Da Vinci e os projetos para a UNESCO em 2001

As Escolas Associadas da Rede PEA–UNESCO devem enviar, no início de cada ano, a relação dos projetos que pretendem desenvolver, dentro da linha de temas que compõem o ideário da UNESCO. A serem terminados, iniciados ou continuados em 2001, o CENTRO EDUCACIONAL LEONARDO DA VINCI enviou os sete projetos a seguir.

Os projetos foram encaminhados à Coordenação Nacional da Rede PEA–UNESCO, sediada no Rio de Janeiro, que reuniu os trabalhos das Escolas Associadas do Brasil e os encaminhou à sede da UNESCO, em Paris.

No final do ano, relatório será emitido à Coordenação Nacional relatando o andamento dos projetos, o que foi conseguido, os dificultadores, etc.

Manutenção/Restauração da Residência e da Capela da Família Lambert, em Santa Teresa, Espírito Santo.
Tendo como objetivo a preservação da memória cultural, através da manutenção/preservação dos dois imóveis da família Lambert, tidos como marco da mais antiga colonização italiana no Brasil, o projeto previa um “grito” de nossos alunos para a sensibilização da sociedade e das autoridades, dada a importância daquelas construções. Ambas são tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Espírito Santo, mas não vêm recebendo das administrações a atenção que merecem, tanto por sua importância cultural quanto pela turística, que significa divisas para o município em que estão edificadas. Como percebemos a pouca eficácia do “grito”, partimos para a concretização real do projeto: restaurar os dois imóveis.

Apoio à reestruturação de Fábrica de Panelas de Barro na estrada Guarapari-Anchieta, local de grande fluxo turístico.
Incluída no roteiro de nossa Viagem Acadêmica ao Litoral Sul do Espírito Santo, a fábrica oferece aos visitantes a possibilidade de apreciação de todas as fases do processo de fabricação das panelas de barro, um dos símbolos do artesanato capixaba. Entretanto, embora mantenha uma placa convidando os passantes a visitarem-na, a fábrica não apresenta condições ideais, necessitando de uma reestruturação. Nosso projeto, que começou de forma mais tímida, também vem assumindo proporções maiores, estando a equipe, professores e alunos, empenhada em produzir interferências tanto na parte construtiva quanto na parte operacional, tudo com a anuência e parceria dos proprietários/trabalhadores.

Edição do livro “Oratórios, Capelas e Igrejas do Município de Santa Teresa”, (cidade do Estado do Espírito Santo).
Trabalho de resgate de memória cultural, fortemente ligado à fundação da cidade/município e à valorização dos imigrantes que desenvolveram a região.Iniciado em agosto de 1999, foram realizadas, em 2000, 35 viagens com 43 alunos das 6as séries e 23 acompanhantes (diretores, professores, funcionários do Da Vinci e pessoas da comunidade local), que visitaram 129 construções, as fotografaram e reuniram grande quantidade de informações sobre os templos. Material reunido, foi editado, em agosto de 2001, há exatos dois anos do início do projeto, o livro acima intitulado, com 226 páginas, capa dura, papel e impressão de qualidade.O lançamento oficial para a cidade de Santa Teresa aconteceu em 31 de agosto de 2001, quando o Da Vinci promoveu um encontro cultural, com projeção de slides, depoimentos de autoridades, escritores e poetas...O projeto contou com o apoio financeiro das empresas ACTA ENGENHARIA, LOGOS LIVRARIA, UNIMED VITÓRIA E UVV-CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VILA VELHA.Destacamos a importância da participação de empresas em projetos dessa natureza, valorizando o patrimônio cultural de cada região.

"Formação Interna de Funcionários", com reflexos na realidade externa.
Em reunião de avaliação de trabalho anual com funcionários dos setores de limpeza, alimentação e segurança, no último momento quisemos ouvir os “sonhos” daquelas pessoas que, no lusco-fusco da rotina diária, só favorecem a qualidade de vida da população a que atendem. Descobrimos que os sonhos deles equivalem ao da grande maioria das pessoas com que convivemos: estudar, aprender ... e, mais do que para conseguirem emprego (já estão empregados), aprender a conviver. Diante dessa demanda, não poderíamos ser mais os mesmos: a necessidade do outro era tão possível de ser atendida. Assim, programamos, para as manhãs de sábado, aulas de caráter prático, oferecidas por funcionários, professores e alunos voluntários.No primeiro semestre de 2001, aconteceram aulas de Português, Matemática, Inglês e de História.

