Numa época em que as escolas procuram valorizar o caráter interdisciplinar, apropriando-se do paradigma da pós-modernidade, é de suma importância relembrar um pouco a vida e a obra de nosso patrono, o gênio Leonardo da Vinci: homem de muitos talentos e saberes, um verdadeiro polímata-artista, contador de anedotas, músico, cientista, matemático e engenheiro. Se fosse nosso contemporâneo, seria chamado de talento multimídia, devido às suas múltiplas facetas; mas com certeza, nesta ou em qualquer época, devem ser ressaltadas duas de suas tantas qualidades: a insaciável curiosidade e sede de aprendizagem, além de interesse por diferentes especialidades e campos do conhecimento. Como precursor de um currículo ampliado, foi Da Vinci quem nos serviu de inspiração para pautar nossa atuação na perspectiva cultural e na busca da formação ampliada, pautada na oferta das diversidades.
Desde a fundação, o Da Vinci pontua sua vocação de escola contemporânea e pluridimensional, buscando formar um homem apto a conviver local e mundialmente, bem assim a se sentir parte integrante (e interferente) em uma sociedade multicultural. Da utopia de inspirar o surgimento de um homem pleno, redirecionamos nosso olhar para a edificação de sujeitos que saibam vivenciar com serenidade os tantos aprenderes – o aprender a conhecer, a fazer, a conviver, a ser e, o que talvez seja síntese de todos os outros, o aprender a aprender. Assim, educadores e agentes educativos, alunos e famílias são convidados para se integrar a uma comunidade escolar que prioriza a reflexão, produção e criatividade, em lugar da mera repetição de modelos. Era um projeto ousado no contexto da inauguração; não o deixa de ser nos dias atuais, com todas as transições e inquietudes que marcam a sociedade, em sua evolução histórica.
Nosso universo de atuação jamais se limitou à rigidez da grade curricular tradicional: incorporamos gradativamente outros saberes, fazeres e crenças, a ponto de fazer dessa flexibilização uma marca institucional; articulamos de forma incisiva os conteúdos conceituais aos procedimentais e atitudinais. Com isso, desembocamos numa escola cultural – que concilia, de modo sistêmico, as dimensões curricular e extracurricular, a pedagogia de saberes e a de valores, o despertar de virtualidades e o afloramento de manifestações variadas de inteligência.
Não privilegiamos a atmosfera científica detentora da verdade e sim a movida à luz do pensamento crítico. A ciência e a tecnologia são agregadas ao nosso fazer pedagógico, mas de forma dialética com as ciências sociais e humanas. O sentido maior de nosso trabalho é a cultura e a transposição do domínio da instrução para o da educação. Propiciamos aos nossos alunos liberdade e prazer na construção e assimilação do conhecimento, em vez de submetê-los a um estoque de saberes limitantes e provisórios perante a sociedade da informação, inserindo-os na era do conhecimento e da dialogia entre o currículo tradicional e o de perspectiva cultural, agregando as contribuições do primeiro e as inovações trazidas pelo segundo.
Em termos de missão educativa, assim podem ser sintetizados os objetivos amplos de nossa escola de perspectiva cultural:
- estabelecer relações entre cultura escolarizada e dinâmicas sociais, atribuindo intencionalidade a todo trabalho desenvolvido na Escola e promovendo interações com o meio;
- promover a dimensão política na formação dos educandos, conscientizando-os para as questões de respeito aos direitos humanos, responsabilidade social, compromisso ambiental, espírito crítico e visão solidária, todas fundamentais para o exercício da cidadania;
- vincular o trabalho educativo às dimensões da ética e da cidadania, criando demandas de inclusão em trabalhos de cunho social e filantrópico, além de contatos com entidades do terceiro setor (fundações, associações, centros de pesquisa, instituições de defesa de interesses comunitários) que favoreçam essa perspectiva;
- reconhecer as diferenças trazidas pelo multiculturalismo e também propiciar condições para que os alunos apropriem-se das raízes e manifestações culturais locais;
- propiciar a educação estética e a aproximação com diferentes códigos de linguagem, bem como instigar à expressão e formação cultural dos alunos, de acordo com suas inclinações e interesses;
- desenvolver o conhecimento aplicado e a experimentação, propiciando integração entre as disciplinas como favorecedoras do desenvolvimento das múltiplas inteligências;
- inserir alunos e professores num contexto de formação continuada, participando da cultura como beneficiários de programas que alavancam o desenvolvimento profissional, intelectual e cultural;
- assegurar o diálogo entre o conteúdo acadêmico e as questões do trabalho e da economia, favorecendo a emergência da vocação dos alunos e sua aproximação com profisissionais, entidades e comunidades que possam lhe acrescentar experiências, contatos e contribuir para a ampliação do conhecimento em diferentes campos;
- introduzir e aperfeiçoar o trânsito pela tecnologia, inserindo-a como aliada do processo de construção do conhecimento e não como um fim em sim mesma; e conscientizando os indivíduos para a necessidade de humanizar o mundo frente à evolução científica e tecnológica;
Tais perspectivas inserem o Centro Educacional Leonardo da Vinci numa posição contemporânea (senão de vanguarda) tanto em relação às orientações macrossistêmicas e tendências universais em educação quanto no tocante às diretrizes nacionais no sentido de considerar conhecimento, cientificidade, culturalização e trabalho como eixos norteadores da formação acadêmica, agregando ainda a percepção do entorno como cenário educativo e como celeiro de oportunidades.