Educação Financeira

Uma situação-problema clássica em Matemática e comum aos que alguma vez estudaram para provas de concurso público apresenta o seguinte enunciado: “Um reservatório d’água é alimentado por duas torneiras; a primeira pode enchê-lo em 5 horas e a segunda em 4 horas. Existe ainda uma terceira torneira que permite escoamento total da água desse reservatório em 6 horas. Nessas condições, em quanto tempo é possível encher o reservatório, se abrirmos a primeira e a terceira torneiras simultaneamente e a segunda, uma hora depois?”
Embora esse problema apresente uma solução própria, existem muitas variantes sobre o mesmo. Isto ocorre quando alteramos o número de torneiras usadas para encher o reservatório ou esvaziá-lo, bem como, quando variamos o tempo para que cada uma das torneiras cumpra o seu objetivo. A intenção de apresentá-lo, está na possibilidade da contextualização que o problema permite, para com isso exemplificarmos a maneira, com que muitas vezes estamos gerindo nossas finanças pessoais.
As torneiras um e dois significam as fontes de receita (ganhos) que podemos ter e a torneira três está relacionada a todo tipo de despesa (gastos) que possuímos.
Uma coisa é certa: em qualquer faixa de rendimento devemos sempre efetuar os cálculos para confrontar receitas com despesas. Quanto mais detalhado for nosso orçamento familiar (ou pessoal), por menos sobressaltos passará nossa vida financeira, pois teremos uma melhor consciência da nossa realidade social/financeira. Nada contra querer mudar essa realidade. Qualquer um pode fazer essa opção, que demandará algum esforço e planejamento. No entanto, pouco adiantará para a saúde das suas finanças se os ganhos aumentarem sempre na proporção dos gastos, ou pior, se acontecer dos gastos aumentarem acima dos ganhos, revelando um completo descontrole financeiro. Reduzir ao máximo os gastos, mudando hábitos, estratégias, marcas, gostos, será saudável para o enchimento do seu “reservatório pessoal”. E cada um, na medida da sua ambição guarda a idéia de qual seria o porte desse reservatório.
É neste ponto que retomamos ao problema inicial. Como cuidar da manutenção do nosso “reservatório”? Como alterar os fluxos de enchimento e esvaziamento das torneiras a fim de que o reservatório possa ser enchido e se mantenha cheio? Note que não se trata de fechar de vez a torneira do consumo, mas ordenar os gastos que mais consomem de nossas rendas e que tornam-nos reféns de terceiros através das taxas de juros e das prestações que teremos que honrar. Consumir é uma arte. Gastar dinheiro é muito bom. Ganhar, todos sabemos o quanto é difícil. Salvar algum dinheiro do consumo, poupar, é uma missão dolorosa. Mas só quem já construiu seu “reservatório” sabe o quanto valeu tal sacrifício. O mundo cada vez mais nos seduz com ofertas tentadoras, novos lançamentos, modismos. Além disso, a competição com vizinhos, colegas de trabalho, tudo isso, pode ser devastador para as finanças dos menos previdentes. Saber se conter exige grande dose de autocontrole. Construir uma reserva financeira que nos permita não só consumir mais e melhor, mas que também nos previna de intempéries e imprevistos é fundamental para qualquer um. Quanto mais cedo nos conscientizamos disso, menos vulneráveis ficamos às tempestades que, vez por outra, assolam a economia global e local.
Em tempo: o reservatório do problema proposto no início estará completamente cheio em aproximadamente quatro horas e vinte e cinco minutos. E o seu “reservatório” em quanto tempo estará cheio? Como anda seu planejamento financeiro? Você tem consciência das contas a serem realizadas para alcançar os seus sonhos?

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