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Olhar crítico do interessado
25/03/2002 · por Maria Helena Salviato Biasutti Pignaton

Maria Helena Salviato Biasutti Pignaton
Maria Helena Salviato Biasutti Pignaton
A Diretora Pedagógica do Da Vinci, Maria Helena Salviato Biasutti Pignaton, publicou artigo no jornal “A Gazeta”, edição de 17/03/2002, em que se posiciona criticamente quanto à questão da avaliação institucional de escolas e ao delineamento de paralelos de comparação entre estabelecimentos de ensino. O texto publicado em “A Gazeta” é uma versão resumida do que consta a seguir. Trata-se de um tema instigante, que não repercute por igual entre agentes da comunidade educativa e da sociedade em geral - mas a retomada do debate interessa mais do que a busca de consenso.

Confiar que as coisas e pessoas são exatamente como vistas, percebidas e interpretadas é um desejo humano, em sua busca pela verdade. Mas o que é a verdade? Sempre relacionada à historicidade de vida, a verdade (assim como outros valores) apresenta-se sob diversas óticas, não divergentes ou contraditórias, mas diferentes em suas semelhanças. Quando tais diferenças e semelhanças se juntam em um mesmo “pacote” e recebem tratamento arbitrário, apropria-se de nós um sentimento de estranhamento, que impede o “dar crédito”.

Estranhos muitos se sentiram ao tomarem conhecimento do ranking de escolas publicado pela “Vejinha” São Paulo e Rio, ao final do ano letivo de 2001. Deixando de atuar como ilhas e buscando coerência entre ideário educativo e prática pedagógica, as instituições de ensino vêm firmando singularidades de atuação e integrando-se na compreensão de relações e estruturas. Concepções como escola tradicional ou progressista ficam cada vez mais relativizadas diante da necessidade pública e social, independentemente da forma jurídica, que a sociedade nos impõe; modelos teóricos antes “divinizados” passam a dialogar com a diversidade de pensamento. Daí a tratar as escolas de modo arbitrário, sem ao menos informá-las previamente de que estariam sendo pesquisadas com vistas a um ranking avaliativo, trava-se grande distância.

Debruçando-se sobre o tema, a revista “Educação”, em sua edição nº 249 (janeiro/2002), trouxe à tona a importância de resgatar o significado da avaliação institucional das escolas, considerando que mesmo o modo equivocado, como o acima referido, apresenta méritos, desde que haja (ou houvesse) um aparato de critérios científicos difundido perante todas as partes interessadas: as próprias escolas, os especialistas e profissionais da educação, educandos e suas famílias.

A avaliação de qualidade feita de maneira simplista e ligeira - 10 meses de pesquisa pouco significam para conhecer uma instituição da qual se requer acompanhe o espetacular desenvolvimento da indústria/acelerado processo de internacionalização e tenha disposição mental para rejeitar maniqueísmos e dogmatismos, bem como para valorizar a riqueza das relações intersubjetivas e das complexidades humanas - perde-se no enfoque único, no risco da verdade absoluta e incompletude.

Sem tirar o mérito das reflexões de sujeitos educativos que apontam para o risco de critérios descritivos de comparação entre escolas, porque deixam de lado o currículo oculto que permeia tantas atuações, vale enfatizar que a mesma escola que avalia o aluno de modo arbitrário e impreciso, quando não caótico, incomoda-se muito ao se ver submetida a juízos de valor semelhantes aos que aplica. Quiçá a retomada do debate sobre avaliação institucional sirva para potencializar a discussão em torno da avaliação pedagógica, por vezes mais refletida em teoria do que posta em prática.

As escolas vêm pautando seus projetos educativos em crenças e bases teóricas diferenciadas, nem sempre conseguindo vivenciá-las de forma ideal na prática. Sociedade, pais, educadores precisam ter definidos seus próprios critérios, crenças e utopias, para proceder a suas avaliações institucionais. A mídia e os especialistas estão a serviço da sociedade e detêm a função de oportunizar fatos e dados auxiliares à análise e avaliação do público interessado pela informação. Se os desejos e critérios do interessado não estiverem definidos, terão que se satisfazer com as informações que lhes são oferecidas, ou com os indicadores de exames coordenados pelo governo, atualmente parâmetros de boa confiabilidade, pela transparência dos critérios utilizados nas avaliações.

É preciso que cada sujeito defina seu ideal de educação para ir em busca da escola que lhe convém e da qual quer ser agente integrante. Há instituições que hierarquizam o aluno pelo produto; que o consideram em função do processo; que valorizam apenas resultados sociais acadêmicos; que contemplam valores éticos, estéticos e morais na formação do discente. Nada é uma mentira; nada uma verdade. Tudo é questão de crenças e conhecimento por parte da instituição ou de crenças, conhecimentos e critérios de avaliação fundamentados nas aspirações do educador.

Nesse contexto, a observação e análise do currículo explícito (realizado pelas “Vejinhas”) e também implícito (oculto), desconsiderado por elas, é função de cada cidadão. Para que a opção por uma instituição de ensino aconteça de forma racional e harmônica, é necessário que as escolas sejam transparentes em suas propostas educativas e pedagógicas e que as famílias priorizem seus valores para tornarem-se “companheiras de viagem” das propostas educativas, na formação de filhos/alunos. Somente a integração desses dois eixos fundamentais da sociedade favorecerá o processo-produto pedagógico e educacional da geração em questão, tão exposta à massificação e aos achismos.


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