O DESVENDAMENTO DA POESIA
SOB A AURA DA SENSIBILIDADE
(*Paulo de Tarso Rezende Ayub)
Premidos pelos avanços e descompassos do Terceiro Milênio na reelaboração das concepções de sujeito e sociedade, especialistas em ciências humanas e sociais vêm consolidando o ideário da EDUCAÇÃO DE VALORES, que propõe a sensibilidade como eixo condutor de um processo de formação de aparato moral e cultural nos educandos, brotando dessa perspectiva a necessidade de a prática pedagógica deixar-se sustentar pelos pilares da arte, ética e utopia. Os profissionais da Educação, ao se depararem com o reconhecimento do vigor desses alicerces no campo das transformações individuais e coletivas, redescobrem o desafio de fazer da sala de aula o lugar sagrado que ela está predestinada a ser, exatamente por dar vazão, como poucos outros ambientes, a ingredientes que edificam a sensibilidade humana com solidez.
Diante da pluralidade de estratégias e ações educativas que podem resultar da potencialização das habilidades de leitura e produção; da aplicação e desvendamento de múltiplas linguagens; da integração entre formas de arte, os profissionais da área de Letras podemos exercer um papel decisivo na consolidação do percurso reflexivo e ideológico que desemboca na educação de valores. Para ilustrar essa convicção, sentimo-nos instados a discorrer, em detalhes, sobre experiência interativa levada a efeito com alunos de 1º ano do 2º Grau do Centro Educacional Leonardo da Vinci, em Vitória/ES, em contato com grupos de Educação Infantil e turmas de 1ª a 4ª séries do 1º Grau da mesma Instituição. Guardando identificação visível com a proposição de educação transformadora, o processo - levado a efeito em praticamente dois meses de aulas, contemplando partes do 3º e 4º bimestres/98 - culminou num tributo à sensibilidade, gerando envolvimento emocional e reflexão crítica, o dueto imprescindível por que tantos de nossos educandos estão a clamar na surpreendente era da mutação infinda que vivenciamos.
Tal projeto, intitulado "Desvendando a Poesia", tinha por objetivo maior fazer com que o fenômeno poético - proclamado aos quatro cantos da humanidade como uma necessidade universal do ser, inerente à natureza humana, em sua inquietação e busca onitemporais - abandonasse em parte o arcabouço teórico que o sustenta e viesse passear pelos corredores da Escola, inebriando as salas de aula e outros espaços utilizados no processo ensino/aprendizagem; e, o que é mais importante, a alma dos educandos e professores.
O trabalho teve início com a vivência de uma sessão de cinema em torno do filme "Sociedade dos Poetas Mortos", seguida de debates em grupo. Os alunos identificaram-se com o espírito revolucionário do Mr. Keating e seus interagentes (educandos dispostos a se firmarem como sujeitos na Escola, intra e extra-muros), percebendo que Ensino e Poesia podem caminhar juntos na consolidação do indivíduo pensante, que consegue abraçar os compromissos da vida sem renegar a sublimidade da arte como estado de espírito gerador de forças. O filme já foi bastante trabalhado como efeito motivador, mas não é por isso que perde sua universalidade e riqueza significativa a cada releitura; a cada redescoberta, sob novos olhares, de temáticas explícitas ou de mensagens contidas nas entrelinhas.
Imbuídos do espírito que recriou a "Sociedade dos Poetas Mortos", promovemos seguidas sessões de declamação e análise de textos em nossas aulas de Português, ocasião em que fazíamos da leitura mais que uma mera decodificação de textos em verso ou prosa, buscando alternativas, de acordo com as habilidades de cada um, para deixar a poesia ressoar dentro de nós, seja por leituras / declamações envolventes, seja por interpretações plurais - devidamente buriladas pelos próprios grupos, a fim de minimizar os "achismos" que podem surgir em demasia nas discussões coletivas. Como não poderia deixar de ser, os contatos estreitos com a obra de poetas consagrados de diferentes vertentes literárias e a possibilidade de criar com rigor ou liberdade formal, apelando para as variáveis de poemas concretos, cinéticos ou visuais, foram delineando formas sensíveis de expressão e desenhando novos poetas nas cabeças dos alunos, prontos para eclodir. Os professores envolvidos com o projeto também declamaram e comentaram suas produções poéticas, tendo sido interessante perceber como isso repercutiu positivamente entre os educandos: não se estava apenas tratando de espaços etéreos ou alheios; a poesia estava vivificada na própria sala de aula, na mente e no interior de seus componentes.
