"Com seus pincéis, ele tocou fundo em nossa realidade."
(Jorge Amado)
Algumas iniciativas vêm sendo adotadas no Da Vinci para atribuir um caráter mais "cultural" ao horário do recreio, sem pretender interferir nas opções de lazer/estudo escolhidas pelos próprios alunos (simulação de uma rápida partida de futebol; bate-papos informais; interesses acadêmicos individuais, como visita à biblioteca ou elaboração/digitação de trabalhos no Setor de Informática; permanência em sala de aula para estudos em grupo etc.).
Assim é que, volta e meia, os alunos em recreio deparam-se com campanhas educativas; declamações de poemas; movimentos cênicos; pequenas dramatizações; sessões musicais; exposições de fotografias; apresentação de propostas de oficinas extra-curriculares. Essas iniciativas contribuem para propiciar um "entorno" mais rico para os alunos no contexto escolar, além de interferir em sua produção e interesse culturais.
Trata-se de um movimento ainda incipiente, que não prevê obrigatoriedade de participação, mas que consegue adeptos pelo sabor da inovação e pela oportunidade de desenvolvimento e partilha, fora da sala de aula, de competências e habilidades contempladas pela "Teoria das Inteligências Múltiplas".
Dentro desse espírito, através de uma sinergética atuação das alunas Gabriela Pilon e Pétala Mota (2º ano "A"-Ensino Médio, alunas com destaque em iniciativas socioculturais de natureza voluntária), o Da Vinci marcou a passagem dos 40 anos da morte do artista brasileiro Cândido Portinari, com uma singela dramatização do poema de Carlos Drummond de Andrade "As mãos", dedicado ao mestre dos pincéis.
Realizado no auditório, no dia 06 de fevereiro, esse momento cultural contou com a adesão de outros alunos do Ensino Médio como espectadores e representou o lançamento de um projeto a ser desenvolvido ao longo do ano na disciplina de História, em torno da vida e obra de Cândido Portinari.
Por que Portinari? Nascido no interior paulista, a 30 de dezembro de 1903, aquele filho de imigrantes italianos se tornaria um dos mais significativos depositários da cultura nacional. Sua primeira obra abordando uma temática social foi o quadro Despejados (1934); a partir daí, soube explorar muito bem essa temática: seus tipos humildes, cotidianos e verdadeiros mostravam força da expressão em relação ao país que percebia. E o melhor de sua produção era justamente a capacidade de mesclar a realidade bruta - que estava aparente, em modificação constante, e paradoxalmente sendo ignorada - com as memórias inocentes de infância, da vida na casa em que nascera e dos temas religiosos que sempre o acompanharam.
Ao nos juntarmos à cena cultural brasileira na comemoração do centenário do nascimento de Portinari, talento precoce, espírito irrequieto de brasileiro angustiado com os dramas do tempo em que viveu, as disciplinas de História e Arte, em parceria, iniciam um trabalho com os alunos de 2º ano do Ensino Médio que pretende não só resgatar a importância artística da produção do pintor e desenhista, como também (e fundamentalmente) descortinar a visão de um intelectual atento, que, de posse de uma sensibilidade singular, soube traduzir, numa extensão onírica, a sua brasilidade. Tudo a desembocar em produções culturais e acadêmicas dos alunos envolvidos.