"Corta essa, Majestade"- disse a cigarra.
"A senhora precisa entender que as suas formiguinhas precisam se divertir um pouco!"
Musical baseado na famosa fábula é apresentado, nos dias 30 e 31 de maio, pelos alunos do Infantil do CENTRO EDUCACIONAL LEONARDO DA VINCI.
"A cigarra cantava no verão, enquanto que a formiga passava os dias a guardar comida para o inverno. Quando o inverno chegou, a cigarra não tinha o que comer e foi procurar a vizinha formiga:
- Formiga, por favor, ajude-me. Não tenho o que comer...
A formiga perguntou:
- Que é que você fazia no verão? Não guardou nada?
- No verão eu cantava... – respondeu a cigarra.
- Ah, cantava? Pois dance, agora!"
Essa é a primeira versão da famosa fábula que, materializando o "trabalho sério" versus o "levar a vida na flauta" na figura da formiga e da cigarra, pretende ensinar que se deve pensar no futuro e sempre prevenir-se para o dia de amanhã. Esopo, o lendário fabulista grego, a contava há mais de 3000 anos. No século XVII, as fábulas de Esopo inspiraram o poeta francês Jean de La Fontaine (1621-1695) a escrever as suas, também célebres, dentre as quais "A Cigarra e a Formiga". Não por acaso, naqueles primeiros tempos de industrialização, a fábula elogia o trabalho das formigas e critica a "ociosidade" da cigarra.
O tempo passou. No Brasil, início do século XX, foi a vez de Monteiro Lobato recontar a história da formiga trabalhadeira e sua vizinha boêmia. Numa das aventuras das "Reinações de Narizinho", os famosos habitantes do Sítio do Pica-Pau-Amarelo encontram o Senhor de La Fontaine, que lhes diz: "Gosto do canto das cigarras (...) Este inseto é um pouco boêmio como em geral todos os cantores. (...)"A muitos respeitos a formiga está mais adiantada que nós, homens. Há mais ordem e governo na sociedade delas. São mais felizes.". Encontram a cigarra velha e tísica, batendo à porta do formigueiro e sendo atendida por uma formiga "rabugenta como ela só", que atende a cigarra "na sua voz rouca de séculos (...): Cantou enquanto era moça e sadia? Pois dance agora que está velha e doente, sua vagabunda!" A formiga bate-lhe a porta no nariz e, quando a cigarra já ia pendendo para trás para morrer, quem lhe salva a vida é a espevitada Emília, a boneca de pano mais famosa do mundo. Em "Fábulas", Lobato escreveu "A formiga má", em que, como nas fábulas de Esopo e La Fontaine, a formiga bate a porta na cara da cigarra; e "A formiga boa", em que a formiga acolhe a cigarra, reconhecendo que seu canto alegrou-lhe o trabalho durante todo o verão.
Antes e depois disso, muita gente contou, recontou, reescreveu e citou "A Cigarra e a Formiga". Braguinha, Ziraldo, e diversos outros autores de peças de teatro e livros infantis recriaram a fábula, com este ou aquele final. A fábula inspirou até mesmo o filme "Vida de Inseto", campeão de bilheteria e sucesso absoluto entre as crianças nas férias de 1998.
Mas para as crianças do Infantil do DA VINCI, a cigarra acabou mesmo foi arrumando um emprego de professora de música, como na produção carioca de Luiz Roberto Pinheiro. Uma formiguinha cansada acaba convencendo a sua rainha de as formigas se divertem muito pouco e a cigarra, ao final – feliz –, forma um coral com todo o formigueiro.
Essa foi a estória encenada nos dias 30 e 31 de maio de 2000, pelos alunos das classes de Infantil I, II e III, sob a direção da professora Mônica Pavesi Simão.
O trabalho dos pequenos mesclou elementos cênicos e musicais. Durante as aulas de Educação Musical, os alunos ouviram a estória e aprenderam várias canções, uma para cada momento do roteiro. Teve a canção dos "Bichos da floresta", a da "Cigarra cantadeira", a tradicional "Um, dois, três, sacos de farinha", canto das formiguinhas trabalhadeiras, "Tic tac", representado o tempo que passa e "Cantar", o número apresentado no final pelo coral de formiguinhas.
Os alunos envolvem-se com o trabalho vocal e corporal, assumindo uma atitude positiva diante da manifestação musical – é esse um dos principais objetivos da Música no contexto da Educação Infantil. Como atitudes, trabalham a postura e concentração necessárias à realização de atividades musicais. O trabalho integra música e movimento, música e expressão cênica, música e desenho.
Brincando com os personagens da fábula, os alunos desenvolvem habilidades de atenção, memória e imaginação, vivenciando a representação dos diversos papéis e sentimentos que eles suscitam, além das atitudes e virtudes que envolvem. Os ensaios criam situações de fala, escuta e compreensão da língua, tanto através do roteiro, quanto do texto das canções, ampliando a competência das crianças para a comunicação.
O resultado foi um espetáculo alegre e descontraído, em que as canções dos alunos ilustraram os diálogos entre a cigarra, a formiga-rainha e a súdita que insistiu em cantar com a cigarra e – não sem levar uma bronca de sua rainha – acabou por mostrar-lhe que as formiguinhas precisavam mesmo de um pouco de lazer. Ouvir ou contar uma estória, intercalando com músicas que lhes falam tão de pertinho, foi uma alegria para os "pequenos" alunos. Contada e recontada, a fábula é sempre encantadora! E o novo final, em que cada um é respeitado na sua função, ensina que podemos e precisamos reconhecer a importância do trabalho realizado pelo outro.