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Alunos do 1º Integral em viagem às Três Santas
25/07/2002 · por Joelmo, Paulo de Tarso e Victor

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Olavo Bilac, referindo-se ao Brasil em sua composição “A Pátria” disse:

Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A natureza, aqui, perpetuamente em festa...

Apesar desses versos serem criticados pelo exagero ufanista, não deixam de conter algumas verdades. As belezas naturais descritas foram exatamente o que encontramos no Espírito Santo, quando vivenciamos a viagem acadêmica às “Três Santas” (Santa Leopoldina, Santa Maria e Santa Teresa) com um grupo de 21 alunos do 1º I-1. Na referida viagem, excetuando-se o mar da poesia de Bilac, apreciamos o belíssimo céu, anil com nuvens brancas durante os dias e ponteado de estrelas durante a noite; os rios, com suas cachoeiras, águas límpidas, seus serpenteados; as florestas, muitas ainda virgens, de majestoso verde e salpicadas com o prateado das folhas das imbaúbas; e a natureza, realmente em festa. Some-se a isso a interferência dos homens, muitas vezes também bonita.

Coordenada pelo professor Joelmo (Geografia), contando com a parceria de Victor Humberto (Diretor Administrativo) e Sandra Eler (professora de Espanhol no ensino médio), em junho de 2002 aconteceu a viagem de três dias, que contou com aproximadamente 30 eventos, resultando em enorme diversidade de conhecimentos aos quais os alunos tiveram acesso, interagindo diretamente com a maioria desses, entre si e com agentes educativos não apenas escolares.

Durante os meses que antecederam a viagem, os alunos conheceram o percurso através de apresentação de slides: toda a programação previamente desenvolvida, o processo produtivo da "Incesa" (uma das empresas escolhidas para visitação); a dinâmica de funcionamento e marketing da “Leite Fiore”, nesse caso em palestra ministrada pelo Diretor Comercial da empresa, etc. Dados em torno das três cidades, em especial sob os pontos de vista geográfico-histórico, foram apresentados pelo professor Joelmo, de modo que a viagem, absolutamente proveitosa, consolidou o que se viu em classe. Já os idealizadores estiveram diversas vezes na região, mantendo contatos prévios e estipulando roteiros e tempos.
A riqueza curricular da viagem e a pluralidade de eventos merecem um maior aprofundamento de análise. Mas, para não perder de vista a seqüência de fatos e permitir um acompanhamento panorâmico de todo o processo, cabe aqui uma mostra resumida das diversas etapas dos trabalhos, com algumas reflexões iniciais.

DETALHANDO A VIAGEM
Ainda na Rodovia do Contorno, ao início do percurso, o professor Joelmo utilizou-se do ambiente local para resgatar conteúdos recentes trabalhados com os primeiros anos do Ensino Médio, discorrendo sobre planície, “mares de morros”, camadas do solo, “pão de açúcar”, divisão de municípios, atividades econômicas da região, o imponente Mestre Álvaro, etc.

Chegando a Santa Leopoldina, “A filha do sol e das águas”, iniciamos os trabalhos com uma primeira visita à empresa "Gaia", que beneficia raízes (cará, gengibre, inhame) e limão, destinados, principalmente à exportação para países diversos, demonstrando como a globalização vai quebrando divisas em regiões mais remotas.

Clique nas imagens para vê-las ampliadas, com mais pessoas, mais detalhes...

Visita à Gaia
Visita à Gaia
Após projetar vídeo institucional, a Sra. Françoise, sóciada empresa, conduziu o grupo para conhecer todo o processo de beneficiamento. As exigências do mercado externo são grandes e, por isso, os produtos oferecidos devem apresentar qualidade adequada. Mesmo não contando com uma estrutura para atendimento a público visitante, a empresa mostrou-se aberta para o olhar do outro, criando um ambiente “acadêmico” propício para motivar as reflexões.


