Retomada da campanha “Cuidado com os bens materiais”, no Ensino Fundamental I
Nossos filhos/alunos, em sua maioria, são assessorados (quando não “maternizados”) intensivamente por adultos: pais, professores, motoristas, secretárias. Esse acompanhamento mostra-se positivo ao propiciar que o cotidiano deles transcorra de forma organizada, livre de atropelos. Em contrapartida, tira-lhes oportunidades de potencialização de valores tais como autonomia, diálogo, participação social, dentre outros.
Ao retirarmos dos seres em formação a oportunidade de aprender a se organizar para sua rotina diária e responder por suas atitudes, negamos-lhes a chance de internalizar virtudes. Tarefas de casa não feitas; faltas às aulas por motivos irrelevantes; impontualidade em relação ao horário escolar; desorganização dos materiais de trabalho; descuido quanto aos próprios pertences; dificuldade de manter relações interpessoais saudáveis – todo esse conjunto de variáveis cria uma ausência de posturas que mais tarde impactará a consciência cidadã e o cumprimento de deveres em sociedade.
Chama atenção, no contexto escolar, o desleixo de muitas crianças com seus pertences. Livros, mochilas, joias e bijouterias, óculos de grau, uniformes, aparelhos dentários, relógios e até aparelhos eletrônicos (com uso proibido na Escola) são deixados em qualquer local e recolhidos por nossos funcionários para compor o “acervo de achados e perdidos”. Quando expostos, muitos permanecem como perdidos porque sequer são procurados: nem por alunos, nem por seus responsáveis.
Por outro lado, a “moda” de respeito à individualidade das crianças, permitindo que fiquem a sós em seus quartos para que não tenham a privacidade invadida, parece imperar nas famílias modernas. Com isso, bons hábitos como estender a toalha de banho (em vez de deixá-la jogada sobre a cama) ou destinar a roupa suja para a área de serviço vêm perdendo força. Deixa-se sempre a cargo do outro a arrumação dos espaços ocupados pelos alunos/filhos. Não é de se esperar que, procedendo assim em casa, procedam de maneira diferenciada na Escola.
Pertences esquecidos na escola em anos anteriores
Óculos deixados na escola
Pulseiras, colares, brincos, anéis...
Obs: Como o Da Vinci já disponibilizou esse material durante anos e não teve procura, a própria escola estará dando fim aos mesmos.
Também é preocupante o impacto, sobre a vida escolar, da falta de cuidado que um número significativo de crianças adotam em relação aos seus pares, inclusive fora dos muros da Escola. Em conversas eletrônicas (ou encontros sociais como festas de aniversário), judiam-se, maltratam-se, unem-se “em grupo” para atacar “um só”, o qual, após se sentir ressentido a princípio, num momento seguinte adota a mesma postura em relação a um terceiro. Há uma banalização das relações que traz para a sala de aula situações de desconforto.
Em meio a todos esses fatores, a rotina de repetição adotada no Da Vinci, visando às aprendizagens de hábitos e posturas, torna-se fundamental para o resgate de valores éticos e morais. É nesse contexto que se insere a “campanha de cuidado com os bens materiais”, destinada a alunos do Fundamental I, bem como as constantes reflexões em sala de aula quanto às interferências de questões externas sobre a convivência escolar.
Em nossa crença, incutir pequenas ações nos alunos/filhos (em contexto escolar, familiar e comunitário) pode repercutir grandemente na convivência entre semelhantes e na relação com o entorno, preparando-os para o exercício da cidadania e o enfrentamento das responsabilidades diárias, em diferentes faixas etárias. O apoio das famílias torna-se fundamental para que o trabalho desenvolvido na Escola encontre repercussão e alcance maior significado.
Tudo isso equivale a um “trabalho de formiga” (como se diz na linguagem popular), pois tende a produzir resultados tardios. De qualquer forma, se a longo prazo nossas intenções e desejos forem compreendidos e o confronto entre gerações reconhecido em sua grandeza – por tirar os envolvidos das zonas de conforto -, resultando em atitudes positivas de organização, respeito, autonomia, solidariedade, terá valido a pena.