O CANAÃ – Romance e Realidade
Em junho de 2002, os alunos do 1º ano Integral do Ensino Médio participaram da Viagem Acadêmica às Três Santas
(clique aqui para ver matéria) quando conheceram o original do “Traslado dos Autos” referente ao processo judicial em que se baseou Graça Aranha para escrever seu romance “Canaã”. Daí surgiu mais uma iniciativa de preservação da memória cultural, com a mediação do Da Vinci.
O documento, guardado no Cartório do Fórum de Santa Leopoldina, é datado de 1891, estando, portanto, na ocasião da visita, com 111 anos de existência, mostrando caligrafia “elegante”, provavelmente com uso de nankin, tinta conhecida dos “mais antigos”.
O processo original foi levado de Santa Leopoldina e seu paradeiro é desconhecido. O Traslado é uma cópia do Processo, feita manualmente (na época não havia meios mecânicos para reprodução), contendo os despachos, resultados de perícias, escritas das sessões de julgamento, argumentos de acusação e defesa, falas de testemunhas, etc.
Apesar de o traslado mostrar o “peso” de 111 anos, com folhas quebradiças, muitas já com pequenas partes perdidas, seu conteúdo é totalmente inteligível, mesmo com as características próprias da linguagem e da grafia da época.
Ainda na viagem, os alunos e professores iniciaram um pensamento sobre a preservação daquele documento com tão significativo valor histórico/cultural, ainda mais considerando-se que em 2002 o “Canaã” completa 100 anos de sua edição, estando previstas algumas ações para marcar a passagem do centenário da obra, considerada o primeiro best seller brasileiro, traduzido para outras línguas.
Após retorno à Escola, foi solicitado ao Dr. Fernado Fraguas Esteves, Juiz da Comarca de Santa Leopoldina, que liberasse o documento por período determinado e que permitisse a realização de cópia, inclusive para o próprio Cartório, de forma que o documento original pudesse ser guardado adequadamente, ficando a cópia disponível para pesquisas.
Assim que conseguida essa anuência, o que demonstra a credibilidade que o Da Vinci vem conquistando na sociedade local pelo seu trabalho histórico-cultural, representantes da escola foram buscar os documentos em Santa Leopoldina, providenciando cópias e digitando todo o material manuscrito. Como ponto-alto da vivência, alguns alunos envolvidos na viagem acadêmica, juntamente com o professor Joelmo Costa, procuraram o Arquivo Público Estadual, onde o Sr. Rogério Piva, do Setor de Restauração, avaliou a situação e forneceu instruções dos procedimentos a serem adotados para a preservação de tão rico material, o que foi devidamente sistematizado pelo Da Vinci, para transmitir aos responsáveis pela guarda do processo.
Depois de adotadas todas as providências, o original, uma cópia em cor e uma cópia em P&B foram levados e entregues ao Juiz da Comarca, com as orientações do arquivo e sugestões para o manuseio do material. Para capear o processo, o Da Vinci providenciou um registro da seqüência de suas iniciativas, para demonstrar como as instituições educativas podem interferir na sociedade de modo consciente, levando os alunos a desenvolverem espírito de cidadania, não apenas como discurso ou ideário, mas como estilo de ser.
Fórum de Santa Leopoldina
Na foto as alunas recebidas na Sala de Audiências pelo Juiz Dr. Fernado Fraguas Esteves, quando da concretização da iniciativa de devolução do processo, com uma nova “roupagem”, para assegurar a preservação. O titular da comarca e o promotor de Justiça local, Dr. Roberto Silveira Silva, além de acolherem nossos alunos com grande cortesia, aproveitaram a oportunidade para apresentar seus pontos de vista a respeito da preservação da memória, incentivando práticas dessa natureza e propondo a parceria do Da Vinci em outros projetos similares, necessários na praça.
Os pés nas águas do Santa Maria
Respirando a atmosfera do fato, as alunas molham seus pés (tênis) no Rio Santa Maria da Vitória, que banha Santa Leopoldina (antigo Porto do Cachoeiro), no Porto das Canoas, ponto de ligação da cidade com a capital...
Com mais essa ação concreta, o Da Vinci, na pessoa de seus alunos e educadores, dá mais um passo para a preservação da memória cultural do Estado, conferindo maior significação ao fato de ser Escola Associada e Coordenadora Regional do PEA-UNESCO. E manifesta seu compromisso no sentido de multiplicar essas iniciativas, para que o Espírito Santo do futuro tenha muito mais a contar do que o Espírito Santo do presente.