Na Cachoeira do Moxafongo
Na Cachoeira do Moxafongo
A seguir, os alunos caminharam até chegarem à Cachoeira de Moxafongo. O sol quente produziu aquela transpiração saudável, em local de ar puro ...
O local é propriedade particular e, provavelmente, é um dos pontos com maior densidade de cestos de lixo. Várias placas sugerem aos visitantes que respeitem a natureza, não joguem garrafas, latas, saquinhos, etc., fora das cestas de lixo. Oportunidade de trabalhar a cidadania com o grupo de alunos, num ambiente totalmente diverso de suas vivências cotidianas.

Lanches e almoços na cidade: nossa contribuição para a movimentação do comércio local. Eis um diferencial nas Viagens Acadêmicas desse ano: em vez de a própria Escola preparar os lanches para os alunos, elegeram-se lanchonetes e restaurantes locais previamente selecionados, em condições de prestar um atendimento diferenciado.

Igreja da Sagrada Família
Igreja da Sagrada Família
Após o almoço, praticamente sem tempo para descanso, visita à Igreja da Sagrada Família, com localização privilegiada e grande significação para a comunidade. A subida forte fez com que os alunos se lembrassem da Viagem Acadêmica do ano passado, quando estavam na 8ª série, para Ouro Preto.

Embora não tenhamos a data de início da construção, soubemos que a Igreja beira os 100 anos. Com espírito de pesquisadores, os alunos buscaram, na edificação, a identificação de alguns elementos que caracterizam estilos arquitetônicos, observando os ladrilhos hidráulicos dos pisos e as pinturas detalhadas nas paredes - sem a devida conservação – impeditivo para determinação.

Casa de 1890
Casa de 1890
Nas poucas ruas da cidade, outrora importante centro de reunião das tropas e envio de produtos pelas canoas do rio Santa Maria, observamos a arquitetura típica do início do século XX, sendo grande parte dos imóveis tombados pelo Conselho Estadual de Cultura. As construções estão pintadas e se apresentam, aos olhos de quem as apreciam de fora, em bom aspecto... Não adentramos as casas, mas verificamos alguns movimentos de restauração no interior. Uma sensação em termos de preservação da memória cultural mais positiva do que a verificada em outras paragens do Estado.

Banco do Brasil
Banco do Brasil
Tropas, há 100 anos
Tropas, há 100 anos
Há construções de 1890, 1914, etc. A foto da esquerda, que mostra o imóvel atualmente ocupado pelo Banco do Brasil, é exibida no Museu do Colono e em ilustrações de obras literárias capixabas, ainda com as tropas em frente (foto da direita).



Detalhe de contrução
Detalhe de contrução
As construções ostentam detalhes que as enriquecem, mostrando o cuidado com que foram preparadas na época áurea, em final do século XIX.



Descaracterização de fachada
Descaracterização de fachada
O cuidado com a preservação do casario local, lamentavelmente, ainda está longe do consenso. É preciso alertar a comunidade para os riscos de atitudes isoladas descaracterizarem toda uma construção coletiva.




Conversando com os cidadãos
Conversando com os cidadãos
Como parte da programação, contemplando a dimensão “humana” da viagem e estimulando a pesquisa de campo, os alunos entrevistaram alguns cidadãos, argüindo sobre suas procedências, línguas das quais se utilizam, suas famílias, etc. Foram orientados, nesse momento, a fazer anotações de modo sistemático (inclusive com uso de prancheta) para partilhá-las posteriormente com o grupo.


Origem de O Canaã
Origem de O Canaã
Surpresa na Viagem!
No ano do centenário da edição do livro “Canaã”, de Graça Aranha, que foi juiz em Santa Leopoldina em fins do século XIX, o professor Joelmo arriscou questionar no Fórum, de nome “Graça Aranha”, sobre a existência de documentos que trouxessem fatos nos quais o autor teria se inspirado para escrever seu romance. Com presteza, os funcionários do Fórum localizaram o “Traslado dos Autos”, datado de 1891, que traz a história na qual se baseou Graça Aranha para compor o primeiro best-seller brasileiro (Canaã): a mãe acusada de ter entregue seu filho, para servir de alimento aos porcos, num rompante naturalista.