Quando se propôs aos alunos produzirem, por sua iniciativa e motivação, poemas ou textos em prosa poética, os resultados foram edificantes. Algumas demonstrações fazem parte deste relato, em forma de anexos, e dispensam maiores digressões, sendo expressões poéticas vivas, que, mesclando o texto escrito e a pulsação da imagem, calam fundo no íntimo do leitor. Foi recompensante perceber o envolvimento dos alunos com o processo de produção: textos trabalhados e/ou desenhados de quatro a oito mãos; palavras e imagens associativas lapidadas como pedras preciosas; o medo de ousar sendo superado pela ânsia de criar. Com o intuito de possibilitar uma maior divulgação de alguns trabalhos de excelência e motivar ainda mais os ânimos dos educandos, optou-se por reservar aulas específicas para que os alunos lessem e interpretassem seus próprios poemas, partilhando a magia da criação literária e experimentando o sabor de perceber leituras idealizadas pelos autores sendo redesenhadas pela iniciativa competente de leitores perceptivos. Além disso, o instrumento de avaliação de Português do último bimestre foi integralmente centrada em textos poéticos de alunos, os quais foram objeto de propostas de análise literária, gramatical, lingüística, ideológica e, por que não, discursiva? A inovação gerou efeitos positivos relevantes.
O trabalho, se encerrado aí, já teria surtido efeitos substanciais, mas faltava contemplar a milenar arte de contação de histórias, que, no entender de boa parte dos envolvidos, seria uma das mais sublimes formas de manifestação poética e, por isso, não poderia ficar fora de um projeto que pretendesse desvendar a poesia de forma revigorada. Foi então que surgiu, como referencial de análise, o caso da psicóloga americana CLARISSA PINKOLA ESTÉS, autora do livro MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS, que dedicou anos de formação profissional em pesquisa de histórias contadas pelo interior do seu país, participando de relatos e discussões em ambientes os mais diversificados e a-lineares. Ao final desse percurso, a cientista havia aperfeiçoado sobremodo sua percepção teórica e sensitiva, a ponto de aplicá-la como sustentação do tratamento terapêutico de mulheres que acorrem aos divãs dos analistas à procura de melhores condições de vida e de afloramento da sensibilidade e intuição. Empolgados todos com a ousadia da pesquisadora, surgiu a sugestão de se incorporar, ao nosso projeto, práticas de contação de histórias que tivessem um perfil educativo e filosófico, podendo fazer-nos visualizar o mundo sob outros prismas.
A partir da percepção dessa necessidade, resolveu-se recorrer às histórias infantis de Rubem Alves, que se revestem de grandes méritos, pois aprofundam as reflexões sobre valores em diferentes searas do comportamento humano, potencializando a acuidade crítica do leitor, independentemente da faixa de idade em que se situe. O renomado educador trabalha questões fundamentais da essência humana (tentar compreender o homem não é, afinal, o fim último da Literatura?), incorporando-as ao cotidiano das crianças e adultos para fazê-los enxergar novas concepções de vida e se tornarem sujeitos reflexivos, equilibrados, sensíveis e transformadores. Para que se instituíssem "ares" de contação de histórias, a sala de aula foi transposta ocasionalmente para ambientes alternativos, onde pudesse haver uma maior proximidade e interatividade dos envolvidos no projeto, que se deleitaram com a contação e apreciação de quatro histórias infantis do autor citado, predominando as reuniões em círculo e cuidando-se de selecionar narradores envolventes para cada ocasião.
