Trata-se
da primeira viagem acadêmica propiciada pela Escola, destinada a alunos
dos quartos anos do Ensino Fundamental. É um desafio para
professores/alunos e famílias, visto que as crianças dessa faixa etária
revelam dificuldades emocionais para lidar com a distância física e a
saudade que sentem dos pais. Ainda assim, surpreendem a todos e revelam
capacidade de superação, além de bom envolvimento com as atividades
acadêmicas e culturais propostas durante a viagem.
Como os focos
de estudos dessas séries contemplam a água e a formação do povo
capixaba, a VIAGEM ACADÊMICA ÀS TRÊS SANTAS constitui uma oportunidade
de enriquecimento dos alunos pelas relações entre o “lido/estudado” em
sala de aula e o “visto/presenciado”. Durante o percurso, retornam à
discussão diversos aspectos já estudados sobre relevo, clima, imigração,
etnia, cuidados com o meio-ambiente, represamento, assoreamento e uso
racional da água. Com isso, os alunos sentem-se recompensados por deter
conhecimentos prévios e também por ampliar seu repertório, a partir do
contato com o real.
A literatura também integra a dimensão
curricular dessa viagem. Os alunos estudam previamente releituras
literárias criadas por alunos do Ensino Médio da Escola com base no
clássico Canaã, de Graça Aranha (“A lenda do arco-íris” e “Canaã”) e
durante a viagem fazem interpretação de cenas e círculos de
leitura/discussão. Como o tema de tais obras é a imigração na região
visitada, esse contato auxilia os alunos-viajantes a compreender as
diferenças de enfoque da imigração: os que chegam para dominar/impor e
os que vêm para integrar/desenvolver; os que adotam a nova terra como
seu lar e os que nunca se desvinculam dos locais de origem.
A
região das Três Santas Capixabas é representativa da diversidade de
etnias na formação do povo capixaba e também privilegiada quanto a
recursos naturais e potencial turístico. Assim, os alunos conhecem
monumentos tombados pelo patrimônio histórico, igrejas e cemitérios
(tudo considerado para observação arquitetônica e fonte histórica);
visitam empresas que trabalham com frutas e hortifrutigranjeiros, quando
o acesso a externos está liberado; mantêm contato com famílias de
pomeranos, participando de sua realidade familiar e social; usufruem
patrimônios naturais (como a Cachoeira do Moxafongo, em Santa
Leopoldina, e o Vale do Canaã, em Santa Teresa); almoçam em restaurantes
típicos e hospedam-se em hotel de montanha (“Solar dos Colibris”), onde
vivenciam momentos culturais, tais como apresentação de coro italiano e
de tocador de concertina.
Museu de Biologia Melo Leitão, Santa Teresa.
Os
roteiros sofrem pequenas variações de acordo com intercorrências de
modificações no meio ou avaliações contínuas feitas pelos profissionais
da Escola, mas o foco temático é sempre assegurado. Ultimamente, temos
utilizado o trem da Companhia Vale do Rio Doce, na estrada de ferro
Vitória/Minas para transportar os alunos de Vitória até Fundão, o que
constitui uma novidade para muitos deles, não habituados a lidar com
esse meio de transporte por aqui.
Durante a viagem, os alunos
ensaiam momentos de protagonismo, interpretando cenas de obras
literárias ou revisitando tradições dos imigrantes locais (o casamento
pomerano, a chegada dos italianos à nova terra). Ora essas apresentações
são feitas em praça pública, ora em escolas de Ensino Fundamental da
região, de forma a multiplicar os conhecimentos adquiridos por nossos
alunos, por força do processo. Além disso, produzem diários de bordo em
que revelam saberes, percepções e sensações a partir do vivido,
aplicando procedimentos de pesquisa/observação/registro. Algumas dessas
vivências são partilhadas com as famílias, seja na forma de registros
fotográficos e escritos, seja na forma de apresentações escolares, o que
assume significação afetiva para os alunos, devido à oportunidade de
expressar e socializar suas aprendizagens com pessoas de seu círculo de
relações.