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Viagem Acadêmica para Campos do Jordão/Taubaté : Permanências e Mudanças
25/09/2009 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub

A viagem acadêmica para Campos do Jordão/Taubaté, em sua versão de 2009, teve como ponto alto a aplicação dos princípios vincianos (curiosidade, sensação, demonstração, inter-relação Arte/Ciências, corporalidade, conexão e “sfumato”) como uma espécie de tema transversal, servindo de base para reflexão sobre diversos aspectos do roteiro e apropriação do entorno como cenário educativo. Ao experimentar individualmente tais princípios e partilhá-los com seus pares, os alunos firmaram-se como protagonistas do processo, desenvolvendo olhar observador, potencial de reflexão e estabelecimento de relações como bagagens permanentes.

O museu pedagógico do Sítio do Pica-pau Amarelo:
fonte de curiosidade para os alunos e um mergulho no tempo de Lobato.










O princípio vinciano da demonstração sentido
de perto pelos alunos, nos Figureiros de Taubaté.













Vivenciando os princípios da sensação e da arte/ciência no Museu Felícia Leirner: interação respeitosa com a obra de arte.













No tocante aos locais que já compõem a programação, os destaques ficaram por conta do Parque Municipal Vale do Itaim, que propiciou aos alunos momentos culturais e de entretenimento e a perspectiva de se aliarem aos personagens-monitores como divulgadores do legado de Lobato; bem como do acesso à uma residência de inverno, onde o grupo pôde captar os detalhes estético-funcionais da edificação, observar sua integração à paisagem e usufruir um café colonial em clima intimista, aliando simplicidade e requinte.





Parque Municipal Vale do Itaim - flashes de uma visita qualitativa,propiciadora de muitas conexões:







Quanto aos demais itens que compõem o roteiro (Sítio do Pica-pau Amarelo, Figureiros de Taubaté, Museu Mazzaropi, Auditório Cláudio Santoro e Museu Felícia Leirner, Palácio Boa Vista), nossa experiência demonstra que, de um ano para outro, há variação na qualidade dos serviços e também no cuidado com a infraestrutura, mas não há como retirá-los do roteiro, quer pela riqueza de seu acervo e do entorno, quer porque a própria Escola instrumentaliza os alunos com conhecimentos prévios que lhes permitam usufruir cada visita, no que tem de singular.

As inovações feitas na programação, com a incorporação dos Jardins do Amantikir e da Fazenda Baronesa Von Leithner (em Campos do Jordão), superaram as expectativas, pois permitiram que os alunos vivenciassem os princípios da demonstração, sensação e conexão de forma incisiva, ao transitarem por espaços naturais que revelam visão de desenvolvimento sustentável e exploração racional de recursos. Com efeito, as etapas de produção, industrialização e oferta para consumo de mudas, geleias e frutas são feitas nesses locais com planejamento estratégico e responsabilidade sociocultural. Os contatos com os monitores superaram a mera transmissão de informações, revelando habilidade de interlocução com nossos alunos, os quais por sua vez demonstraram repertório prévio sobre os locais e interesse pelo conhecimento aplicado.


Os Jardins do Amantikir: réplicas de jardins de todo o mundo, despertando sensações e curiosidades nos alunos-viajantes.










Café colonial na Fazenda Baronesa Von Leithner: degustando e apreciando produtos típicos da região.











Durante o trajeto por São Paulo, os alunos foram municiados com muitas informações/curiosidades/ampliações sobre o entorno, além de usufruírem uma visita panorâmica à Pinacoteca, oportunidade de testar suas percepções em torno do princípio da Arte/Ciência e resgatar diversos conteúdos trabalhados na etapa preparatória para a viagem – e, o que é mais importante, vivenciando com liberdade a apreciação estética e a produção de comentários e reflexões sobre o acervo experienciado.

O ideário da Escola quanto à educação alimentar foi privilegiado durante todo o percurso, uma vez que durante os lanches/refeições os alunos tiveram acesso a alimentos saudáveis e diversidade de sucos, não consumindo refrigerantes nem guloseimas. Assim, a viagem acadêmica configura-se uma extensão da sala de aula, valendo as mesmas regras do cotidiano e diferenciando a viagem acadêmica de outras práticas não especializadas de contato com a realidade. Os alunos perceberam autonomamente que o cuidado da Escola com a educação alimentar e o incentivo que se fez à atividade física e movimentação corporal, durante a viagem, compõem manifestações do princípio vinciano da corporalidade.



A educação alimentar do Da Vinci transposta para a viagem acadêmica:





As apresentações culturais feitas pelos alunos com base nas obras de Lobato (campanha educativa sobre “O Minotauro”, contação de histórias sobre “O Garimpeiro do Rio das Garças”, dramatização pautada no “Dom Quixote para crianças” e proposição de jogos lúdicos com base nos dois tomos de “Os doze trabalhos de Hércules”) revelaram-se produtivas e diversificadas, despertando um interesse geral do grupo para ampliação da competência leitora e apropriação da multidisciplinaridade presente no acervo de Lobato, revelada no resgate de clássicos da Literatura e também no trânsito por diversas áreas do conhecimento, com destaque para a Mitologia.

A produção do Diário de Bordo, como parte da programação noturna, teve como tônica estimular os alunos a apresentar percepções sensoriais e a registrar impressões personalizadas, visando à apropriação da perspectiva cultural com estilo próprio (sem padronizações). Já a etapa da pós-viagem consistirá na produção de uma carta para pessoa do círculo de relações de cada aluno, em que o autor deve partilhar sua visão quanto aos princípios vincianos em um ou mais pontos do roteiro, demonstrando suas aprendizagens, percepções e compreensões do legado de Leonardo da Vinci como modelo permanente de formação para a vida, fazendo do conhecimento um aliado da felicidade. Oportunamente, para dar visibilidade ao princípio da demonstração, divulgaremos as produções culturais dos alunos a serem geradas nesse contexto.

A produção dos diários de bordo, durante o processo, serve como memória de viagem e exercita as habilidades de análise e síntese dos alunos.










Momentos de “apadrinhamento literário” durante a viagem: contação de histórias por alunos Da Vinci, sobre a obra “O garimpeiro do Rio das Garças”.












Sentir nossos alunos atuando como pequenos Da Vinci, incorporando os princípios de forma natural e consciente durante a viagem acadêmica, assumiu dimensão especial por força da celebração do vintenário da Escola. É mais um marco deste ano comemorativo, tão representativo para a fusão entre permanências e mudanças que inspira nosso projeto educativo.


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