Encontro com Ronaldo Martins

Dando continuidade ao programa “Encontro com Notáveis”, recebemos, em 17/09/2003, o Dr. Ronaldo Martins, especialista em medicina preventiva que, dentro do contexto do projeto, discorreu livremente sobre temas ligados à sua profissão/especialização mas que, solicitado pelos presentes, enveredou por assuntos diversos como política, violência e outros.

Pai de alunos Da Vinci, (agora já “Sempre Alunos”, Paulo e Júlia, cursando Engenharia e Medicina), sempre solícito e atuante, brindou-nos com sua companhia e abordagem, mesmo com o dia do encontro coincidindo com a celebração de seu aniversário.Ao falar sobre sua escolha profissional, alegou que enfrentou as mesmas dúvidas que afligem nossos alunos no momento de decisão pela carreira a ser seguida: durante algum tempo o Dr. Ronaldo esteve propenso a estudar Engenharia, decidindo-se depois pela Medicina. Desde seu ingresso na carreira, vem-se preocupando com sua autoformação e aprimoramento constante, em busca da perfeição em sua especialidade (na qual é renomado).

Eis alguns destaques na abordagem do Dr. Ronaldo: - Considera fundamental e inseparável o binômio SAÚDE-EDUCAÇÃO.- Quando de seu ingresso nos quadros do Estado, classificou-se em 1º lugar dentre 130 candidatos que prestaram concurso;- Seu trabalho denominado “Projeto de Prevenção em Saúde”, recentemente apresentado como culminância do curso MBA – Gerência em Saúde, recebeu a seguinte avaliação, constante na capa do volume: “10, com louvor. Trabalho excelente, complexo, muito bem desenvolvido. O tema é de muita relevância. Parabéns!” - Demonstra orgulho em dizer que “nasceu e se criou no Hospital Infantil”. Mas sua modéstia e reconhecimento o fizeram dizer: “notável foi meu pai (Jeolindo Martins), não eu. Ele brigou sempre pela saúde, até morrer”.

Para platéia formada por diretores, professores, alunos, funcionários do Da Vinci e convidados (grupo que participa de cada encontro por legítimo interesse), Dr. Ronaldo tratou das epidemias do passado, das soluções propostas e implementadas, dos resultados obtidos e das falhas incorridas.Como avanços na Medicina Preventiva, destacou a erradicação da varíola em todo o planeta e da poliomelite no Brasil; a eliminação do sarampo, no Brasil, nos últimos três anos. Tais soluções foram possíveis a partir das campanhas de vacinação e de um trabalho intenso de conscientização, por vezes incompreendido pela população e até mesmo por alguns cientistas céticos quanto aos métodos.Fechou essa parte da abordagem com breves explicações sobre o PNI – Programa Nacional de Imunizações, demonstrando como o engajamento individual é crucial para a conquista de soluções coletivas.


Além de assuntos ligados à sua área específica, o quarto notável que nos visita este ano discorreu sobre outras questões, a partir de perguntas dos espectadores. Eis alguns destaques: a atuação de ministros de Estado em áreas que não são suas especialidades (Palocci, com formação médica, atuando na área econômica); o crescimento da corrupção no contexto da política; a separação entre “política” e “políticos”, sendo que o Dr. Ronald considera que a política seja necessária para o funcionamento do país, fazendo parte da organização, da nossa democracia. Nesse momento, fez críticas àqueles que se alienam da política, deixando a cargo de terceiros decisões que afetam a vida de todos.Na última parte da palestra, alguns funcionários de apoio do Da Vinci valeram-se do contato com o especialista para fazer perguntas sobre alimentação; higienização; saúde preventiva, etc. Mesmo dizendo que, naquele momento, não estava ali para prestar consultoria médica, mostrou-se solícito e prestou bons esclarecimentos de modo geral, ampliando situações de interesse individual para fazê-las refletir na consciência coletiva dos presentes.

A seguir, algumas considerações do aluno Fernando Henrique Pereira da Silva, da 1ª série Integral-2 do Ensino Médio do Da Vinci, um dos poucos representantes do corpo discente no encontro em questão:

O encontro realizado no dia 17/09/03 com o Dr. Ronaldo Martins, que veio falar sobre sua vida profissional, foi proveitoso; ele contou sua história de vida desde a infância, quando freqüentava hospitais com seu pai e já achava a situação dos hospitais públicos um horror, pois alguns doentes, que na verdade eram tratados como indigentes, lhe causavam pena e surpresa, em alguns casos até nojo.

Depois de ser aprovado em um concurso público, começou a sentir algo diferente em relação aos hospitais e, ao contrário de outros profissionais, gosta de trabalhar no Hospital Infantil, que acredita está bem evoluído em relação ao passado. Em relação à Santa Casa de Misericórdia, diz que se transformou em um caos, principalmente sob a questão administrativa. Uma das frases mais marcantes de sua palestra, em meu ponto de vista, foi: “Os indigentes e excluídos não têm oportunidade de ser alguém na vida”. Essa idéia foi genialmente colocada, pois, se alguns excluídos tivessem oportunidade, poderiam se transformar em celebridades.

Em suas abordagens sobre saúde, o palestrante alegou que o país avançou muito em termos de saúde pública, pois a varíola, hoje extinta, já matou mais de 500 pessoas por dia. A situação já foi tão crítica que chegaram a ser criados cemitérios para pessoas mortas pela varíola. Enfatizou, também, a necessidade de cada um ter um conhecimento mínimo sobre as formas de transmissão de doenças, apresentando uma tabela básica:

Transmissíveis por contato: gripe, SARS, sarampo, caxumba, tuberculose, dentre outras;
Transmissíveis por vírus: gripe, catapora, caxumba, poliomielite, hepatite, dentre outras;
Transmissíveis por bactéria: tétano, dentre outras.
Hepatite: é um termo insuficiente, pois há variações. A hepatite C é a mais danosa, sendo também é uma DST facilmente transmissível.

O Dr. Ronaldo argumenta que quem olha a saúde apenas sob a perspectiva dos hospitais desenvolve uma visão errada, pois nem sempre precisamos de médico para ter saúde. Lembrou o caso das vacinas, que foram criadas em uma época revolucionária da medicina, mudando o enfoque do tratamento para a prevenção. Muitas pessoas têm o pensamento de que o símbolo da saúde seja um médico na porta do hospital, mas na verdade deveriam se preocupar com a alimentação, a higiene pessoal (coletiva e individual), dentre outros aspectos de prevenção. Nesse momento, o palestrante fez um comentário favorável à iniciativa do Da Vinci em cuidar da reeducação alimentar dos alunos.

Segundo o palestrante, a área mais positiva da medicina é a da cirurgia. Em relação à saúde coletiva, sente falta de um maior aprofundamento do tema nas faculdades. Em seu ponto de vista, o maior problema da medicina está no corporativismo. Se isso for quebrado, o sistema evoluirá e gerará melhorias para os cidadãos, em matéria de educação, saúde e outras prioridades.

Com essa palestra aprendi muito mais sobre cidadania e saúde. A escola deve continuar a oferecer esses momentos educativos, pois se revelam formadores para os interessados.

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A escola referenda a percepção do aluno e só sente que não haja maior presença de nossos profissionais, devido ao acúmulo de atribuições e à coincidência de horários em torno das vivências pedagógico-educativas realizadas pelo Da Vinci.

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