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Transição do Fundamental para o Médio
06/03/2002 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub

#2824#No Centro Educacional Leonardo da Vinci, as aulas de Língua Portuguesa têm sido um campo fértil para realizar com os alunos uma ampla reflexão sobre a transição do ensino Fundamental para o Médio. Cria-se, assim, um ambiente propício para que os conteúdos conceituais convivam em igual dimensão com outros saberes. Entre estes, a formação ética e moral; a constituição de habilidades; a implementação de competências, procedimentos, atitudes e valores que permitam ao educando bem situar-se não apenas perante o conhecimento, mas perante a vida. A passagem do ensino fundamental para o médio constitui uma etapa significativa na vida estudantil. Alguns comportamentos típicos do ensino fundamental, como submissão aos interesses do grupo-classe e dependência em relação à figura dos educadores, são relativizados, pois o estudante começa a se enxergar como um universitário em formação. À medida que vão interagindo com os educandos, os agentes escolares disseminam a necessidade de uma nova postura por parte deles, incentivando-os a se firmarem como sujeitos do conhecimento em potencial e atores sociais/ educativos. Apesar dessa uniformização no trato com o aluno, alguns deles apresentam dificuldades/ falta de maturidade para incorporar-se ao novo cenário educativo, sem falar no caso dos “novatos”, que não conhecem em profundidade o ideário educativo e filosofia de trabalho do Da Vinci, sentindo-se meio perdidos numa fase importante de transição. Pensando em melhor contextualizar os educandos recém-chegados ao Ensino Médio (alguns ainda à escola), o professor de Língua Portuguesa, Paulo de Tarso Rezende Ayub, com apoio da Orientação Educacional, concebeu um processo inovador de recepção. {2825}Este processo é na verdade um misto de oficinas, aulas interativas, estudos de casos, técnicas de estudo ativo e debates, em suma, vivências pedagógicas que priorizam a reflexão e o senso crítico, em lugar da repetição de modelos e memorização de informações. Durante duas semanas, alunos e professor mergulharam na realidade educativa, (re)pensando suas posturas como integrantes de um contexto escolar em que se deve substituir a recepção pela transposição dos saberes e em que, além da preocupação com os conteúdos cognitivos, surgem outros componentes curriculares de igual importância (atitudes, valores, procedimentos, métodos de estudo, habilidades e competências, etc). Em linhas gerais, o processo de recepção deu-se em quatro momentos distintos, abaixo sintetizados: 1º momento – Realização de oficinas intituladas “Revelando-se” e “Convivência”, em que a tônica era a singularidade dos sujeitos que convivem em sala de aula e a complexidade das relações interpessoais no contexto educativo. 2º momento – Análise de diversos pontos de vista em torno da sala de aula, da autoria de agentes escolares ou externos, com argumentações em torno da postura de professor e alunos, de estratégias educativas, de recursos tecnológicos e modelos de ensino. 3º momento – Estudos de casos contemplando situações corriqueiras do cotidiano pedagógico, desde fatores internos até a integração entre vida escolar e extra-escolar. 4º momento – Acesso a fragmento de filme “Sociedade dos poetas mortos” como referencial para reflexões em torno do currículo oculto e proposição de sistemática de auto-avaliação, contemplando o tempo pedagógico escolar e o tempo pedagógico de cada educando. Esse processo, é bem verdade, foi muito melhor de ser vivenciado do que relatado, mas o compromisso com a socialização não poderia deixá-lo adormecido. Para permitir uma multiplicidade de vozes e repartir com os alunos envolvidos o compromisso com a socialização, o professor pediu a alguns deles (voluntários) que sistematizassem suas percepções em torno do processo vivido, na forma de pareceres, relatos, considerações, recortes pedagógicos, críticas e o que mais lhes parecesse relevante. Daí brotou a diversidade de perspectivas que partilhamos nesta oportunidade. {2826} A OPINIÃO DOS ALUNOS Discutir é importante Paula Campos Perim (1º ano I - 1) Sempre fui a favor de discussões em sala de aula, exposição de opiniões e contradição de idéias. Foi por esse motivo que me senti muito bem durante as aulas de Português das primeiras semanas. Logo na primeira aula, a turma foi dividida em grupos e travamos uma discussão sobre o significado por trás da aparência de uma simples propaganda; em seguida, lemos um texto sobre sala de aula que causou muitas argumentações contrárias e a favor. Dever de casa já na segunda aula, mas só para alguns que, após alguns minutos de dúvida, se apresentaram como voluntários para ler