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Sexualidade - Fatos e mitos
13/12/2001 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub

Professor Paulo, alunos Da Vinci e convidados.
Professor Paulo, alunos Da Vinci e convidados.
Dentre os maiores compromissos da disciplina diversificada Sexualidade – Fatos e Mitos, um dos sete projetos enviados pelo Da Vinci à UNESCO em 2001, figura a extrapolação dos muros da Escola. Coerentemente com esse espírito, foi realizado um encontro entre alunos participantes do projeto e filhos/parentes dos funcionários da Escola, a fim de propiciar debate aberto sobre o tema entre adolescentes de diferentes grupamentos sociais, derrubando tabus e repensando concepções.

Mais do que uma palestra expositiva, o encontro caracterizou-se pela diversidade de dinâmicas, pluralidade de abordagens e envolvimento dos explanadores e espectadores. Além de momentos lúdicos, possibilidades de reflexão teórica e sistematização de conceitos.

Na manhã do sábado 01/12/01, alunos de 1os anos do Da Vinci receberam, no anfiteatro da Instituição, colegas de outras escolas (da rede pública), filhos/parentes dos funcionários da escola, das áreas de administração, limpeza e segurança. Compareceram também integrantes da equipe técnico-administrativa e alguns funcionários da Instituição de áreas de apoio.

No encontro foram tratados, de forma aberta, honesta e explícita, vários temas que são considerados polêmicos, tudo sob orientação/ /mediação do professor Paulo de Tarso Rezende Ayub e alunos voluntários que cursaram a disciplina diversificada em questão.

Lara Tristão encenando monólogo.
Lara Tristão encenando monólogo.
Primeiro momento
A aluna Lara Tristão Araújo (1º C)dramatizou um monólogo de autoria de Mirna Salume(1º A), em que são retratados os dramas e angústias de uma adolescente grávida, aos 15 anos. O texto, denso e poético, trata das dificuldades psicológicas do adolescente para lidar com a gravidez e limitações que traduz nessa época da vida; da dificuldade de comunicação entre adolescentes e tantas instituições sociais; da ilusão de que maior informação garante postura responsável perante a sexualidade; das dificuldades de entendimento entre os “pais” da criança gerada; da opção em prosseguir (ou não prosseguir) ... Tendo por pano de fundo a música “Pais e filhos”, de Renato Russo, o monólogo sensibilizou os telespectadores, por sua articulação com a realidade.


Vinícius e Elisa: colocação de preservativo.
Vinícius e Elisa: colocação de preservativo.
Segundo momento
Como evitar a gravidez e as doenças sexualmente transmissíveis? Diversos métodos contraceptivos foram discutidos por três alunos da disciplina diversificada (Aline, Mirna e Elisa Colnago), identificando os prós e contras de sua utilização, efeitos colaterais, percentuais de efetividade. Com seriedade e grande naturalidade foram abordados temas como método natural, uso de "camisinha" e pílula anticoncepcional. Demonstrações práticas de como se colocar o preservativo masculino e feminino, além de abordagens como: detalhes a serem observados na colocação; decorrências do uso e interferências no ato sexual e no “prazer”; custos; recomendações médicas; tempo necessário de colocação. Os alunos questionaram as campanhas promovidas pela mídia, que incentivam o uso da camisinha, mais do que a vivência da sexualidade responsável. Durante todo o tempo da explanação, em que enfatizaram desde questões físicas até psicológicas e socioculturais, os expositores interagiram com a platéia, verificando seus conhecimentos prévios e esclarecendo dúvidas/derrubando mitos.

Iara representando uma adolescente liberada.
Iara representando uma adolescente liberada.
Terceiro momento
Um dos pontos fortes do encontro caracterizou-se pela dialogia entre vozes masculinas e femininas, numa tentativa de refletir situações bastante corriqueiras na vida dos adolescentes. Numa primeira encenação, uma menina romântica e um rapaz avançado e machista apresentam suas diferentes percepções em torno das vivências amorosas e sexuais. Ela descobrindo-se apaixonada e ele conquistando “mais uma” (mercadoria?). Em seguida, outra encenação, na qual uma menina avançada em alguns conceitos e vivências sexuais depara-se com um rapaz de perfil romântico e puro. Enquanto para o rapaz os minutos que antecederam o encontro pareceram séculos, tão desejoso estava de encontrar a “amada”, ela, objetiva, considerava... “ainda bem que só faltam 10 minutos para eu resolver esse assunto...”
Os sentimentos, diferentes para cada um dos pares, foram comparados e refletidos. O que pode representar a vivência sexual para cada um? Como lidar com personalidades tão díspares? Os textos, todos produzidos por alunos da disciplina diversificada, estão circulando pela Escola, dada sua consistência e importância como material crítico e de análise.

