No dia 03 de maio de 2000, os alunos da 4ª série Integral do CENTRO EDUCACIONAL LEONARDO DA VINCI foram a Santa Cruz, no município de Aracruz, ES, para visitarem a aldeia de índios guaranis ali localizada. Para os alunos, a excursão foi a oportunidade de ver de perto temas que vinham trabalhando nas aulas de Estudos Sociais.
Com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento de um pensamento crítico sobre a sociedade brasileira, considerada em sua diversidade étnica e cultural – diante da qual se pretende que os alunos tenham uma atitude positiva, respeitando e valorizando a existência dos diversos grupos sociais – a disciplina Estudos Sociais propõe conteúdos que possibilitem levar os alunos a compreenderem os vários modos de vida simultaneamente brasileiros. Elementos de organização social – moradia, alimentação, rituais, divisão do trabalho, forma de transmissão dos conhecimentos – tornam-se objeto de comparação, para que os alunos possam estudar como cada grupo se relaciona entre si e com o ambiente em que vive.
Através de diversas atividades, os alunos da 4ª série Integral foram coletando informações e sistematizando conhecimentos sobre o material utilizado na construção das moradias, a organização das aldeias, objetos e armas utilizados, além de outros hábitos e características da vida de vários povos indígenas: Xavante, Guarani, Waiãpi, Yanomami, Wayana, Yawlapitti. Desenvolvendo conteúdos referentes à oralidade, os alunos levantaram hipóteses e discutiram sobre como se dá a transmissão de conhecimentos entre os índios e como organizam a divisão do trabalho, em comparação com a organização de sua própria sociedade.
Questões sobre a vida na aldeia, comparada à da cidade, foram levantadas em atividades de discussão oral e produção de textos escritos. Exercitando tanto a liberdade de se expressarem, quanto o respeito pela visão de seus pares, os alunos divergiam em suas sensações e opiniões.
Para Bruna, por exemplo, "a vida na aldeia indígena é muito agradável porque todos se conhecem e ajudam uns aos outros". Seu colega, Pepe, pensa que a vida na cidade é melhor – "A maioria dos trabalhos na cidade necessitam de menos esforço do que na aldeia", – mas não deixa de pontuar que [a vida na cidade] "tem dois graves defeitos: um é a poluição e o outro é a vida ruim que têm as pessoas com menor poder aquisitivo."
Para o estudo da organização espacial nas aldeias, os alunos desenharam acontecimentos característicos, como o ritual de passagem da infância para a adolescência, retratando os espaços de convivência e os espaços particulares, como as moradias. Cada grupo fez uma leitura dos cartazes, questionando inclusive aspectos do planejamento feito pelo grupo para a produção do trabalho; segundo a professora Lúcia Borel, esse foi um momento de grande proveito para os alunos, no entendimento da importância dos procedimentos de trabalho.
Cartazes sobre a população indígena no Brasil foram expostos no corredor da escola, tornando acessíveis às demais classes as informações estudadas pela 4ª série Integral. Depois, os alunos construíram maquetes de aldeias de cada uma das tribos indígenas estudadas.
As aulas de Informática também contribuíram para o enriquecimento dessa aprendizagem: um grupo de alunos elaborou uma apresentação em power point, para mostrar à classe as informações que encontraram sobre a vida nas sociedades indígenas.
Depois de muita pesquisa e sistematização, chegou a hora de ver de perto a vida numa comunidade indígena. Em Santa Cruz, os alunos puderam conhecer aspectos daquela cultura, como danças, cantos e rituais religiosos. Mas as questões que mais lhes chamaram a atenção foram o reduzido número de índios – confirmando para os alunos sua pesquisa bibliográfica anterior – e a precariedade da "escola" da aldeia: orientados pelo professor Karai (em guarani, "anjo servo de Tupã"), os pequenos nativos iniciam estudos de sua própria língua mesclados a conhecimentos alheios à sua cultura.
De volta à sala de aula, veio o momento de registrar os acontecimentos presenciados e de refletir. Para Bernardo, aluno da 4ª série Integral, a excursão valeu a pena, "porque contribuiu com o nosso trabalho sobre os índios, pudemos ver de perto sua cultura, que tem sido muito influenciada pelos hábitos dos brancos, com os quais eles convivem muito."