Trata-se
de viagem acadêmica propiciada para alunos dos sétimos anos, tendo como
foco a inter-relação entre História e Artes na constituição de um
patrimônio cultural reconhecido internacionalmente, bem assim o
compromisso de conscientizar as novas gerações para a relevância do
resgate de memórias e o cuidado com a preservação do patrimônio, como
legado às futuras gerações. Consciência cidadã, espírito crítico e
compromisso social são os valores determinantes para a manutenção deste
projeto.
Previamente à viagem, são realizados estudos temáticos
com os alunos acerca da história do Brasil, nos idos de 1700, quando
Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes) participou de conspiração
para libertar o Brasil do domínio de Portugal e proclamar a República;
as difíceis condições de extração de ouro nas minas da região; o modo de
vida e as diferenças entre senhores e escravos; a arquitetura,
escultura e pintura desenvolvidos na região de Ouro Preto, no período em
que viveu Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (anos 1700 a 1800); o
acervo literário produzido pelos poetas da Inconfidência e sua
contextualização sociohistórica. Assim, os alunos são instrumentalizados
com informações e subsídios que lhes permitam usufruir melhor as
vivências de campo, com resgate de conhecimentos prévios e ampliação de
aprendizagens, a partir do contato estreito com os objetos de estudo.
A
primeira etapa desta viagem inclui visitas ao patrimônio artístico de
Ouro Preto e Congonhas, oportunizando contato direto dos alunos com os
estilos barroco e rococó, representados nas construções, esculturas e
pinturas encontradas em igrejas e museus; bem assim com o patrimônio
arquitetônico do Santuário de Bom Jesus do Matozinhos, onde estão
instalados os doze profetas esculpidos pelo Aleijadinho e seus
discípulos e os “Passos da Paixão”, com esculturas de Aleijadinho e
policromia de Athaíde.
Além desse foco artístico, é agregada a
dimensão histórico-geográfica, mediante visitas aos Museus da
Inconfidência e Mineralogia, com suas ricas revelações sobre o contexto
socio histórico da época da Inconfidência e as mudanças de perspectiva
na exploração de recursos naturais (do irracional ao desenvolvimento
sustentável). Figura ainda no roteiro uma visita à Mina da Passagem, em Mariana, Minas Gerais, onde podem ser
observados aspectos da extração de ouro, após descida em trolley com
motor a ar comprimido.
Durante o percurso da viagem, os alunos
desenvolvem campanha em prol da preservação do patrimônio local,
distribuindo folhetos e encartes por eles produzidos a moradores e
outros visitantes, denunciando práticas de descuido para com o acervo
artístico e apresentando proposições que visem a minimizar os impactos
da realidade sobre o patrimônio cultural de Ouro Preto e suas
imediações. Além disso, participam de gincanas culturais concebidas
pelos professores e conduzem saraus literários tendo como base os poetas
da Inconfidência. A oportunidade de sentirem-se interferentes na
realidade (e co-partícipes do processo) atribui outra dimensão à função
de estudante, fazendo-os se apropriarem da cultura como elemento
agregador, estímulo à convivência e demonstração de potencialidades, o
que transparece na produção dos diários de bordo, relatórios ou provas
contextualizadas (após o retorno à Escola), em que os alunos não se
limitam a demonstrar conhecimentos específicos, mas também potencial de
análise, leitura e avaliação do vivenciado.