No Da Vinci, temos observado, a cada ano, um contingente de alunos mais velhos – do Fundamental II ao Ensino Médio – interessados em participar da festa junina oportunizada pela escola, bem como de sua configuração.
Fazendo uma leitura de contexto em relação ao tema, um misto de sensações nos acomete (alegria/tristeza; satisfação/preocupação) ao percebermos que esses educandos são movidos por diferentes concepções:
Pontos Favoráveis
* A oportunidade de acesso a um momento de participação social sem bebida ou outros interesses paralelos, diferentemente do que ocorre em algumas situações extra-escolares.
* Eventos e festejos escolares ainda atraem os alunos, oportunizando vivências e momentos de satisfação e trocas.
Pontos Desfavoráveis
* O desejo de participação em um momento social oferecido pela escola, independentemente da forma que assuma e do público-alvo a que se destine.
* A falta de outras opções de lazer/cultura pode estar gerando um interesse intenso por atividades escolares em que os alunos às vezes vivenciam apenas repetição do já conhecido.
As observações e análises em torno do cotidiano escolar, para os que se municiam do espírito crítico/colaborador, são sempre produtivas. É visível que encontros de gerações enriquecem a todos, entretanto há diversificação de interesses para o lazer e o convívio, na medida em que se progride na faixa etária. Quanto aos eventos escolares, o tempo ideal mais saudável para os menores é durante o dia; para os pré-adolescentes, fim de tarde e princípio de noite; para os adolescentes, a noite.
Como no Da Vinci é estabelecido que atividades de qualquer natureza devem contar com o acompanhamento de profissionais da educação da instituição, bem como que o espaço físico a ser utilizado é comum a todos os segmentos, impossível se faz (pela lei da impenetrabilidade) a conjugação de três eventos de porte em um mesmo dia.
A partir do acolhimento de críticas advindas da comunidade escolar acerca da atribulação do espaço físico para sediar festas juninas envolvendo todos os segmentos, considerando a presença maciça de familiares dos menores, e da intensificação das funções/atribuições pedagógicas dos professores na preparação dos alunos para as apresentações folclóricas (as festas juninas, no Da Vinci, têm um componente cultural/temático agregado), optamos, em 2003, por dividir os alunos em dois grupos:
1º - do Infantil à 7ª série – Festa Junina
2º - da 8ª série ao Ensino Médio – Festa Temática
A princípio, os mais velhos (segmento do Ensino Médio) mostraram-se inconformados; assim como os novos mais próximos da linha divisória (7ª e 8ª série). A escola “segurou a barra” e trabalhou as resistências, porque havia tomado sua decisão de modo fundamentado, valendo-se das seguintes realidades (1) e projeções (2):
(1) Festas Juninas, para o Infantil e Fundamental I, representam o ponto culminante de um trabalho pedagógico da equipe de Educação Física que privilegia a dança como componente curricular e atitudinal. Essa iniciativa, por sua relevância na formação do ser, merece um olhar mais cuidado por parte da escola para fins de integração com a comunidade educativa;
(1) O espaço escolar deve ser ideal para os alunos a que atende. Nas festas juninas do Infantil ao Ensino Fundamental I, o número de pais e parentes interessados em apreciar as danças dificulta a conciliação das atividades desses segmentos com outros, devido ao risco de não atendimento ideal a todos pela exigüidade de espaço;
(1) Eventos escolares realizados no espaço do Da Vinci possibilitam a integração de família/escola, de acordo com a filosofia da instituição – fora desse espaço, os eventos se limitariam à dimensão social, o que não constitui objetivo da escola;
(2) Há intenção de integrar coreografias de danças típicas ao currículo de Educação Física para alunos do Ensino Fundamental II e Médio. Nesse caso, a concentração das apresentações seria realizada em dia diferente do reservado para os segmentos do Infantil e Ensino Fundamental I;
(2) A escola começará a oportunizar, para os alunos de Ensino Fundamental II e Médio, festas temáticas, a serem concentradas em dias diferentes. A experiência pioneira será realizada no próximo dia 11 de agosto, em comemoração ao Dia do Estudante.
É preciso que a comunidade educativa acolha as iniciativas da escola no sentido de realizar festas juninas e temáticas para os alunos, em moldes diferenciados dos estilos padronizados oferecidos pelo mercado. Sabemos que a configuração adotada em 2003 (dois eventos em separado) ainda não é o ideal, embora represente avanços em relação às propostas de anos anteriores e tenha gerado mais comentários favoráveis do que negativos, devido ao uso mais racional do espaço físico.
Em 2004, com o olhar já mais ampliado pelo observado e constatado com as novas experiências, pretendemos propiciar outras propostas de festas com dança folclórica ou temas culturais para os alunos. Não perder a tradição e ritos, fazendo-os contemporâneos e apreciados, é fundamental para uma comunidade que acredita nesses valores, a ponto de escolher uma escola com currículo de perspectiva cultural. Como sobrepor esse referencial aos interesses individuais é desafio posto para todos nós.