A aula com o cineasta Robson Neves
A realização de um filme de curta-metragem, tendo alunos à frente da direção, atuação, iluminação, filmagem e demais fases de criação, é parte do projeto “Curta na escola”, que o professor Manga, de Português, apresentou aos 2os anos, no início do ano letivo no Da Vinci. Agora, os alunos estão empenhados na execução do projeto, e animados com as perspectivas de aprendizagem e a oportunidade de mostrar sua criatividade. Em um dos primeiros encontros, os alunos ouviram uma palestra de iniciação às técnicas e ao conhecimento de equipamentos, com o cineasta Robson Neves. Depois, os alunos se dividiram em grupos para cumprir as diversas necessidades da produção do filme: escrever o roteiro, atuar, filmar, dirigir. A partir disso, o projeto envolve questões práticas e teóricas, interagindo com outras disciplinas escolares e possibilitando ampla compreensão de vários aspectos da vida moderna.
Roteiristas trabalham no computador
Uma atividade tão complexa, ao mesmo tempo lúdica e compromissada, contribui na formação completa do aluno do Da Vinci, e esta é a razão de ser de todos os projetos de disciplinas diversificadas da escola. “A idéia de realizar um curta na escola fez com que todos se dedicassem imediatamente ao projeto”, diz o professor Manga. “Tudo é feito pelos alunos, desde a concepção de filmagem até a direção. Eu atuo como mediador e lanço uma temática para o grupo. A deste ano é a loucura”. Manga explica que os alunos criaram um roteiro que faz um paralelo com a história da Criação, na qual Deus cria o mundo em seis dias e descansa no sétimo: “Segundo eles, neste sétimo dia, enquanto o Criador dormia, os homens criaram as neuroses e as loucuras”.
O professor Manga avalia a imagem
Nas atitudes dos alunos, pode-se verificar como um projeto como este mexe com o imaginário dos jovens. As alunas Maria Eliza, Larissa, e Mayara, juntamente com Leonardo, formam o grupo dos roteiristas. Todos são ligados em cinema. “Eu tinha uma vaga idéia do que era escrever um roteiro, mas não sabia que era tão complicado”, diz Maria Eliza. “Para mim, o mais complexo é fazer a junção das cenas, porque o filme conta seis histórias, sem relação aparente uma com a outra, mas intercaladas” – diz ela, com a aprovação dos colegas. Mayara explica: “Nós nos dividimos em seis grupos, cada um contou uma história, e o trabalho dos roteiristas foi uni-las. No roteiro, as cenas de uma história fundem-se às cenas da próxima, facilitando o entendimento do espectador.
Tudo isso está só no começo, e ainda será aperfeiçoado. Leonardo diz que “sempre se tem que mudar alguns detalhes, corrigir erros, dar mais consistência aos diálogos”. Para Maria Eliza, a produção do roteiro é um dos momentos mágicos do cinema: “É interessante estar numa posição na qual se tem poder de decisão. Esse poder está nas mãos do diretor, mas também do roteirista. São as duas funções que decidem mais”. A equipe de direção, que está sendo liderada pela aluna Manuela Chiabai, divide-se em dois grupos: direção de fotografia e direção dos atores. Na equipe de filmagem, estão Ana Cláudia, André Pontual, Carlos Vitor, Gregório e Gustavo. Carlos Vitor é o cinegrafista, posição pela qual batalhou porque já tem alguma experiência: “Eu vivo filmando tudo lá em casa”.
“Na verdade, cada um teve a oportunidade de pegar a câmera”, esclarece André Pontual. Os alunos fazem uma espécie de rodízio entre as diversas atividades necessárias à realização do filme. “Tudo é importante”, observa Pontual. Na sala de aula, num dos ensaios para a preparação das equipes, a atenção é completa. Há momentos em que se passar um mosquito, todo mundo vai ouvir, tal o silêncio e a concentração dos jovens nas explicações do professor, do palestrante ou de um colega de turma.
Equipe de filmagem debate o projeto
No entender do professor de Português, o projeto é extremamente agregador, “porque traz motivação para o trabalho em equipe, faz o estudante interagir com a sociedade – devolvendo a esta o seu olhar e as suas conclusões sobre as questões sociais -, e ainda porque faz com que o aluno transite por diversas atividades.”
O projeto prossegue até o final do ano. O professor tem planos de inscrever o curta-metragem realizado pelos alunos em festivais de cinema. “O importante é que os alunos fazem absolutamente tudo, até mesmo a busca de um patrocinador, como acontece na realidade, quando nossos cineastas têm primeiro que levantar recursos, depois organizar as equipes, controlar os gastos e contabilizá-los, prestar contas aos outros ‘sócios’ – no caso dos alunos, os colegas com quem estão trabalhando. Os estudantes têm ainda que cumprir tarefas e horários, estabelecer prioridades e cumpri-las, participar das atividades correlatas, em sala de aula, além de executar com eficiência cada fase do projeto”, conclui o professor Manga.