Foi muito importante para todos, alunos e acompanhantes, o contato com esse documento de 111 anos ... E o interesse em lhe dar o valor histórico e memorialístico que merece brotou naturalmente, inclusive mediante solicitação do material para reprodução por cópia.

No Museu do Colono
No Museu do Colono
O Museu do Colono, que reúne importante acervo da história de Santa Leopoldina e suas mais importantes famílias... está fechado à visitação desde agosto/2001. A construção apresentou riscos aos visitantes, necessitando de restauração, o que ainda não aconteceu...
Mesmo assim, pudemos visitar pequena coleção de peças no andar térreo, representativas do estilo de vida e de ilustrativas de fatos marcantes para a história da região.
Alguns alunos comprometeram-se a encaminhar carta ao Conselho Estadual de Cultura para solicitar maior agilidade no restauro do Museu.

Usina Rio Bonito
Usina Rio Bonito
Painéis de controle
Painéis de controle
No caminho Santa Leopoldina – Santa Maria do Jetibá, observação de duas barragens e duas usinas geradoras de eletricidade. Visitamos a Usina Rio Bonito, com três geradores e capacidade para produzir 15MW...
Nas fotos, “flashes” da visita feita à Usina, demonstrando interesse dos alunos por áreas da física, em especial elétrica, mecânica e hidráulica, contando com a prestatividade de técnicos da Escelsa que nos monitoraram.




Na piscina
Na piscina
Terminadas as visitas do dia, viajamos para Santa Teresa, para pernoite e, no dia seguinte, cumprir nova programação. Mas, o dia ainda não havia acabado. Mesmo com o frio da “terrinha”, alguns “heróis” pularam na piscina. Um momento importante de lazer, após o exaustivo dia de programações, ainda por continuar.


Sr. Meneghini e a concertina
Sr. Meneghini e a concertina
Após o jantar, fomos brindados com apresentação de um “concerto de concertina”, marco cultural da imigração italiana na região. Inicialmente, o Sr. Augusto Meneghini demonstrou o instrumento, tocou músicas de diferentes nacionalidades, mostrando as possibilidades daquele “tipo de bandoneon”... A importância de as viagens acadêmicas sempre trazerem um elemento cultural novo, para ser incorporado ao acervo dos alunos.

Sr. Reinaldo
Sr. Reinaldo
Turma dançando forró
Turma dançando forró
A seguir, o Sr. Reinaldo Loss mostrou a maior utilização atual/local da concertina: ”tocar forró!”

E então, todos mostraram que sabem dançar esse estilo tão brasileiro...



Cantando o Hino Nacional
Cantando o Hino Nacional
Mas, outro acontecimento estava por vir: o Sr. Augusto decidiu mostrar como executar o “Hino Nacional” em tal instrumento.
Nossos alunos, compenetrados, com a mão no peito cantaram junto com o músico... Um momento marcante da Viagem Acadêmica.



O professor e os casos
O professor e os casos
Chega por hoje? Ainda não? O professor Joelmo ainda quis “contar casos” na beira da piscina!
E aí veio a história de D. Marta Wolkart, personagem da localidade “25 de Julho”, resgatada em livro do jornalista Rogério Medeiros e mencionada com destaque na publicação institucional do Da Vinci, “Oratórios, Capelas e Igrejas do Município de Santa Teresa”. Os ruídos noturnos, o ambiente “escuro” e o contar vagaroso criaram um clima especial para envolver os alunos nos fatos e mitos da região, alguns tenebrosos.

E assim terminou esse primeiro dia de Viagem, com extensa programação cumprida...

No segundo dia, levantar cedo, tomar café e “pé na estrada”...