e analisar um texto em casa. Também fizemos um estudo de casos que trouxe à tona verdades escondidas. Casos que realmente acontecem e que causaram um bate-papo muito importante, pois quem rebateu, concordou ou pelo menos deu uma opinião, contribuiu para o crescimento da turma e da aula. Voltando ao dever de casa de alguns (entre eles, eu), valeu a pena. Foi muito bom apresentar para a turma um texto tão interessante, acrescentando a ele as nossas opiniões pessoais. É muito importante discutir dentro da sala de aula assuntos da escola, pois passamos uma enorme parte da nossa vida aqui. Essa foi uma maneira perfeita de começar o ano: conhecendo uns aos outros, conhecendo o professor, tendo como certo alguns conceitos fundamentais e básicos e outros que só são pensarmos ao longo do tempo e tirar nossas próprias conclusões, para uma melhor convivência com os colegas, professores e a escola. Aulas de reflexão, português, redação... Vivian Vasconcellos Pedruzzi (1º ano A) Logo nos primeiros dias de aula, fui à escola já prevendo que as aulas seriam tão entediantes como todo começo de ano escolar: professores tentando chamar a atenção dos alunos, fazendo brincadeiras de decorar nomes, como se eles conseguissem decorar todos os nomes de todas as salas pelas quais eles passaram o dia todo e, no caso dos professores de Português, aquela velha história de fingir ter algum interesse sobre as férias de cada aluno, pedindo para que escrevam um resumo delas. As aulas não foram assim. É óbvio que, no começo do ano, quando a sala toda se une pela primeira vez, nós, alunos, estamos cheios de novidades para contar e por isso o maior desafio dos professores é fazer com que a turma não se disperse. O método do professor de Português e Redação foi trazer um texto que abordava propriamente alguns métodos de ensino e de estudo em sala de aula. O texto “Escreveu, não leu ... nota 10”, escrito por um crítico aluno, conta a experiência que esse educando obteve quando foi estudar nos EUA. Trata-se de um problema muito comum que acontece nas salas de aula, porém pouco percebido: por parte do professor, o problema consiste em passar o que tem no livro, tudo muito objetivo, sem reflexões aprofundadas; já o aluno consiste em ser um espelho que só sabe refletir o que os outros pensam, e não o que ele pessoalmente pensa. Outro mecanismo utilizado para tratar da mesma problemática foi um trecho do filme “Sociedade dos poetas mortos”. Junto com o incentivo e guiamento do professor, fizemos algumas reflexões, argumentamos, criticamos, discutimos, é claro, sem perceber a nenhum momento que estávamos julgando a nós mesmos. Chegamos à conclusão de que éramos ledores e não leitores, quando o aluno não faz relações, reflexões críticas e não entende o texto, e por isso não se interessa. Nosso desinteresse ficou bem explícito quando, a pedido do professor, quatro alunos se ofereceram para ler e analisar dois textos em casa – “Revolucione a sala de aula” e “A didática tem que ser envolvente” – e, no dia da discussão com a turma, fora esses quatro, apenas dois entre trinta alunos leram os textos para poder discuti-los. O desapontamento do professor foi tão explícito quanto nosso desinteresse, mas, ao invés de dar uma ‘bronca’, o professor contou sobre uma experiência parecida, que ele teve quando era aluno na UFES, com a intenção de mostrar aos alunos a importância da valorização à dedicação. No dia 14 de fevereiro, lemos um material que continha uma seleção de erros de produção de textos arrecadados nos dois últimos vestibulares de uma faculdade particular; eram tão ridículos que rimos a aula inteira, sem novamente perceber que estávamos rindo dos erros que às vezes nós mesmos cometemos, quando escrevemos com desatenção. Erros do tipo: tentar colocar palavras bonitas ou “difíceis”, sem saber exatamente o significado e por isso acabar passando uma idéia contrária ao que se quer expressar; explicações extras que não precisam ser comentadas e que apenas “enrolam” ou “enchem lingüiça”, em que se acaba “falando, falando e não falando nada”; tratar de assuntos de que não se tem pleno conhecimento e, mesmo assim, abordá-los de forma incorreta, não fazendo ligações de pensamento, dentre outros. Ainda nas primeiras aulas após o carnaval, o professor pediu aos alunos para que se reunissem em grupos, e a cada um entregou casos de alunos com problemáticas. Pediu aos grupos para analisarem e responderem as três perguntas que acompanhavam cada caso. O trabalho proposto parecia estranho e sem finalidades, mas quando os grupos apresentavam os casos na frente de toda a sala e cada integrante defendia seu próprio ponto de vista, surgiam várias opiniões contrárias colocadas tanto por alunos da sala, pelo professor e até mesmo pela orientadora educacional, que