04/11/2011 · por Lúcio Manga · Tags: Da Vinci, Expressão e Pensamento

Em tempos digitais, uma fuga para olhar análogico é sempre um achado com sensação retrô. E foi isso que movimentou Letícia Dadalto e Bruna Ignatowska a produzirem fotografias como forma de ver a cidade ao redor. E ver a cidade aos 16 anos, não há dúvidas, é uma aventura e tanto. Mais ainda quando esse olhar vem motivado pelo resultado da surpresa – sim, com as câmeras analógicas não é possível saber na mesma hora o resultado. É preciso revelar.
Letícia e Bruna romperam com o imediatismo que impera nesta geração digital. Foram em busca de algo antigo pela concepção e novo pelo desafio. O resultado, confesso, surpreendeu-me. Primeiro porque não havia relação “disciplina-escola-nota”, ou seja, a ideia partiu das mocinhas. A mim coube apenas admirar o trabalho e propor uma exposição. Segundo porque essa iniciativa representou mais um avanço no conceito de educação e de formação do indivíduo, projeto tão em evidencia neste centro educacional.
A exposição virtual que você passará a acompanhar nasceu do olhar de duas jovens instigadas a retratar o espaço urbano histórico de Vitória, capital do estado do Espírito Santo. Há, em uma mesma lente, dois olhares.

Professor Lúcio Manga!




“Sem a cultura, (...) a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva.”  Albert Camus

        Com o avanço dos meios de comunicação e da tecnologia, a real cultura foi substituída pela instantaneidade e desinteresse propiciados pelo mundo moderno. Hábitos como visitas a museus, idas a teatros, apreciação da literatura, do cinema e da música como arte foram aniquilados pela futilidade. Para ilustrar tal disparate, o abandono do centro de Vitória pode ser citado. Perversamente, o vazio intelectual entregou a Cidade Alta nas mãos dos vândalos e fechou os olhos da sociedade.
        O ensaio “Grisalhos“ não só denuncia a degradação do patrimônio histórico local, como também enaltece o encanto nostálgico favorecido pelo cenário. A opção do uso de câmeras analógicas e filmes preto e branco justificam-se pelo efeito visual, que propicia um ar vintage às fotografias. Por meio dessa arte, procuramos expressar o sentimento que o local transmite. Apesar da destruição eminente, o abandono funde-se com a beleza de modo paradoxal: contrastante e harmônico.
          A Catedral Metropolitana e a Escadaria São Diogo evidenciam a história incorporada no centro, enquanto o Theatro Carlos Gomes e o Sebo Café e Praça ressaltam a cultura que ainda resiste ao desinteresse capixaba. Negando esse descaso, os moradores de Vitória argumentam que o governo do Estado não incentiva os artistas e não disponibiliza o acesso à arte. Na verdade, a cidade não é aculturada, sua população é que não lhe atribui o devido valor e prefere cair na frivolidade da “cultura” de massa.

Por Bruna...

A iniciativa é ótima, as fotos ficaram muito boas e o texto introdutório de "Grisalhos" ficou excelente, provoca reflexões sobre os valores e realidade capixaba/mundo! Parabéns Bruna e Letícia =)

Excelente trabalho das alunas Bruna e Letícia. Estão de parabéns pela iniciativa e pelo conteúdo reflexivo e crítico do texto, intensificado pelas belíssimas fotos do centro de Viória.

"A fotografia, antes de tudo é um testemunho. Quando se aponta a câmara para algum objeto ou sujeito, constrói-se um significado, faz-se uma escolha, seleciona-se um tema e conta-se uma história, cabe a nós, espectadores, o imenso desafio de lê-las." (Ivan Lima)
Parabéns Bruna e Letícia pelo ótimo trabalho fotográfico, onde nos fez lê-las e refletir sobre o patrimônio histórico-cultural capixaba.

Parabéns pelo belíssimo trabalho e pela delicadeza desse olhar para nossa cidade, que esconde tesouros magníficos. Texto muito verdadeiro. Amei!

Parabéns, meninas. Belíssimo trabalho.

As fotos estão lindas! Sebastião Salgado que se cuide!