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Encontro: Lino de Macedo e Da Vinci!
25/05/2012 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub · Tags: Da Vinci


LINO DE MACEDO E DA VINCI : UM ENCONTRO MUITO ESPERADO

Como desdobramento do programa de formação de professores desenvolvido com todos os segmentos , cujo foco em 2012 está pautado na questão das habilidades e competências, tivemos o privilégio de receber entre nós, no último sábado (dia 19/05/2012), Lino de Macedo, um dos mais produtivos teóricos em torno do tema e em ação no país.

Um dos articuladores da fundamentação teórico-metodológica do Exame Nacional do Ensino Médio e defensor convicto dos jogos/brincadeiras e situações-problema como mote das reflexões sobre aprendizagem, Lino de Macedo apresentou ao vivo as crenças e aptidões que revela em sua escrita: gosto pela etimologia e propensão aos arranjos verbais que estimulam o pensamento; domínio de diferentes áreas do conhecimento; formulação e abstração como resultantes da experiência.

Embora se autointitule sem especialização em didática, ministrou uma verdadeira aula de didatismo, enriquecida com legados de psicologia da aprendizagem e desenvolvimento moral, estas sim reconhecidas por ele como bases de sua formação.

Estudioso da teoria de Piaget e observador atento da aprendizagem pelo empirismo, Lino de Macedo trouxe uma instigante reflexão sobre a era do conhecimento e da tecnologia, em que a diversidade de opções que se coloca para os alunos/professores torna-os hiperativos, deprimidos, consumistas e reféns do sistema, muitas vezes sem rumo e sem prumo, desaprendendo de fazer escolhas.



Para ele (tomara que para nós, também), a pedagogia da transmissão enciclopédica não pode continuar a ter lugar numa sociedade aberta (até permissiva) à experiência e à reinvenção, marcada pela amplitude das possibilidades e interações que aliam o real/virtual e que, ao mesmo tempo que abrem portas, podem escravizar mentes e relativizar valores.

Como sobrevivente em meio à fragilidade das instituições e espaço privilegiado do pensamento e reflexão, a Escola, para Lino de Macedo, vem sofrendo uma sobrecarga de funções/exigências, surgindo como última alternativa política, econômica e social de formação de homens. Nesse sentido, o Construtivismo, tão alvo de críticas por aqueles que não o conhecem mais detidamente, apresenta fartas contribuições a dar.

Com sua perspectiva voltada para “aquele que não conhece” e o desenvolvimento da autonomia (pela pertencência e autogestão, e não pela independência/ausência de método), o Construtivismo incentiva as escolas a praticarem o choque da experiência e a fuga da verbalização, colocando o aprender a aprender e a figura do aprendente em primeiro plano. As contribuições da Matemática e da Física, como ciências do pensamento e do empirismo, alcançam também as disciplinas do espírito, tirando-as da subjetividade que acaba desembocando na ideologia limitante.

Lino foi sagaz ao substituir a aula magna das conferências pela aula prática das aproximações, instigando-nos a prover, considerar, observar, ler e estar sensíveis para os dilemas da aprendizagem que o “ensino formatado” mascara. A experiência do engatinhar e os jogos virtuais propostos aos professores alertaram para a necessidade de antecipação e pré-correção do erro (grande contribuição de Piaget), em lugar do jogar irrefletido, inconsequente. Durante os ensaios e erros que os professores voluntários sentiram de perto, as aptidões individuais, valorizadas no ensino tradicional, foram substituídas pelo compartilhar de pensamentos e ações no coletivo, o que gerou resultados mais produtivos.



Quem esperava um desfilar de especializações lidou com o sociointeracionismo ao vivo e com uma abordagem mais pautada no diálogo e nas trocas do que na autoridade do saber. A metáfora do jogo serviu para pensarmos conjuntamente sobre a necessidade de evoluirmos da educação pela brincadeira (sinônimo de irresponsabilidade e ausência de regras/limites) para a educação pelo jogo, que pressupõe interações, repertório, raciocínio lógico, resolução de problemas e sujeição a regras, compartilhamento e o brincar responsável.

Ouvindo Lino, revisitamos que o quaterno (palavra rara por ele revisitada) “professor/aluno/ensino/aprendizagem”, impregnado da alternância de papéis e divisão de atribuições, é um campo de relações indissociáveis. A perspectiva do aprender pela experiência tira os sujeitos da Escola de uma zona de segurança (a permanência dos “estádios”) e assenta-os num não-lugar (as impermanências e gradações dos “estágios”), em que o sociointeracionismo e a observação dos processos mentais da aprendizagem dominam a cena. Se não fomos formados academicamente para tanto, nossos estudos de grupo, observações cotidianas, abertura para as experimentações e reelaborações podem ser aliados nessa mudança de enfoque.

Tendo vivido de perto, sob a batuta de Lino de Macedo, a perspectiva dos aprendentes e a dificuldade de traduzir experiências pela força sintética e emblemática da linguagem, os educadores reunidos (de todos os segmentos) sensibilizaram-se para o desafio maior da educação contemporânea, que não está em avaliar a aprendizagem, mas sim em reconduzi-la. Esta é a principal função da busca de um currículo nacional e da aplicação de avaliações externas, às vezes enxergadas por nós, numa atitude resistente e não resiliente, apenas como métodos de aferição.



A acuidade do convidado teve como ponto alto uma comparação entre momentos educativos da vida cotidiana, para compreender diferenças, em vez de emitir juízos de valor. A significação de algumas experiências pontuais para alimentar o espírito, como produtos de longa validade - a exemplo da missa (aspecto religioso), da terapia (aspecto psicológico) ou dos contatos semanais de filhos com pais em separado (aspecto afetivo) - não produz o mesmo efeito quando transposta para a educação. Na escola, há uma tensão permanente entre ensinar e aprender e  retroalimentação de processos mentais e socioculturais, pois quem não conhece como aprende em processo não se reconhece como estudioso permanente ou como potencial pesquisador.

Estar com Lino de Macedo foi uma oportunidade de perceber que a autonomia como princípio didático, o método da cooperação e a competência relacional, termos basilares em sua fundamentação teórica, podem transformar-se em experiências empíricas e em situações-problema do nosso cotidiano. 

A referência feita por ele ao título de um projeto de iniciação científica levada a efeito pela escola francesa (“La main a La patê" – em tradução simples, “mão na massa”) não se deu ao acaso. É preciso que nossa formação em serviço também se ocupe dessa perspectiva. Se Lino não nos trouxe respostas precisas (como tendemos a esperar), deixou muitas perguntas no ar e o convite para que a nossa formação em serviço tenha como principal cenário a sala de aula e a didática da experienciação.





MARIA AUXILIADORA VIEIRA CABRAL ABREU SODRÉ · 25/05/2012 11h24
Ouvir o professor Lino de Macedo foi extremamente enriquecedor para mim. Ele é daquelas pessoas que consegue nos tirar da área de conforto e provocar a reflexão de uma maneira tão generosa, tão interativa que só citando Fernando Pessoa para definir: "tudo vale a pena quando a alma não é pequena."
Obrigada, DaVinci!

MARIA AUXILIADORA DE FREITAS · 27/05/2012 18h24
"Viver é modificar a aprendizagem." Que bom ter a oportunidade de viver para aprender. É isso, Lino.



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