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Ausência de competição "rouba a cena"
29/06/2010 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub · Tags: Da Vinci, Festival de Teatro


O Festival de Teatro realizado com os segundos anos do Ensino Médio, sob a diligente coordenação da Professora Idelze Pinto e a dinâmica direção de José Luiz Gobbi, é um dos pilares da perspectiva cultural do Da Vinci, sendo indiscutíveis seus méritos. Figura como marco da cena cultural capixaba, com reconhecimento pela comunidade educativa e público externo.

Ao longo de seus vinte anos de trajetória, tal atividade vem se concentrando no segundo semestre, uma época que costuma ser tumultuada para todos e que, no caso da Escola, coincide com outras iniciativas de ampliação do currículo (projeto “Música Popular Brasileira”, “mostra técnico-científica”, “Empreendedorismo”, dentre outras frentes). Vale destacar também que o Festival de Teatro impacta o cotidiano dos alunos de forma incisiva, pois têm que administrar, em paralelo, sua vida acadêmica, os projetos de terceira nota, além das agendas de compromissos pessoais.

Uma outra questão que sempre inquietou muitos profissionais da Escola (e já foi alvo de muitos debates) consiste na competitividade entre as turmas e na premiação de personalismos (melhor ator/atriz ator/atriz revelação etc.), o que não se mostra condizente com a dimensão pedagógica.  Na verdade, o Festival de Teatro Da Vinci quer instigar à consciência de grupo, capacidade de superação e ao senso empreendedor dos alunos, bem como ao reconhecimento de potencialidades e limitações (próprias e dos outros).

Foi então que, mediante acordo com a coordenação do projeto, a Escola optou por implementar algumas modificações, trazendo o evento para o primeiro semestre, racionalizando a divulgação e eliminando a competição entre as turmas. A princípio, devido à natural atitude questionadora dessa faixa etária e ao espírito competitivo cultuado pela sociedade, houve preocupação dos alunos envolvidos no sentido de “não dar conta do recado” no primeiro semestre e de se sentirem desestimulados, dada a falta de concorrência entre as produções.
 
Uma leitura panorâmica do processo demonstra, todavia, o acerto da intervenção feita e a importância de viabilizar mudanças que visem a dar maior significação às vivências pedagógicas, sob as perspectivas ética, formadora e construtiva.

A campanha de divulgação das peças, em 2010, manteve seu perfil de impregnar o cotidiano da Escola de curiosidades acerca das pistas deixadas pelos grupos quanto a enredos, enfoques, intertextos e leituras de contexto. Já a divulgação presencial mostrou-se mais racional com a adoção de um novo formato, por ficar concentrada em único momento (nos horários dos recreios das vésperas das apresentações), com performance próxima do “teatro de rua”. Como os alunos foram poupados das apresentações sucessivas de outros anos, fizeram uma melhor investida nessa frente, valorizando a oportunidade única de prenunciar seu trabalho, além do que foi dado ao público o livre-arbítrio de assistir ou não às divulgações.

    
                  2a série A                                                             2a série I-1



            
                  2a série B                                                             2a série I-2

Quanto aos espetáculos em si, a diversidade de sempre ficou assegurada com a releitura de clássicos e contemporâneos da literatura (“A cena muda” x “O grande circo místico”; “Desafortunados” x “Desventuras em série”) e com criações próprias, como ocorreu em “Jogo da Vida” e “Copabacana”. As peças continuaram a trazer retratações e recriações da realidade; dramas humanos e sátiras de costumes; mosaicos de intertextos e referências. Os enredos, demarcados ora pela conexão de ideias ora pela dispersão de cenas e ritmo acelerado, dividiram reações e opiniões, como é típico em qualquer evento de natureza artística, contudo ninguém questionou a qualidade dos trabalhos e o empenho de cada grupo no sentido de dar o melhor de si e contribuir para o brilhantismo do todo.
 

Teatro 2a série A - "Jogo da Vida"

A eliminação da competitividade propiciou que cada peça ocupasse um lugar único, sendo celebrada por suas singularidades. Os alunos, por sua vez, percebendo o amadorismo sob a dimensão pedagógica, demonstraram maior serenidade para lidar com o palco e compreender suas aptidões e possibilidades de erros, de uma maneira mais leve.


Teatro 2a série B - "(Des)Afortunados"

Além disso, foi eliminada a dificuldade de julgar, sob os mesmos critérios, apresentações com estilos e temáticas bem diferenciadas, evitando fazer comparações pautadas pela subjetividade, as quais sempre geravam polêmicas no momento de divulgação de resultados, em pouco contribuindo para a riqueza do processo.

O envolvimento e a atuação dos alunos (apesar do discurso contrário de alguns) em nada deixou a desejar, na comparação com o contingente de peças que compõem o memorial do Festival de Teatro da Vinci.  As performances dos “atores” trouxeram os traços de sempre: presenças de cena e domínio da arte dramática; surpresas e revelações de talentos, com demonstração de perfis diferenciados em relação ao contexto da sala de aula; coadjuvantes importantes para a composição do todo. Os colaboradores dos bastidores (sonoplastia, iluminação, cenários, figurinos e maquiagem) também prestaram seu suporte ao bom andamento e ritmo das apresentações. 


Teatro 2a série I-1 - "A Cena Muda"

O teatro sem competição assegurou a manutenção do “bom e do belo”, quer pela atitude positiva de alunos e professores, quer pela reação do público, o qual continuou a prestigiar o evento com o mesmo entusiasmo de sempre. Lotações esgotadas em todas as apresentações; atores e espectadores imersos na arte cênica; repercussões e críticas por parte de um público antenado e participativo. Houve resgate da dimensão pedagógico-cultural do teatro na Escola, com maior administração de gastos, redução de expectativa em relação à performance das turmas, baixa do nível de exigência em relação ao cenário e figurino. Como na vida real, o julgamento esteve a cargo de cada espectador, de acordo com suas preferências e identificações.


Teatro 2a série I-2 - "Copabacana"

A credibilidade do trabalho permanece assegurada e, ao final, todos sentem-se comprometidos e vitoriosos, compondo uma grande força-tarefa, em que o maior legado consiste na fusão de linguagens e na valorização das inteligências múltiplas de nossos alunos.  Em suma, um saldo bastante positivo.

Assim, no festival de teatro revisitado do Da Vinci :
Em vez de competidores, participantes, protagonistas.
Em vez de destaques, potências, talentos e superações.
Em vez da classificação subjetiva, o direito ao público de fazer suas próprias escolhas.
Em vez de premiações e recompensas, legados e lembranças na memória coletiva.
Em vez do mérito de alguns, a vitória de todos.



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