Mirante do Vale do Canaã
Mirante do Vale do Canaã
A primeira parada foi no Mirante do Canaã, para usufruirmos da beleza do Vale do Canaã, imortalizado no livro de Graça Aranha, que neste 2002, completa 100 anos da edição, com evento comemorativo .
O local deve merecer maior atenção por parte da administração local. Lixo, mato alto e algumas outras situações que frustram os visitantes.
Santa Teresa está perdendo no turismo pela “leve falta” de não organizar melhor esse recurso natural ...


Na Leite Fiore
Na Leite Fiore
Descido o Vale, passamos pelo “Pé da Serra”, para alcançarmos o Distrito de Santo Antônio do Canaã, antes chamado de Patrimônio de Santo Antônio, ou Patrimônio dos Polacos, um dos poucos vilarejos da região sem maior abrangência de italianos. Continuando, viajamos até a sede da “Leite Fiore”, empresa criadora de gado holandês, única produtora de leite tipo “A” do Espírito Santo.
Na foto ao lado, o Sr. Marcos Cortelleti, um dos proprietários da empresa, explica aos alunos sobre a alimentação dos animais, produzida na própria fazenda de forma balanceada, dentro de modernas técnicas, métodos de fertilização, etc.


Amamentando o bezerro
Amamentando o bezerro
Desde a reprodução até a fase de produção, todo o processo da Leite Fiore é monitorado por computadores, que detectam, inclusive, a queda de produção de cada uma das vacas, etc. Na foto, a aluna Mariana Faé amamenta um bezerro com a mamadeira adequada. O leite tem que estar na temperatura correta, sob riscos à saúde dos animais Conheça mais sobre a empresa e suas iniciativas pioneiras de produção e conquista do mercado, visitando seu site. Clique aqui.

Na Incesa, a prensa
Na Incesa, a prensa
A próxima visita contemplou a Cerâmica Incesa, em São Roque do Canaã. Com a argila vindo de São Paulo começa o processo: o laboratório desenvolve novos produtos, monitora todo o processo de fabricação, formula os esmaltes, tintas de impressão, etc.
A primeira fase da formatação dos pisos é feita em prensa de alta capacidade, procedente da Itália, de onde sai a peça em seu formato e dimensões, de acordo com as necessidades do mercado.


Incesa, linha de produção
Incesa, linha de produção
Desumidificação, esmaltação, impressão serigráfica, queima, acabamentos, controle da qualidade da produção, embalagem, estocagem, controle da qualidade de lotes prontos (por amostragem), expedição... principais partes do processo onde são produzidos pisos com a qualidade necessária e o acabamento desejado pelo mercado. Tantos conteúdos e nomenclaturas novos para os alunos, mas com uma boa assimilação, dada a proximidade com a fonte de pesquisa. Reflexos também no despertar ou afastar de vocações profissionais.


Museu de Biologia Prof. Mello Leitão
Museu de Biologia Prof. Mello Leitão
De volta à Santa Teresa, visita à Igreja Matriz, ao Monumento aos Imigrantes e vista de casas típicas construídas por imigrantes italianos e à Casa Augusto Ruschi, que expõe objetos e fotos referentes ao ilustre cientista, “patrono do meio ambiente”...
Depois, uma visita detalhada ao Museu Mello Leitão, fundado por Ruschi, a quem se deve muito da fama da cidade, já que trouxe personalidades de todo o mundo para visitar a região, levando, como conseqüência, o nome de Santa Teresa às mais distantes paragens ...
Logo na entrada, o busto de Mello Leitão (professor e incentivador das pesquisas de Ruschi), um canhão e uma âncora doados pela Marinha.

Museu Mello Leitão
Museu Mello Leitão
Pavilhão no Mello Leitão
Pavilhão no Mello Leitão
Nas gaiolas (foto da esquerda) diversos tipos de pássaros, macacos e outros animais. Em espaços adequados, diversas cobras...

