Alunos visitam o Parque da Fonte Grande

Em duas diferentes datas – dias 14 e 20 de março – os alunos das terceiras séries do Da Vinci lotaram três ônibus em excursão pedagógica ao Parque da Fonte Grande, uma área de 57ha de Mata Atlântica preservada, onde estão instaladas as torres da Tv e Rádio Gazeta. Numa sala da sede administrativa, as crianças ouviram palestra sobre cuidados com animais da fauna local e preservação da natureza, com Edson Valpassos e Cecília, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, dois ambientalistas que trabalham no parque. Mais do que um momento de descontração, a excursão é uma ocasião propícia ao desenvolvimento da memória, do senso de observação, da capacidade de entendimento das relações entre o virtual e o vivencial, assim como da sociabilidade.

As excursões pedagógicas são utilizadas, no Da Vinci, como ferramenta importante de busca de conhecimento. A saída, da porta da escola, foi cedinho, antes das 8h. Cerca de 20 alunos foram a cada excursão. O clima alegre, próprio de um passeio infantil, dentro do ônibus, logo é substituído pela seriedade de quem está ali para observar, comentar, pedir esclarecimentos, aprender enfim. Os alunos, a caminho do destino final, passam a receber informações da professora Dora sobre cada lugar por onde passam. Na Reta da Penha, olhando bem em frente, vê-se o Convento da Penha, o grande cartão postal de Vitória (que fica em Vila Velha), e os alunos ficam sabendo que o nome da avenida, Nossa Senhora da Penha, deve-se a essa visão do convento.

“Esta é a Capitania dos Portos, onde cada navio, iate ou barco tem que solicitar autorização para navegar nas águas da baía de Vitória”, informa Dora. Estamos já na avenida Beira-mar: “Este é o Clube Álvares Cabral, e do outro lado a Prefeitura e a Câmara de Vereadores”... vai mostrando Dora. A criançada às vezes se adianta às palavras da professora, mostrando um ou outro local interessante, entre os que elas já conhecem de passagem. A professora, então, enriquece esse conhecimento com novas informações.

Quase tudo é apontado e mostrado, à medida em que o ônibus segue o seu caminho: as ilhas do Frade, do Boi, da Fumaça, o Penedo (e a professora explica que não é um morro, mas uma rocha), o porto de Vila Velha ao fundo.

Antes ainda de chegar ao parque, parada para uma foto diante do Santuário de Santo Antônio. “Esta igreja foi concebida pelos arquitetos com base em uma outra igreja, que fica em Pádua, na Itália. É uma cópia da igreja italiana”, diz Dora. A cada intervenção da coordenadora, as professoras Érika e Adenise aproveitam também para dar mais alguma dica. Essa troca de informações, a aceitação dos comentários das crianças – descontando-se sua ingenuidade ou até desconhecimento – e a maneira afável com que as professoras se comunicam com os alunos, mesmo quando lhes chamam a atenção, impressionam pela atitude democrática e sempre carinhosa, de ouvir e responder a todos com igual atenção, respeitando suas individualidades.

O grupo chega ao Morro da Fonte Grande, à sede administrativa do parque. É hora do lanchinho – são cerca de 9h. Um sanduíche e um suco revigoram as crianças para enfrentar a subida que leva ao mirante das torres de tv, em um grupo, enquanto outro grupo desce para o mirante que fica dentro da mata. “Olha lá a Terceira Ponte, olha lá as praias de Vila Velha, olha o Porto de Tubarão...” dizem as crianças, encantadas por poder reconhecer, de longe, locais com que estão familiarizadas nos seus passeios com as famílias pelas ruas e avenidas da capital. No mirante da mata, o que se vê é o mangue, a foz dos rios que desembocam na baía de Vitória e algumas ilhas. As professoras vão aproveitando para passar informações sobre a história da cidade, como ela era antes do primeiro aterro, como foi sendo transformada, aos poucos, na linda cidade que é hoje.

Do tanto de informações que uma excursão como esta deixa na cabecinha dessas crianças, pode ser que muita coisa se perca. “É muita informação”, diz Dora, “e é quase impossível guardar tudo. Eles fazem trabalhos em sala de aula, depois, para fixar esses conhecimentos. A maioria das coisas que eles vêem e ouvem nas excursões fica aninhada em algum lugar da memória, e passa a fazer parte da vivência deles, da construção de sua visão do mundo”.

A forma como esses alunos acatam cada observação disciplinar das professoras também é surpreendente. Difícil realizar uma excursão dessas, em meio à tremenda excitação que as novidades sempre causam na criançada. No entanto, o que se vê é a disciplina mantida, os alunos interessados, a atitude educada e correta das crianças.

Capítulo à parte é a atenção dos meninos e meninas para com as regras de preservação da natureza. Essas regras – passadas pelos ambientalistas Edson e Cecília na palestra, antes de os dois grupos entrarem na mata – são recebidas com respeito pela criançada, todos entendem bem o seu sentido, todos querem mostrar que aprenderam mesmo como se deve tratar a natureza – bichos e plantas. Uma regra básica é o silêncio, dentro da floresta, para não assustar ou espantar os animais silvestres.

Outra norma é também bem simples: nada pode ser tirado da mata. "Apenas fotos”, diz Edson na palestra. A caminhada começa com outras observações sobre a Mata Atlântica e seus segredos, feitas pelas professoras. Elas lembram as regras de preservação e os cuidados que todos devem ter: andar sempre em grupo, falar baixinho, olhar bem por onde passa para aproveitar todos os momentos. A meninada segue tudo à risca, sob o olhar atento das professoras. É um aprendizado precioso, que eles levarão para o resto de suas vidas.

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