As Viagens Acadêmicas Internacionais devem ser consideradas sob uma ótica diferenciada das demais em suas estruturas organizacionais, bem como em ampliação pedagógico-educativa-sociocultural. Propiciadas a um número reduzido de alunos (que cursam desde o 7º ano do Ensino Fundamental até o 2º ano do Ensino Médio), têm prazo de duração sempre superior a doze dias, considerando que assumem maior representatividade em relação às nacionais no tocante a distâncias percorridas, espaços visitados e conteúdos de perspectiva cultural a serem experimentados em campo. Tendo como eixo conhecimentos muito além dos escolares trabalhados no cotidiano; riqueza de informações culturais tratadas em cada evento (em roteiros que não se repetem há um período de cinco anos); o tempo utilizado na preparação prévia (incluindo aulas para estabelecimento de relações entre conteúdos de sala de aula e potencialidades dos locais e momentos culturais contemplados, bem como para constatação de semelhanças e diferenças entre culturas), essa atividade pode ser considerada uma "nova" disciplina curricular interdisciplinar.
Previamente às viagens, em horários extracurriculares, são realizados estudos histórico-artísticos, geográfico-sociológicos e comportamentais. Pela amplitude de possibilidades de aprendizagem, complementa-se a formação integral e realização pessoal dos nossos educandos, o que é compatível com o aspecto pluridimensional de uma escola com perspectiva cultural.
Os conhecimentos e aprendizagens adquiridos nesse contexto congregam a história de formação de diferentes países visitados e as mudanças político-culturais implementadas nas comunidades locais; movimentos artísticos em diferentes cenários e em tempos alternados; as transformações no meio promovidas pela ação natural e mão humana ; a observância de aspectos teóricos e ideológicos pela apreciação intensa do modo de vida nos diferentes pontos do roteiro; as diferenças de estilo de vida em centros urbanos e pequenas vilas para observar as diferenças entre o que é cosmopolita e local, mas também para usufruir a preservação do patrimônio e a valorização da cultura que trazem em comum.
Como um número representativo de alunos já esteve em vinte e três países diferentes (às vezes voltando ao mesmo país mas com roteiros diversos), mais de 300 cidades/locais, desde que tal disciplina opcional passou a ser oferecida pelo Da Vinci, o repertório cultural por eles trazidos reflete sobre o cotidiano da Escola, em sala de aula e em projetos paralelos.
A título de recorte de experiências vividas, lembramos que visitar Vincent Van Gogh, no Museu d`Orsay (em Paris) e o quarto em que viveu e pintou em Havres; assim como Leonardo da Vinci na Galleria degli Uffizzi (em Florença) ou no Convento Dominicano e a famosa Chiesa di Santa Maria delle Grazie (em Milão), onde se encontra a Santa Ceia, oportunizam variadas interpretações sobre a vida e a obra dos artistas e o estar-no-mundo dos produtores e apreciadores estéticos, além de diferentes leituras das criações, uma questão que alia conhecimento e sensibilidade: o princíio vinciano do SFUMATO.
Na etapa da viagem propriamente dita, ocorrem visitas a sítios históricos naturais: os criados pelo homem e os mitificados por personagens históricos, tudo acontecendo sequencialmente, considerando a riqueza trazida pelo tempo da culturalização de um povo. Das nascentes do Reno ao Palácio do Rei Louco; da Igreja de Dante à do Sangue Derramado; da escola onde estudou o protagonista de Harry Potter ao castelo medieval onde alguns dos filmes da série foram filmados; do leste-europeu aos países nórdicos - tudo contribui para que a realidade se confunda com a ficção, ou para que a história se torne palatável. No universo da riqueza que o velho mundo oferece para que possamos compreender e avançar no novo, tudo parece inicialmente ficção (conto de fadas). Ocorre que o tempo e a observação têm-nos mostrado que o entusiasmo dos mais novos e dos iniciantes avança para a reflexão dos “marinheiros de segunda viagem”, constituindo aprendizagem diferenciada por contatos sucessivos.
A etapa de pós-viagem (o que para os conteúdos escolares é chamado de sistematização) considera, no caso das viagens acadêmicas, as diferentes idades dos participantes e seus tempos e ritmos de construção. Cada aluno, na possibilidade de sua faixa etária, produz o Diário de Bordo em que faz registro de suas aprendizagens e percepções, além de resolver prova com consulta, objetivando rememorar individualmente os conteúdos e conhecimentos adquiridos, na forma em que cada idade e atitudes para o aprender possibilitem. A Escola organiza também, após o retorno, um jantar temático para resgate e avaliação das experiências vivenciadas e partilha de aprendizagens, sensações e percepções, tudo concebido para assegurar a manutenção do envolvimento entre todos os inseridos no processo, com impactos para a auto/hetero formação dos que lidam com a educação como filosofia de vida.
Por se tratar de uma atividade extracurricular, organizada por educadores (não professores regentes de sala de aula), exige de todos – idealizadores, acompanhantes e alunos – uma postura de curiosidade, estudos constantes e demonstração de envolvimento. Assim, ao final de cada viagem internacional, ninguém estará como antes; ninguém será mais o mesmo. A intencionalidade cultural e relacional do projeto adentra de tal forma nos viajantes que, ao conviverem cotidianamente em uma realidade escolar de natureza cultural, transformam-se senão em atuantes da diversidade, em leitores apreciadores e críticos da realidade.
Como mencionado, o número de países e locais visitados só aumenta e os alunos tem aproveitado as oportunidades de participar das Viagens várias vezes aos longo dos anos. Assim, os roteiros são renovados anualmente, já tendo passado por Itália, Suíça, Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, Escócia, Noruega, Rússia, República Checa, Eslováquia, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Áustria, Hungria, Irlanda, Irlanda do Norte, Islândia, País de Gales, Liechtenstein, Principado de Mônaco, etc.