Para uma melhor compreensão da densidade dessas histórias, faz-se necessário empreender uma rápida síntese em torno da intencionalidade e enredo a elas inerentes. A primeira, intitulada A boneca de pano, descortina a história de uma menina que encaminha uma carta a Papai Noel, desejosa de ser presenteada com "a mais linda boneca de todas", eximindo-se de dar-lhe nome por julgar uma obviedade. O pedido da menina - na época de consumo desenfreado vivida pela humanidade, em que Papai Noel se transformou em ilusão de tolos - gera a maior revolução no Pólo Norte, levando Mamãe Noel a redescobrir o gosto da produção de uma boneca de pano e a preparar um presente especialíssimo para a menina; mas esta esperava ganhar uma Barbie (sonho de consumo de todas as suas amigas) e renegou o presente trazido por Papai Noel, desconsiderando seu valor afetivo. Em breves palavras: a massificação exercida pelo consumismo sobre o indivíduo e a sensibilidade faz do presente não produzido em fábrica artigo em desuso, objeto sem valor e sem lugar no coração da criança. Em conseqüência, as bonecas de pano dão lugar às Barbies, modelos de beleza estereotipada, que primam pela aparência, acobertando a essência. Os grupos que internalizaram a substância da história puderam extrapolar suas percepções, fazendo da "boneca de pano" uma metáfora de todos os fenômenos massificados que nos afligem, por instituirem a primazia de um senso comum não raro subliminar e irrefletido.
A segunda história contemplada no projeto foi A Loja de Brinquedos, que desvenda a história de um local mágico no qual brinquedos e objetos adquirem vida e razão de ser, enquanto seu dono mergulha num sono povoado por sonhos em forma de borboletas. O proprietário da loja encantada é uma figura mística, que, viúvo e sem filhos, resolve construir brinquedos para cativar o carinho das crianças e "colorir" os vazios interiores que a solidão teima em construir no homem. O garoto que tem o prazer de participar da festa noturna dos brinquedos é, curiosamente, um menino de rua, que se sente acolhido e amado pelos seres fantásticos. Surgem alguns ingredientes novos no universo das histórias infantis: o acesso aos marginalizados, que podem cultivar seus sonhos, sem reprimendas; o resgate do devaneio como filosofia de vida, mas não como algo padronizado e igual para todos: há direitos a variações marcantes na obra, já que os brinquedos são criativos e desvelam diferenciais de individualidade. A história se configura uma "viagem" pelo interior dos seres humanos, que podem ser concebidos como metáforas de brinquedos vivos. Mostra-se às crianças que fantasiar não é privilégio do universo infantil, pois também os adultos que valorizam a poesia e a sensibilidade podem sonhar com suas almas de crianças. Professores e alunos, partilhando esse sentimento num círculo de contação de histórias, permitiram-se revelar alguns desses sonhos.
A pipa e a flor foi a terceira história contemplada nessa etapa do projeto. O enredo concebido por Rubem Alves é profundo: uma pipa se apaixona por uma flor e resolve vincular-se a ela para experimentar novas sensações de vôo e poder partilhá-las com o "outro"; só que, como se deixa enfeitiçar pela flor, a pipa não percebe que esta deseja tolhê-la para que fiquem ambas impossibilitadas de vôos mais altos. O autor, de forma extremamente inovadora no universo da Literatura Infantil, brinda o leitor com três finais: a pipa fica eternamente presa à flor, mas infeliz por não alçar vôos mais ousados; a pipa e a flor se unem em sintonia, após esta se livrar de um feitiço e ser transformada em borboleta, por não mais invejar o espírito de liberdade de sua companheira; a pipa liberta-se da flor, em busca de outro par que incentive seus vôos. O leitor percebe, nesta história infantil, um vínculo mais verdadeiro com os desdobramentos da vida, fugindo ao padrão dos contos de fadas de fundo moralizante e preconceituoso, que sempre culminam num final feliz e vazio de significado, quando transposto para a realidade. Trabalhando (em metáforas) os envolvimentos humanos como um jogo de poder e dominação, o autor consegue fazer-nos repensar nossa postura nesse viés de relações. E, enquanto líamos ou apreciávamos a história, partilhávamos experiências, dúvidas, angústias, momentos pessoais e expectativas, ora assumindo o lugar da flor, ora o da pipa. Alguns de nós, com certeza, saíamos mudados para a vida, tão plurissignificativa quanto a Literatura.
