MUDANÇA CURRICULAR – EM 2011, 1
as SÉRIES DO ENSINO
MÉDIO NO DA VINCI SOMENTE EM REGIME INTEGRAL
(Maria Helena Salviato Biasutti Pignaton)
Em 1990, o Centro Educacional Leonardo da Vinci implantou,
no Espírito Santo, o regime integral em educação, o qual ainda era incipiente
no Brasil e no mundo (especialmente nestes moldes implantados do Da Vinci). Em
paralelo, até para atender as demandas do mercado que se pretendia atingir,
manteve o regime semi-integral (um turno letivo) para todas as séries escolares,
exceto para o então 3o Ano do 2o Grau.
A Escola assumiu tal desafio porque entende que cabe a cada
instituição de ensino refletir sobre as necessidades contextualizadas que
recomendam as configurações/alterações no currículo, exercendo autonomia de reflexão
e ação. No caso do Da Vinci, nossa crença na formação integral de seres e na
escola como espaço da escolarização/culturalização recomendava, desde a
concepção de nosso projeto, que atuássemos em turno integral, pelas
possibilidades de exercer, perante nossos alunos, missão educativa que vai
muito além da transmissão de conteúdos.
Por ocasião da fundação (o que perdurou nos primeiros cinco
anos de funcionamento), mantínhamos, para cada série, uma classe em
semi-integral no turno matutino, uma em vespertino e uma no Integral, neste
caso com número reduzido de alunos. No caso específico da 3ª série do Ensino
Médio, tendo como foco a preparação para o vestibular em diferentes
instituições de ensino superior, sempre atuamos exclusivamente no Integral.
A partir do investimento em formação continuada dos
professores, flexibilização do currículo, proposição de iniciativas culturais e
incorporação de estratégias para potencializar os hábitos de estudo e pesquisa
nos estudantes, nosso Integral transitou da inovação à manutenção, servindo de
referência para outras escolas que vinham compartilhar nossas práticas e
acompanhar de perto o êxito alcançado com essa proposta de ensino, hoje
abraçada por tantas instituições, inclusive na esfera pública.
Ao longo do tempo, muitas famílias de alunos do
Semi-Integral, até pelo olhar observador, vêm captando os diferenciais do
Integral, os quais se encontram sobejamente demonstrados na Seção “A Escola”,
subseção “o Horário Integral” do site. Isso resultou numa disseminação de
preferências na comunidade por esse estilo de educação. Assim, o turno integral
no Da Vinci, , foi ganhando adeptos gradualmente – tanto que atualmente o
número de estudantes no Integral é bastante superior ao de alunos do Semi.
Considerando necessidades de formação fundamentadas nas
futuras perspectivas do mundo do trabalho e nas exigências do mundo
contemporâneo em suas relações com o conhecimento, temos observado que o tempo
para estudo/aprendizagem do indivíduo (para conteúdos que não só os
propedêuticos e de currículo básico das instituições escolares) sujeita-se a
ampliações a cada ano. Isto porque, aos muitos dos conteúdos complementares que
não faziam parte de exames para ensino superior ou acesso ao mercado de
trabalho (Artes sob diferentes enfoques, Filosofia e Sociologia,
Empreendedorismo, Música), vieram se somando outras necessidades de formação:
as relações inter e intrapessoais; a educação alimentar; o desenvolvimento/avanço
tecnológico, a preservação ambiental e cultural; o envolvimento sociabilizador
como condição de conforto e segurança pessoal; a utilização (não uso) de
recursos de quaisquer ordem, o pensamento local para atuação global; tudo
integrando e definindo necessidades de seleção em diversos âmbitos.
Não em vão, o Leonardo da Vinci, como escola atenta e
interferente em relação ao contexto, vem oferecendo “dia de dobra” para todas
as séries do Semi Integral, o que não se tem mostrado suficiente para contemplar
essas tantas demandas. Mesmo no Integral, verificamos que os alunos necessitam
de ampliar seus tempos de estudo e produção autônomos para além dos muros da
escola, terminando com uma “cultura” erroneamente disseminada outrora, quando
alguns acreditavam que os alunos do Integral passavam horas na escola “fazendo
tarefas de casa” e não tinham nada para estudar fora do horário letivo.
Sob essa linha de pensamento, e sempre contando com a
leitura participativa feita pelos pais/sociedade no tocante à consideração de
nossa proposta educativa em âmbito interno e em relação ao entorno, o Da Vinci
vem compondo com sua comunidade no sentido de responder de forma positiva e
pontual às expectativas nele depositadas e às exigências do mercado, inclusive
no atual momento político e estratégico em que se insere a educação. Não
resta dúvida, pois, que o tempo sociohistórico em que nos situamos recomenda um
modelo ensino/aprendizagem pautado na ampliação do tempo escolar e na
oportunização de atividades extracurriculares de modo sistemático.
A instituição escolar, com função/dever de inserir os
indivíduos no “aqui e agora” (tempo de escola) e também no “futuro’ (ingresso
no mundo do trabalho, realizações pessoais e projetos de vida), assim como
ocorre com outras instituições, enfrenta o desafio do prever e do prover.
Considerando como positivas as inserções/parâmetros
estabelecidos pelo Governo Federal no tocante ao ENEM (com ressalvas para as
falhas em procedimentos e tempos de execução) e à obrigatoriedade de novas disciplinas
no currículo, e reafirmando as tantas competências atualmente incorporadas pelo
currículo básico/ampliado, a partir de 2011, o Ensino Médio (a partir do
primeiro ano) funcionará apenas em HORÁRIO INTEGRAL, a modelo do que ocorre
desde a fundação do Da Vinci com as turmas das 3as séries do EM. Havendo
comunicado o fato tempestivamente, acreditamos que as famílias de alunos do
Semi terão condições de se estruturar e organizar para adaptação à nova
composição de nosso currículo, bem como que os potenciais interessados em
ingressar nos nossos quadros já o farão com conhecimento de causa e compreensão
de nossa intencionalidade educativa.
É mais uma decisão que comprova a proatividade
inerente à marca institucional do Leonardo da Vinci, defendendo sua concepção
de que construir um currículo contextualizado, no tempo/espaço, depende da
crença institucional que gera a necessidade de determinados
conteúdos/metodologias e vontade/coragem para viabilizá-los.