Em tempos passados, nas escolas confessionais/religiosas, os estudantes encontrávamo-nos sempre com a Virgem Maria (na gruta) ou com o Cristo Redentor (na capela); mas nos dias das temidas/queridas provas, o enfoque era diferenciado, variando de acordo com a “sabedoria” que acumulávamos no dia da realização de cada avaliação. Retornando ao presente e observando o cotidiano escolar, pensava que esse ritual fizesse parte apenas da história dos mais antigos.
Antes do início das verificações do 2º período no Da Vinci, como um hábito no exercício de minhas funções, transitava pelas salas de aula para observar/auxiliar e, se necessário, prestar orientações a alunos ou administrar suas reclamações e dificuldades. Pois bem, de repente deparei-me com uma situação inusitada, frente à qual minha reação poderia ter sido de surpresa ou incompreensão, se já não a tivesse vivido. Nesse mergulho na memória, reagi com surpresa e saudade, revisitando sentimentos, medos e apreensões que acometem a muitos em diferentes tempos, pelos mesmos motivos.
Mesmo conhecedor da regra institucional no sentido de que “em dias de provas, deve estar sobre as carteiras o mínimo necessário: lápis, caneta, borracha e régua”, o aluno Pedro Henrique Bergi Reis, da 6ª Integral, mantinha, sobre sua carteira, uma caixinha semelhante aos embrulhos de presente. A princípio, surpreendeu-me a naturalidade e espontaneidade que o aluno demonstrava no trato com o material estranho que portava consigo; pelas evidências, não devia tratar-se de uma transgressão ao código de regras da escola.
Sem receio de deixar o aluno estressado para a realização da prova que seria iniciada dali a pouco (cuidado que as escolas devem ter na contemporaneidade, já que motivos os mais corriqueiros e necessários de serem vividos oportunizam, por parte dos alunos, reações e reivindicações das mais diferentes ordens), aproximei-me, meio que instintivamente, para conhecer o conteúdo daquele pequeno volume.
À nossa presença, Pedro reagiu com certo prazer e apresentou-nos uma caixa bem forrada, contendo motivos religiosos: santinho, terço, água benta ... Irresistível! Impossível deixar de registrar o momento, pela sua significação no histórico da escola e para fins de pensamento/reflexão sobre os momentos inusitados do cotidiano pedagógico-educativo. Após documentarmos o fato, na forma de registros fotográficos, tivemos o cuidado de devolver o precioso objeto ao seu portador, poucos minutos após o início da prova.
Caixa de pertences religiosos
O Da Vinci está desenvolvendo um projeto de paisagismo para o seu terreno por detrás da Escola, que faz parte da Reserva Ecológica Itapenambi, tombado como área de preservação ambiental. Pequenos jardins, com motivos diferenciados de acordo com a cultura e costumes de diferentes países, farão parte da ambientação, toda organizada por funcionários da área administrativa do Da Vinci (serviços de jardinagem).
Portal japonês integrado à paisagem
A beleza das cores e perfume das flores; o contorno das pedras e o movimento da areia, as curvas e retas, formas e espécies da vegetação, enfim, toda a riqueza que nos é oferecida pela natureza será ampliada pelo homem em um cenário que pretende trazer boas sensações para cada um, de acordo com sua sensibilidade e individualidade. Quem sabe esse espaço não possa ser utilizado para o encontro dos alunos consigo mesmos em situações que exijam concentração/parada interior, como em dias de provas ou momentos outros, de acordo com a agenda interna de cada um?
Cantinhos ajardinados da Escola...
A propósito: Pedro saiu-se muito vem na verificação de matemática, seu terror! Quando se está sabedor, até os santos ajudam.