A última história que trabalhamos foi Como nasceu a alegria, em que se partilha a triste trajetória de uma "florinha" de pétala partida, que nasce no seio de um grupo de flores "normais" e infelizes, porque dominadas pela vaidade e prepotência. A "florinha" de pétala partida sofre discriminação e sente a "dor da diferença", mas o lamento que brota de sua alma gera o choro de todos os seres naturais, até que ela se percebe amada ao extremo e exala um sorriso, do qual emana o perfume, que transforma o mundo e dá vazão à alegria. Uma metáfora da criação sob a perspectiva dos "marginalizados"; uma tentativa de fazer da valorização da diferença e do respeito pela individualidade propostas de transformação do mundo. Em torno da rede de significações propiciada por trama tão expressiva, pudemos nos analisar em nossas igualdades e diferenças, tentando perceber se acolhemos o outro como desejamos ser acolhidos, questionando até que ponto não somos responsáveis pela consolidação do preconceito e da insensibilidade com ênfase cada vez mais acentuada.
Ao final da rica fase de contação de histórias - que já tinha feito brotar sementes e frutos sólidos em muitos dos participantes das atividades -, surgiu a idéia de ampliar o projeto, trasladando-o para o universo infantil da Escola (contemplando crianças de Pré-Escola e 1ª a 4ª séries). Ofereceu-se como proposta alternativa que cada turma de 1º ano do 2º Grau formasse três grupos, escolhendo histórias diferenciadas para serem recontadas de forma dramatizada aos pequeninos; surgiriam, daí, doze possibilidades de apresentação, que consistiriam em contação de histórias, permeada por dinâmicas de dramatização, seguindo-se discussões interativas com as crianças, para melhor compreensão da teia de sentidos edificada em cada caso. Os estudantes das séries iniciais, além de terem acesso a dinâmicas específicas em torno de língua e literatura, seriam brindados com reflexões filosóficas, sociológicas e psicológicas que a obra de Rubem Alves naturalmente propicia. Como o espírito era de integração, as dificuldades foram rapidamente superadas e os planejamentos compatibilizados. Os alunos do 2º grau conceberam a idéia de que, adentrando o universo enriquecedor de outras faixas etárias, poderiam figurar ora como educadores, ora como aprendizandos.
A preparação das múltiplas contações de histórias - fase que acabou por ser o ápice do projeto, e em que mais se pôde evidenciar a primazia do processo sobre o produto numa proposta educativa que se pretenda consistente - foi visceralmente enriquecedora para os alunos e os professores e pedagogos que coordenaram e acompanharam os trabalhos. Pudemos, nos ensaios específicos, vivenciar a retomada da força de dramatização na Escola, dando espaço para os talentos naturais e fazendo brotar outros, sem falar na extrapolação de limites de alguns alunos que se diziam despreparados para representar (e o fizeram posteriormente com desenvoltura). A produção oral de textos e o poder de argumentação foram trabalhados insistentemente, contando sempre com a eficaz interação entre falantes e a rearticulação de idéias em sintonia com o pensamento. Deixamos fluir nosso poder de criatividade, imaginando e reconstruindo cenas por múltiplas vezes; alterando padrões previstos nas obras; fazendo da interação entre diferentes manifestações de arte (composição de cenários e fantasias; seleção musical; organização das minipeças) um processo sustentado. Os alunos se compraziam em auxiliar a superação de dificuldades uns dos outros, consolidando um valioso intercâmbio de conhecimentos, habilidades e sensações. Tudo com relativa simplicidade na forma, entretanto num trabalho de profunda essência.