estava presente nessa aula. Percebi que a finalidade da aula era principalmente exercitar a facilidade de trabalho em grupos, a argumentação, a crítica e a desenvoltura de falar em público. No dia 21 de fevereiro, novamente nos reunimos em grupos e cada grupo analisou textos diferenciados, que continham vários erros de estrutura, como falta de ligação ou incoerência com a tese principal. A intenção do professor era ver o quanto éramos críticos diante desses textos. As aulas iniciais não só situaram os alunos novos, mas também os que já estão na escola há anos, porém desacostumados com esse método de trabalho, adotado no ensino médio. Novatas interagem nas aulas Aline Meneghelli Galvão Gonçalves e Flávia Modenese Barreira (1º ano A) Somos novatas no Leonardo da Vinci e, até então, estamos adorando o método de ensino adotado pelo professor de Língua Portuguesa. Nossas aulas são extremamente dinâmicas, interativas, inteligentes, o que faz com que, praticamente, todos os alunos tenham envolvimento pelas mesmas. Além de utilizar textos super interessantes, o professor retira de cada aluno suas idéias e pensamentos, fazendo-nos desenvolver o senso crítico. Uma das coisas que mais nos surpreendeu e agradou foi a maneira com que o professor conduz suas aulas e seus alunos. Com um jeito irreverente, ele promove debates, trabalhos em grupo, círculos, tornando a aula super agradável, e sem nos cansar. Enfim, é um método novo de trabalho. Em compensação, temos a certeza de que produzimos e aprendemos muito mais, e que somos capazes de pensar além do que imaginávamos. Aulas diferentes Gabriela Nogueira Pavan (1º ano B) Atualmente, a escola tem como objetivo não preparar alunos, mas sim cidadãos. Foi com esse objetivo que o professor Paulo de Tarso elaborou aulas bem diferentes, nas quais o aluno entende a importância do trabalho em grupo, desenvolve o senso crítico e a percepção. Sempre formando grupos ou com os alunos sentados em círculo, o que facilitava a interação entre nós, alunos, o professor trabalhou textos, obras de pintores, fragmento de filme, tudo para melhor desempenho de todos. Em uma das aulas, foram apresentados estudos de casos, ou seja, textos que apresentavam problemas do dia-a-dia escolar, e nós tínhamos que achar soluções para eles. Trazendo a realidade para a sala de aula, começamos a desenvolver a capacidade de solucionar problemas, a criticar e muito mais. O mais interessante é que o professor conseguiu mostrar que nem tudo que é escrito é verdade; nem tudo que é falado é correto. Portanto, devemos assumir uma postura crítica e assim podermos analisar melhor um texto, um filme e até mesmo o mundo. Auto-avaliação, uma surpresa Leonardo Barros Campos Ramos (1º ano B) Convivência. Esse foi o primeiro assunto abordado em nossas aulas de Língua Portuguesa, quer dizer, não só convivência, mas também palavras derivadas de conviver. Outras aulas também traziam textos sobre o ato de conviver. Acredito que tamanha preocupação em torno dessa palavra deve ser porque o professor almeja que nossas aulas sejam de total proveito, querendo que a relação professor-aluno seja bem clara. Outra coisa interessante que ocorreu, e foi uma surpresa para todos, foi a auto-avaliação. Quem diria que um professor deixaria o aluno se dar a nota? Não tenho muito a falar sobre o assunto, pois ele já foi proposto, só faltando colocá-lo em prática, o que vai ser breve. É isso que tem acontecido em nossas aulas: surpresa após surpresa, aula após aula. Ensino dinâmico e prático Juliana Vello Sartório 1º ano I - 2) Como aluna novata do Centro Educacional Leonardo da Vinci, posso afirmar que as aulas iniciais de Português despertaram muito o meu interesse. Com o decorrer das primeiras aulas, pude concluir que o nosso estudo será bem dinâmico, não só aprendendo a gramática, com regras e nomenclaturas, mas principalmente com o uso textual e prático da mesma. O senso crítico desenvolvido na leitura de textos polêmicos e os estudos de casos também foram atividades que me agradaram bastante, pois considero esse tipo de interpretação importantíssima para a formação de um cidadão consciente. Palavra final do professor Como síntese de todo o processo, a percepção de que o Da Vinci é uma instituição na qual a prioridade número um é o educando, mas que não deixa de considerar que essa prioridade só será efetiva se houver um investimento pessoal contínuo por parte dos próprios educandos, tanto na sua constituição como sujeitos educativos como na inter-ação com seus pares. Nem todos internalizaram por igual essas fundamentações, mas sem dúvida a maioria dos grupos-classe passou a dispor de norteadores para que sua trajetória escolar se faça cada vez mais significativa.

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