Construção da Cidadania.
Não é só nas aulas de Português que a questão da cidadania vem sendo explorada. Em Comportamento Social, há dois anos a professora Regina Sarkis enfoca o assunto. “Cidadania entendida como a possibilidade de se defender a igualdade perante a lei, sem discriminação de raça, cor, credo, condição econômica, em que direitos e deveres de qualquer indivíduo devem ser preservados”. Regina explica melhor: “Trazer essa questão à prática do Comportamento Social levou os alunos a desenvolverem um trabalho na comunidade do bairro São Benedito”. É o projeto Construção da cidadania. O trabalho consta de um estudo inicial das diferenças e diversidades dos mais diferentes grupos sociais. Houve encontro entre os dois grupos de trabalho e os menores puderam trocar anseios, medos, expectativas, rompendo a barreira do mero assistencialismo. Os alunos do Da Vinci ensinam as crianças do bairro São Benedito, desde conteúdos específicos da arte visual até a produção artística propriamente dita. Na conclusão dos trabalhos, os estudantes vão identificar a “mudança-cidadã”, o grande objetivo do projeto.

A consciência em torno dos "Direitos Humanos" e o resgate da cidadania.: cidadania na prática
Romper os muros da escola para conhecer melhor as causas de tantas desigualdades sociais é um eterno desafio. Foi com essa idéia que as turmas das 8as séries, sob a orientação das professoras Maria Auxiliadora Freire e Daniela Carvalho, dedicaram-se, ao longo desse ano, para compreender melhor o significado de ser cidadão e dos direitos humanos. O projeto Cidadania em Cena só se encerra no final de novembro, mas já deu frutos: “Seremos apenas um grão de areia, mas junto com outros grãos, teremos condições de transformar esses pequenos cidadãos de papel em pessoas que exerçam amplamente o exercício de sua cidadania, tirando-os dessa ‘vida seca’ em que vivem, diz trecho da carta escrita pelos alunos Nicolai B. Neto e Felipe R. Bernardo, da 8ª Integral, enviada ao prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas.Palestras dos mais diferentes profissionais enriqueceram o conteúdo. A começar pela coordenadora do projeto Crer com as mãos, Mariângela Cabral, além do coordenador da Pastoral do Menor, Padre Xavier, e o voluntário do movimento Anjo da Noite, Eucenir Tatagiba. Professores da escola também contribuíram. Luciano Couto (de Matemática) elucidou os conceitos de renda e orçamento; Paulo de Tarso (de Português) mostrou a realidade do sertão a partir da leitura do livro Vidas secas, de Graciliano Ramos. O professor de Física, João Duarte, mostrou a importância da educação para a melhoria da qualidade de vida. Os alunos entrevistaram as escrivãs da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, Marli Aparecida e Anne Muniz Ferreira.O resultado vem surpreendendo, principalmente na produção de textos em forma de poesia, contos e narrativas para reflexão. Dodora explica que os alunos vão concluir as atividades, visitando dois projetos da Pastoral do Menor. Também vão montar, com apoio das professoras de Artes, uma exposição com fotografias de Sebastião Salgado, que terá a criança como tema central.

"SEXUALIDADE : Fatos e Mitos"
(Parceria entre o Leonardo da Vinci e uma Escola Pública)

Um tema polêmico e atual retorna às salas de aula como matéria diversificada: sexualidade. O coordenador de Sexualidade: fatos e mitos, o professor de Português Paulo de Tarso Rezende Ayub, explica que o projeto foi incorporado à filosofia da Unesco (Programa de Escolas Associadas), uma vez que havia intenção inicial de agregar 10 alunos da Escola Maria Horta ao trabalho, o que foi inviabilizado pela greve na rede estadual de ensino. A meta era estabelecer uma interação entre alunos de realidades sociais diferentes, bem como buscar parcerias para socialização de reflexões e vivências de iniciativas com repercussão social. Para não perder de vista o objetivo inicial, o professor e os alunos estudam outras alternativas para extrapolar os muros da escola: palestras e oficinas em escolas da rede pública municipal e com adolescentes e jovens ligados a funcionários da área administrativa da escola. Também há intenção de atuar em regiões carentes, desde que por intermédio de núcleos ou centros de atendimento a adolescentes.

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