E assim foi viabilizada a última etapa dos trabalhos: no curso de três semanas, doze apresentações seguidas, em dias alternados. A cada contação dramatizada, a sensação de que uma dificuldade anterior fora superada; a cada encenação, a perpetuação do clima de magia e a intensificação do brilho no olhar dos "artistas" e dos "mini-espectadores"; a cada recontagem, incorporação de uma nova cena, mudança na composição do narrador ou na transformação de um personagem, preocupação com a interatividade perante a platéia. A mesma história, trabalhada por equipes diferentes, assumia enfoques complementares, que acabavam por enriquecer a compreensão de todos, deixando perceber que a diversidade é a luz do saber partilhado. A Escola fez-se um organismo vivo e inquieto: ora movimentávamo-nos para a telúrica "Casa de Contos" (uma pequena casa incrustada no meio de uma mata relativamente preservada, que "casou como luva" para cenário de A Loja de Brinquedos e A Boneca de Pano); ora para a pracinha principal, um espaço verde onde os alunos se integraram a um cenário natural e acolhedor (A Pipa e a Flor foi contada ao ar livre, e os personagens pareciam ainda mais reais para as crianças que assistiam). Nem quando a chuva desabou, o projeto perdeu seu encantamento: as duas oportunidades de contação da história Como nasceu a alegria, embora previstas para encenação ao ar livre, tiveram de ser transferidas para ambientes fechados; mas as crianças captaram a essência do texto e não se preocuparam com o fato de o ambiente não parecer muito propício para "habitat" de flores.
Após cada contação de histórias, montava-se um círculo para discussões, envolvendo os alunos responsáveis pela dramatização/contação e os espectadores das séries iniciais. As experiências revelaram-se gratificantes nesse particular: num clima de cumplicidade, os pequeninos foram estimulados a sintetizar as histórias, comentar passagens mais marcantes, construir associações com a vida e a história pessoal de cada um, tudo sob mediação de professores de Língua Portuguesa e alunos do 2º Grau, os quais complementavam as apreciações, priorizando o pensamento sobre valores e tendências da sociedade contemporânea; apresentavam outras sugestões de leitura; partilhavam a fase de preparação dos trabalhos, a fim de consolidar a noção de processo como viés de um projeto educativo. A cada discussão interativa, a convicção de que a Literatura não escolhe idade para ser assimilada, pois alunos de Educação Infantil e séries iniciais empreenderam, por vezes, análises bastante consistentes (algumas não previstas), levando adolescentes e professores a ampliarem sua percepção das obras. O grande mérito da leitura coletiva é lidar com esse leque de possibilidades e tirar proveito dele para a construção do leitor potencial.
A Instituição preocupou-se em registrar a etapa final do projeto como material de arquivo/pesquisa. Muitos momentos foram objeto de filmagem, estando as fitas à disposição na Escola, ao passo que outras passagens estão registradas fotograficamente, tendo-se selecionado alguns grupos de fotografias para compor o presente relato, a título de ilustração (a observação das fotos deixa perceber naturalmente a história pertinente). Não há como negar que, em todas as etapas vivenciadas, senso de equipe, responsabilidade, compromisso, emoção e sensibilidade fizeram-se aliados inseparáveis.
De mais enriquecedor, não resta dúvida, a interação contínua de forças e o despertar da sensibilidade como um manancial para outros "vôos". A sensação de que a POESIA VIVA toca tanto quanto a POESIA ETÉREA. A certeza de que a VIVÊNCIA PRÁTICA pode dar alma à TEORIA. A esperança de que haja sempre ânimo na Escola para que a PRODUÇÃO supere a tendência à REPRODUÇÃO.
Retorna-se, agora, à filosofia da educação de valores, e percebe-se que ela pode se tornar palatável, ensejando múltiplos desafios. Esperamos que o desafio da POESIA VIVA, feita concretude no âmbito do Centro Educacional Leonardo da Vinci, possa servir de referencial para práticas semelhantes e dar-nos a conhecer outras experiências inovadoras, cuja tônica igualmente haja sido a sensibilidade e o despertar de valores. Afinal, de onde pode surgir o homem e o saber revigorados, senão como fruto da originalidade que faça da partilha seu centeio?
*Paulo de Tarso Rezende Ayub é professor de Português do Centro Educacional Leonardo da Vinci.