Mesmo com todas as informações que os jovens vêm recebendo da mídia eletrônica, impressa, e até do ciberespaço com milhares e milhares de sites na Internet, a nova geração ainda vive uma espécie de pesadelo no momento de escolher a profissão. “A gente não tem muita idéia do que quer”, confirma Felipe Borges, 19 anos, do 3º B, que desistiu de Medicina na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), depois de um ano e meio de curso, e corajosamente decidiu recomeçar tudo de novo. Voltou para o 3º ano do 2º grau no Leonardo da Vinci para mais uma vez se preparar e encarar outro vestibular: o de Direito.
- Imaginava outra coisa da Medicina. O curso estava ficando maçante, não dava para exercitar o que eu sempre gostei, que é usar a cabeça para pensar. Estava mais para decoreba. E o que eu quero é poder pensar, associar idéias, evoluir a cabeça. A Medicina que eu esperava não é para aluno. É só para os que conseguem se formar, mesmo assim fazendo opção para pesquisa - revela.
Em plena crise existencial, Felipe também teve que enfrentar a família. Afinal, abandonar uma faculdade de Medicina não é tarefa fácil para os pais aceitarem. “Foi difícil, mas eles entenderam”. Antes de colocar um ponto final na Medicina, o jovem foi participar de um intercâmbio nos Estados Unidos. Quando retornou, enfrentrou mais uns meses de aulas na Ufes, mas aí não tinha mais jeito. Decepcionado com o curso, preferiu largar tudo.
Alguns amigos também não entenderam. Por que largar logo Medicina, um dos vestibulares mais difíceis de passar? Decidido, Felipe não se deixou abater. Enfrentou tudo e todos e acabou fazendo outra opção: Direito, que pelo menos teoricamente vai lhe permitir exercitar seu pensamento e seu raciocínio. A pós-graduação também está praticamente decidida: comércio exterior também teoricamente com boa performance de mercado de trabalho.
Brunela Pignaton ex-aluna do Leonardo da Vinci que venceu as barreiras do 2º grau do Instituto Brillantmont, na Suíça, apesar de ter ingressado este ano na universidade, ainda não tem certeza do que pretende cursar. Sua vantagem é que o ensino superior suíço obriga todos os alunos a cursarem dois anos de básico, onde se estuda desde Filosofia, História da Arte, Matemática até Pedagogia. É de fato uma base para todas as áreas. Após esses dois anos, o aluno decide o que pretende cursar.
“Estou pensando em Administração, mas não tenho certeza. É mais adaptável no caso de retornar ao Brasil e trabalhar no Leonardo da Vinci. Mas não decidi nada ainda. Tenho quatro anos pela frente no Franklin College, em Lugano”. O que está certo na cabeça desta jovem é, se sobrar tempo, tentar arranjar algum estágio. “Sempre me chamou muita atenção a área de hotelaria pela facilidade que tenho nas línguas estrangeiras. Tenho vontade de começar a trabalhar logo pela experiência profissional. Mas além das aulas, vou dividir apartamento com uma amiga, e vamos ter que administrar essa vida doméstica”.
É que antes, na Brillantmont, Brunela morava em sistema de internato na escola e não precisava se preocupar com a administração doméstica. Agora, a vida é outra. Sem ansiedade nem vontade de dar o passo maior do que as pernas, Brunela prefere dar tempo ao tempo e decidir seu futuro com calma e tranqüilidade.
Ajuda na escolha da profissão
Não há regras nem modelos. Muito menos uma varinha de condão para quem precisa decidir o rumo profissional. Da Informática à Medicina, da Engenharia à Filosofia, do Turismo à Administração. São dezenas de cursos à disposição dos interessados. Só basta saber o que se pretende fazer. Existencialmente terrível para uns e tão claro e certo para outros. Para ajudar este difícil momento, principalmente para os alunos de 2º ano do 2º grau, que estão quase às vésperas do vestibular, o Centro Educacional Leonardo da Vinci vem apostando no projeto A Escolha da Profissão.
Partindo para a segunda fase a partir do dia 30 de setembro com palestras e mesas-redondas com profissionais de diversas áreas, a escola quer dar oportunidade aos jovens de poderem ouvir depoimentos de engenheiro, médico, jornalista, escritor, administrador, entre outros sobre o perfil que a profissão exige, a formação acadêmica, as dificuldades e a competitividade do mercado de trabalho.
Dia 30 de setembro, às 7h30m, a primeira mesa-redonda reuniu profissionais de Arquitetura, Administração e Direito. Dia 1º de outubro, às 10h15m, foi a vez do pessoal do Jornalismo, Comunicação Social, e da Literatura. Dia 2, às 7h30m, Medicina e Odontologia entraram na pauta. A quarta mesa-redonda foi destinada às Ciências Físicas, Ciências Biomédicas, Engenharia Civil, e Engenharia Elétrica, dia 7 de outubro, às 10h15m.