À direita, foto em frente do pavilhão onde ficam animais “empalhados” e esqueletos diversos. Uma mostra da biodiversidade da Mata Atlântica.


No radar
No radar
A última visita do dia foi ao DPV-32, destacamento da aeronáutica que forma a rede de monitoramento do espaço aéreo brasileiro, fato desconhecido de muitos de nossos alunos, professores e outros capixabas ...
Recebidos pelos funcionários da Aeronáutica, com todo um esquema de segurança digno de reconhecimento, visitamos, dentro do que é permitido, as instalações do radar, com incursões pela física, eletrônica e área de comunicações.


Coral do Circolo Trentino
Coral do Circolo Trentino
De volta ao hotel, após o jantar, fomos brindados com uma apresentação especialmente montada para nós, do Coral do Circolo Trentino de Santa Teresa. Entoando lindas canções italianas, com arranjos especiais e vocais melodiosos, o coral transportou-nos para a cultura que tanta influência produz até hoje na região.


Alunas cantando com o coral
Alunas cantando com o coral
Algumas alunas Da Vinci, lembraram-se das aulas de Italiano realizadas na Escola, resgataram as letras de algumas canções e, juntando-se às vozes do coral, cantaram juntas “Il Mazzolin di Fiore”, “La Bionda”, dentre outras. Um momento significativo de interação e acolhimento de ambas a partes.

Turma ouvindo o Coral
Turma ouvindo o Coral
A platéia, apesar do frio, participou cantando, batendo palmas no ritmo das canções e, ao término, com muitos merecidos aplausos.

Após a apresentação do coral o professor Joelmo não “contou casos”. Nessa noite a ordem era dormir cedo para levantar às 3h30min (madrugada) para assistir Brasil x Inglaterra, valendo pela Copa 2002.

Assistimos à partida no auditório do hotel e vibramos com a vitória do Brasil, de forma cívica e respeitosa, adaptada ao ambiente em que nos encontrávamos.


Casa da família Lambert
Casa da família Lambert
No terceiro dia, saída com destino a Santa Maria do Jetibá, etapa final da viagem. Na saída de Santa Teresa, uma parada para visitar a residência e a capela da Família Lambert, imóveis pelos quais o Da Vinci e alunos voluntários dos 1os anos lutam para serem restaurados em projeto vinculado à Rede de Escolas Associadas da UNESCO, enfrentando grandes dificuldades na obtenção de recursos e viabilização de parcerias. (Clique para ver matéria).


Museu da Imigração Pomerana
Museu da Imigração Pomerana
Em Santa Maria do Jetibá, visita ao Museu da Imigração Pomerana. Objetos, fotografias, documentos, móveis, ferramentas, vestimentas etc. contam a história do povo Pomerano, que colonizou aquelas terras. De se destacar que a região é considerada a cidade mais pomerana do Espírito Santo, quiçá do Brasil, responsável pelo abastecimento de boa parte de hortifrutigranjeiros da Grande Vitória.

Lendo sobre Santa Maria
Lendo sobre Santa Maria
Enquanto um grupo visitava o interior do Museu, outro grupo lia e discutia alguns aspectos do Município de Santa Maria: dimensões, população, densidade demográfica, história, economia, etc. A oportunidade de estudos em campo com estudos sistemáticos, transportando a sala de aula para ambientes improvisados, mas sem prejuízos para a sistematização do conhecimento.

Cemitério de Santa Maria
Cemitério de Santa Maria
A visita ao Cemitério de Santa Maria. Para alguns, a primeira vez em um Cemitério. Diante da naturalidade do coveiro, vieram alguns pensamentos: é assim que terminamos? Só assim?
Os alunos verificaram a pouca idade de alguns sepultos, e indagaram ao coveiro os motivos das mortes, ao que este respondia: acidente de carro, acidente de moto, acidente de cavalo, acidente de carro, acidente de moto... Jovens sentiram a ida de outros jovens. Momentos de profundos sentimentos nessa viagem...
E os contrastes na construção das sepulturas? Observadas as diferenças, mesmo na morte.

