, esse problema pode ser eliminado ou acelerado a cada ano, atingindo proporções graves em um futuro breve, que eu mesmo posso viver.

Wilson – 2º I - A sociedade poderá reverter a situação da falta de sensibilização, com certeza, mas isso dependerá da colaboração de todos, porque, se continuar a discriminação que existe por aí...

Em relação ao nosso trabalho, que está sendo feito com somente essas 40 crianças, acho que é uma iniciativa que adianta sim, mas as soluções não dependem só da gente, dependem de outras escolas estarem promovendo também esse tipo de ajuda.

Luis – 2º C - Cada cidadão poderia também pensar em fazer sua parte: se cada um pudesse ajudar pelo menos um pouco, se cada um pudesse pegar uma criança para ajudar e não ficasse pensando só em si, ou pensasse "global", mesmo sem esperar alguém fazer uma coisa grande, já diminuiria muito a proporção do problema. Não devemos ficar de braços cruzados esperando que o governo faça. Se cada pessoa contribuísse com um pouco, já haveria uma significativa melhora.

Wilson – 2º I - Penso que o maior envolvido deveria ser o governo, pois os impostos que são pagos ... É dever do governo, e não desta escola, estar se preocupando mais com isso. O governo deveria procurar ajudar a resolver essa situação.

Luis – 2º B - O Governo já tem outras atribuições como a saúde pública, a educação, etc., e não pode (o governo) cuidar somente dos menores carentes; então, as pessoas (a própria sociedade) devem ajudar a cuidar dos menores carentes, mesmo sem esperar do governo, que já tem muitas atribuições.

Lutz – 2º C - Nosso tema foi o desarmamento. A partir do clássico desenho sobre a evolução do homem, pensamos em fazer o contrário: se o homem estivesse realmente desenvolvido, não usaria arma. E então idealizamos o homem regredindo, como se a violência fosse o ponto final do recuo. A violência faz a humanidade voltar ao seu passado primitivo.

Nossa intenção, com o outdoor, é que as pessoas que o virem reflitam sobre o desarmamento. Se as pessoas que usam armas ficarem sensibilizadas com o outdoor, pode ser que elas decidam mudar de atitude. Entretanto, acho que algumas pessoas não vão deixar de usar armas somente porque viram o outdoor. É sim mais uma lembrança para a população de que haveria menos violência se as armas não estivessem tão disponíveis.

Porém, para desarmar realmente a população, eu acho que é preciso muito mais do que um outdoor. Seriam necessárias atitudes conjuntas do governo e da sociedade.

Gabriel – 2º A – O outdoor mostra uma família que mora na rua e usa parte da música "era uma casa muito engraçada ...", que no outdoor foi adaptada para "Não tinha teto, não tinha nada, e só era engraçada na música".

Espero que esse outdoor traga alguma reflexão para melhorar a situação social ... Desejo que as pessoas vejam e entendam a mensagem, e fiquem sensibilizadas com isso. Acho que essa é a parte mais difícil porque afinal a sociedade não está muito voltada para isso.

Mesmo que os outdoors fiquem com a localização restrita à Av. Rio Branco e, portanto, serão vistos por uma quantidade limitada de pessoas, cada pessoa é importante dentro do universo. A mensagem irá se disseminando e é assim que as coisas começam.

Espero que o efeito dessa gincana tenha continuidade. Para mim teve muito sentido o trabalho que realizamos, e vai continuar tendo. Penso que para os outros também deva ter havido reflexos.

Quanto ao resultado que os outdoors trarão, acho que é uma questão meio "Zen". Que seja conseguida a iluminação das pessoas para perceberem que, quando esse tipo de problema for resolvido, nós iremos viver em uma sociedade melhor, o que vai ser melhor para todos. A responsabilidade maior por essas pessoas (carentes) saírem da situação em que se encontram e passarem para uma situação de vida melhor é delas mesmas. Elas precisam se ajudar e ajudar ao próximo. Ajudando o outro, ele vai ter condição de se ajudar também. Tudo na sociedade funciona de forma interligada. Então, não há como você estar bem sem que o outro esteja bem.

Em seguida, eu sou o próximo responsável, e assim como eu cada um de nós, toda a sociedade. Quando digo sociedade, incluo todos: pessoas, empresas, escolas, governo...

Lutz – 2º C - Em relação ao trabalho com os 40 menores, alguns deles vão esquecer imediatamente o que aconteceu com o envolvimento deles no Da Vinci, outros não. Me lembro, por exemplo, que, após termos apresentado a peça "A Pipa e a Flor", na contação de histórias que fizemos para os menores, uma menininha (das que estiveram conosco) estava desenhando, na atividade de Artes, uma pipa e uma flor, tendo comentado que fazia aquele desenho porque havia gostado da história e gostaria de se lembrar dela para sempre. Acho que para essa menina e para outros menores que entenderam as mensagens que tentamos passar, mudou alguma coisa, sim; mesmo que seja para uma quantidade pequena, já mudou "alguém".

Quanto à responsabilidade por uma vida melhor para esses menores carentes, acho que, com certeza, é função maior do governo. A sociedade deve ajudar, mas sem alguém com atitudes para colocar as coisas para funcionar não tem jeito não. A sociedade ajuda muito, mas não resolve definitivamente. Há necessidade de mudanças muito profundas, do governo central até os governos municipais.

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