Mayara coordena dinâmica sobre estereótipos.
Mayara coordena dinâmica sobre estereótipos.
Quarto momento
Uma nova dinâmica teve por finalidade romper com alguns “estereótipos” construídos pela sociedade em torno de homens e mulheres.
Para homens: corajosos, racionais, potentes sexuais, decididos ...
Para mulheres: emocionais, frágeis, castas, passivas ...
Indagando a alguns dos presentes como se encaixavam nessas definições, os condutores da dinâmica deixaram claro que as concepções de masculino/feminino são relativas, bem como que as características apontadas passeiam igualmente pelos dois sexos.
Nem por isso, a sociedade deixa de manter divisões e estabelecer “verdades” questionáveis misturando questões sentimentais e emocionais a opções sexuais, desde a criação dos filhos até a fase adulta.

Em seguida, foi feita outra dinâmica para verificar as percepções de alguns participantes voluntários em torno de palavras-chaves da sexualidade: sexo; relação sexual; ato sexual; genitais, ficar, transar, amar. Revelados muitos equívocos de interpretação (usam-se tantas destas palavras em lugar de outras), os condutores da dinâmica envolveram os participantes num jogo reflexivo, mostrando que a expressão “relação sexual” pressupõe apenas relacionamento entre os dois sexos, não assumindo conotação genital, o que é bem diferente de “ato sexual”. Mostraram também que o “transar" envolve muito mais compromisso do que o “ficar” meramente, que pode inclusive contemplar o ato sexual. Os participantes surpreenderam-se com os equívocos que a banalização da sexualidade vem gerando.

Convidada participando da programação.
Convidada participando da programação.
Flash
Na cena ao lado, uma das participantes lê “estudo de caso” proposto pelos debatedores para demonstrar que o uso da camisinha geralmente contempla o coito vaginal, mas deixa de fora outras práticas sexuais entre homens e mulheres, gerando grandes riscos de serem contraídas doenças sexualmente transmissíveis, por outras vias.
Cada parte do programa foi debatida por todos, tendo acontecido interação significativa entre os alunos do “Da Vinci” (condutores do processo) e os filhos/parentes de funcionários.

Vinícius e Maria Eliza atuando como debatedores.
Vinícius e Maria Eliza atuando como debatedores.
Quinto momento
Os alunos Vinícius e Mª Eliza (1º I) assumem o papel de debatedores em torno de SEXUALIDADE FEMININA e MASCULINA.
Apresentando abordagens históricas, reflexões críticas e dados científicos, os debatedores conquistaram atenção dos “espectadores” pelo conhecimento de causa e nível de flexibilidade na consideração de opiniões alheias. Além de discorrerem sobre questões psicológicas e socioculturais envolvendo a sexualidade masculina e feminina, os debatedores apresentaram dicas para melhoria do desejo sexual e vivência da sexualidade. Pareciam especialistas, tal o domínio do assunto e o cuidado com a linguagem empregada. Muito mais que culpar as divisões que são feitas em relação à sexualidade masculina e feminina, os debatedores propuseram o amplo diálogo como melhor saída para superação de limitações de ambos os lados e ampliação da felicidade sexual.

Em seguida, a aluna Junia (1º C) fez interessante explanação sobre matéria publicada na edição Veja Jovem em torno da sexualidade, questionando a percepção de que os adolescentes e jovens de hoje são os mais bem informados da história; demonstrando a fragilidade de algumas estatísticas lançadas e apresentando dados de pesquisa em site da UOL no qual ficam claras as dificuldades do adolescente em bem lidar com questões polêmicas em torno da sexualidade. Um ponto alto desse momento foi a leitura de perguntas relevantes e irrelevantes retiradas da INTERNET, analisando-se a forma e o conteúdo das consultas e demonstrando a percepção da sexualidade sob diferentes enfoques (consciente; preconceituoso; polêmico; inseguro; etc.).

No final, avaliação positiva de todos os participantes e a constatação de que nunca havia sido tratado, com eles, tema tão delicado com tanta franqueza, espontaneidade, objetividade. Todos estiveram bem confortáveis, sem maiores constrangimentos, pois perceberam a qualidade do trabalho e o cuidado em não adentrar aspectos da vida privada de cada um. Houve espaço para partilha de opiniões diversas e aceitação das diferenças. Alunos mostrando-se como produtores de conhecimento e espectadores como participantes desse processo, jamais como meros receptores.

O professor Paulo de Tarso e alguns alunos voluntários estarão repetindo a dose na próxima semana, quando visitarão a Escola Pública Municipal “Aristóbulo Barbosa Leão” para manter uma inter-ação em torno de sexualidade com alunos de oitavas séries que vêm estudando a temática de modo transversal em algumas disciplinas curriculares. A meta de extrapolar os muros da Escola vem assumindo outras dimensões. Há intenção, no próximo ano, de agregar ao grupo pesquisador/expositor alunos da rede pública, para que tomem parte de todo o processo e depois possam atuar como multiplicadores em outros segmentos sociais e instituições educativas. Isso só não foi possível no projeto deste ano devido à greve que acometeu o sistema estadual de ensino durante longo período.

Os participantes do projeto Sexualidade deste ano elaboraram diversas produções escritas ao longo da vivência da disciplina diversificada, contemplando produções literárias, ensaios críticos, sistematização de dados de pesquisa, dicas e sugestões. Esse material já se encontra compilado e circulando no universo escolar e entre os “espectadores” das inter-ações mantidas, estudando-se a possibilidade de transformá-lo em publicação institucionalizada.

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