Observadas algumas características das construções da cidade, cada vez menos identificadas com as origens, partimos para a última visita: uma casa de descendentes pomeranos.

Família pomerana
Família pomerana
Gentilmente recebidos pela família Marquardt, estivemos algumas horas junto com os pais e os três filhos, que nos passaram diversas experiências e conhecimentos, atuando como sujeitos dos conhecimentos adquiridos na escola da vida. Aqui, um motivo de preocupação para os “viajantes”: a língua alemã foi retirada do currículo escolar local, sendo substituído pelo inglês. Sem perder de vista a necessidade do estudo do inglês, como desconsiderar a língua predominante na região e as tradições históricas ali presentes? A aluna Maraína responsabilizou-se por formular uma correspondência para a Prefeitura local, a fim de questionar os motivos dessa tomada de decisão.

Produção de mudas
Produção de mudas
No viveiro são produzidas as mudas utilizadas pela família. Todos os custos são significativos. O que puder ser produzido com menos gasto, o que puder ser economizado é vital para a sobrevivência da família, que depende, principalmente, da agricultura.

Colhendo pimentão
Colhendo pimentão
Os alunos puderam ter contato mais estreito com a dura realidade enfrentada por produtores rurais, diante da falta de uma política consistente de apoio ao pequeno proprietário. Alguns não resistiram a saborear a gostosa sensação de colher na fonte.

Colhendo chuchu
Colhendo chuchu
Sob a parreira, a colheita de chuchu, por vezes com preços tão baixos que são literalmente jogados aos porcos.
A vida dos agricultores sempre foi difícil. Há a terra, o tempo ora com pouca, ora com muita chuva, há o mercado, às vezes saturado, etc.


Wanderley também colheu
Wanderley também colheu
Wanderley, o caçula, com dois anos, “também quis ajudar” na colheita. Compreendendo e falando somente o Pomerano, sempre precisa da mãe como intérprete.



No galinheiro
No galinheiro
Na granja estão sendo criados frangos para corte, que não pertencem à família. Como funciona? Um cidadão fornece os pintos, alimentação e remédios, vizinhos alugam o galinheiro e a matriarca da família cuida do crescimento, em troca do esterco gerado, que é utilizado na lavoura.
Nossos alunos “urbanos”, corajosamente, seguraram algumas aves, posando para a foto.


Família e alunos
Família e alunos
Antes do lanche preparado pela mãe, quando ofereceu “broti” (bolo de trigo e de banana), com geléias de banana e goiaba, tudo carinhosamente preparado para nossa visita, uma foto dos alunos com os filhos e primos... Recordação de um momento que chega a parecer ficcional, tal a distância com o universo urbano dominado por nossos alunos.

Falar das aprendizagens experimentadas num processo de tal amplitude chega a ser redundante, porque os conteúdos brotam autenticamente de cada etapa vivenciada. O grande mérito das Viagens Acadêmicas Da Vinci é seu caráter interdisciplinar, que permite romper com as fragmentações do conhecimento e tornar realidade a contextualização do saber, em níveis mais expressivos do que ocorre com algumas ditas “revoluções” pedagógicas. Talvez tenha faltado, nessa iniciativa, um maior cuidado com a prática de registros dos alunos, o que nos faz pensar em institucionalizar, também para essas turmas, o diário de bordo típico das Excursões Pedagógicas Da Vinci e Viagens Acadêmicas do Fundamental, mesmo que isso acabe por reduzir roteiros e limitar prazos.

De qualquer forma, outro grande mérito das Viagens Acadêmicas é que elas nunca se dão por acabadas, constituindo um componente flexível, que precisa ser aperfeiçoado constantemente e servir à prospecção como componente de práxis curricular, que oferece ao aluno projeção de vida futura e não uma atividade de “História Instituída, acabada”.


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