No dia 24 de outubro de 2000, o CENTRO EDUCACIONAL LEONARDO DA VINCI recebeu o navegador AMYR KLINK, para uma palestra aos alunos de 8ªs séries que haviam lido o seu livro "Mar sem Fim". O livro descreve a última viagem feita por esse navegador, iniciada no dia 31/10/98 com a duração de cinco meses em que, circunavegando a Antártida, deu uma volta ao mundo à bordo do Paratii.
É importante registrar a presença de vários pais de alunos que, possivelmente, também fascinados com o mar e com a coragem desse homem tão comum e ao mesmo tempo tão diferente de nós, pediram autorização à Direção para assistirem à palestra do navegador. Entre eles, registramos a presença do Sr. Jorge Pontual, pai do aluno André Luiz, da 8ª série I, que teve a gentileza de nos enviar as anotações que fez das informações mais significativas pontuadas pelo navegador.
Os alunos ficaram extasiados com os relatos corajosos de Amyr e mantiveram com ele uma conversa interessante e, segundo o próprio autor, muito inteligente para a idade em que se encontram. Agradecemos de modo especial à Livraria Logos, responsável pela vinda do autor à nossa Escola.
UM MOMENTO COM KLINK
Aventurar-se mar adentro foi sempre motivo de deslumbramento mas também de medo. Isso, porque o mar, belo mas silencioso, guarda segredos maiores e tentar descobri-los é tarefa para os muito, muito apaixonados.
O Centro Educacional Leonardo da Vinci recebeu, no dia 26 de outubro de 2000, um desses apaixonados pelo mar e pelas viagens: AMYR KLINK.
Depois da leitura do seu MAR SEM FIM, das discussões em sala, dos tantos trabalhos significativos nele inspirados, do entendimento da linguagem bem específica, das mesas redondas para exposição de passagens que tanto empolgaram quanto amedrontaram, ganhamos, sem dúvida o presente maior: a conversa com o autor.
Sim, porque ouvir Amyr Klink é um presente.
De forma bem simples, sem nenhum recurso que não a voz, o autor foi o centro das atenções dos nossos jovens de 8ª série por mais ou menos 90 minutos. O Auditório se encheu de professores e pais, que, assim como os alunos, ficamos extasiados diante de tanta coragem, carregada da mais completa simplicidade.
Iniciou a palestra dizendo: "Nós não fazemos viagens, nós as construímos" e, a partir daí, lições e mais lições de vida foram ouvidas. Saber que a realização de algo com o qual muito se sonhou leva a um prazer indescritível, talvez tenha sido a maior lição ouvida por quem lá estava.
Contou-nos que o barco foi totalmente modificado para esta viagem e, para isso, foram necessários muitos e muitos meses de preparo: o trabalho com a construção, o tempo dedicado ao pensamento na organização de cada uma das partes do barco, a ajuda dos amigos, a viagem difícil, o mau tempo encontrado, o frio intenso, a saudade da família, a alegria em conhecer os limites e a superá-los, a satisfação de ver (e nomear) a fauna marinha e, finalmente, o profundo prazer interior de ter realizado algo que tanto desejara foram relatos bonitos que ouvimos de quem diz que "planejar uma viagem é construir um pedacinho do futuro."
"Viajar pelo mundo não serve para nada, não tem nenhuma utilidade prática", diz o nosso autor, "a não ser pela incomensurável alegria de saber que o que planejamos um dia deu certo."
E o que dizer então dos primeiros navegadores? Não foram eles que alargaram os horizontes de quem pensava que o mundo fosse apenas um amontoado de terra bem pequenininho e que nada havia além do mar? Vejo um pouco da ficção de Júlio Verne se misturar à realidade vivida por tantos navegadores desconhecidos e misturar-se ainda mais à realidade de Klink, em nós, que muito jovens lemos Verne imaginando todo o tipo de situação difícil que nos mostrava, sentindo na pele os seus diálogos com o mar. E, mais tarde na escola, quando tomamos contato com as peripécias dos primeiros navegadores e descobridores de mundo, cujas aventuras ficaram como fantasia, porque estavam tão distantes de nós.
O mundo mudou muito! Amyr Klink lança-se no mesmo mar, mas os recursos são imensos. O mastro do Paratii é o que há de mais revolucionário em matéria de criação, no entanto, diz ele "nasceu da observação de um brinquedo." Fazendo referência à simplicidade das coisas, lança um desafio aos engenheiros da NASA, no sentido de construírem um barco que consiga andar a 38° contra o vento, assim como as rústicas jangadas do nordeste brasileiro que não utilizam nenhuma peça de metal, sequer. "Não, eles provavelmente diriam que é impossível", arrisca-se o navegador.
Durante a sua fala aos garotos, pudemos perceber o empenho de um homem que luta, muitas vezes sozinho, outras acompanhado da família e de alguns amigos, para realizar sonhos. Terão validade? Só a História o dirá. Como ser humano, acho que realizou o sonho maior que é ver superar os próprios limites.
VALEU, AMYR!