"Evidentemente, a educação sozinha não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente é condição necessária para tanto." (Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Fundamental – Meio Ambiente – p. 08)
Terra, planeta água. A canção de Guilherme Arantes, que encantou o público na década de 80, canta a água que nasce, que brota, que faz riacho, que deságua... canta um planeta Terra que de terra mesmo tem muito menos do que água. Toda essa abundância já fez e faz ainda muita gente pensar na água como um recurso inesgotável, principalmente em lugares sem problemas aparentes com o abastecimento. Num passado recente, fomos educados para tratar a água como um recurso mais que abundante, ilimitado.
Atualmente, porém, sabemos que não é bem assim. Nos últimos anos a quantidade de água doce com qualidade suficiente para o consumo humano tem diminuído consideravelmente e o risco cada vez maior de sua falta deve-se tanto ao ritmo atual de uso quanto à contaminação das fontes hídricas naturais.
É urgente promover a consciência da necessidade de utilizar a água de forma inteligente. E há que se reconhecer o papel da educação escolar nessa promoção. As mais recentes tendências pedagógicas consideram que "a Educação Ambiental leva a mudanças de comportamento pessoal e a atitudes e valores de cidadania que podem ter fortes conseqüências sociais." (PCNs – Ensino Fundamental – Meio Ambiente – p.10). Pensando assim, em junho de 2000, a professora Dóris, de Geografia, propôs a seus alunos das 7as e 8as séries do Ensino Fundamental do DA VINCI um trabalho de pesquisa sobre a água no planeta e as repercussões de sua utilização.
Partindo de reportagens sobre o risco da escassez de água potável, os alunos pesquisaram as várias formas de utilização e o importante papel desempenhado pela água na vida humana. A água é uma daquelas coisas tão presentes na nossa vida que dificilmente paramos para refletir; poucas vezes nos damos conta de que bem mais da metade de nosso corpo – bem como de nosso planeta – é água; e que, para além do papel fundamental que exerce no equilíbrio ecossistêmico, no conforto cotidiano, na produção agrícola e industrial (nem a tecnologia seria possível sem a água) – o consumo diário de água é vital. "Sem água não há vida", sem o menor exagero.
Talvez seja exagero dizer que a água pode acabar – a natureza desenvolve uma reciclagem que mantém praticamente constante a quantidade de água no planeta, há bilhões de anos. O problema é que, além de apenas uma mínima parte de toda essa água ser utilizável para o consumo humano, o ciclo natural pode ser prejudicado pela poluição ou outras formas de degradação ambiental. Trabalhando com levantamentos quantitativos e discutindo a respeito dos reais problemas possíveis em um futuro próximo – bem como as possíveis soluções – os alunos compreenderam a importância de economizar água.
Tanto compreenderam que tiveram a idéia e o desejo de transmitir as informações adquiridas. Afinal, o desperdício é uma questão cultural e deixar de gastar além do necessário implica rever e modificar hábitos. Os alunos das 7as séries optaram por uma estratégia de marketing: chamar a atenção do público escolar para a questão da água através de cartazes bastante criativos.
Já os alunos das 8as séries decidiram trabalhar diretamente com os alunos do Ensino Fundamental I (1as a 4as séries). Para isso, estão preparando panfletos informativos e dramatizações sobre economia de água, que estarão apresentando para as 1as, 2as e 3as séries. Com as 4as séries, a turma das 8as resolveu que a "tática" será fazer um debate sobre o assunto, objetivando contribuir para conscientizar seus "pequenos" colegas.
É muito bom ver jovens de 13, 14 anos preocupados com questões referentes à relação entre sociedade e meio ambiente, com reflexões do tipo: "Qual é o cenário que deixaremos para os nossos descendentes?" O cuidado com o mundo – presente e futuro – é, antes de tudo, uma atitude de respeito ao direito de viver num ambiente saudável – um direito, não um privilégio. Requer a integração entre instituições, profissionais, sociedade e governo. Mas pode e deve começar com o desenvolvimento de uma consciência ambiental de jovens que podem vir, com responsabilidade e inteligência, a se comprometer com a gestão de recursos imprescindíveis à vida.