No dia 18 de março de 2010, o Da Vinci recebeu (pela 2ª vez) o Dr. JOSÉ OUTEIRAL, médico, psiquiatra, psicanalista, ex-professor, autor de livros e artigos, para proferir palestra aos pais com a temática “Família, infância e adolescência nos dias de hoje”.
Com vasto conhecimento sobre o ambiente escolar e experiência clínica, o Dr. Outeiral falou para pais de alunos do Infantil ao 6º ano do Fundamental. Com o Anfiteatro do Da Vinci lotado, o psicanalista salientou que o mundo adulto está em extinção, o que é preocupante, visto que, na escola ou na família, é o adulto quem deve cuidar, proteger, servir de referência, impor limites, fazendo com que os seres em formação tenham um desenvolvimento sadio.
Durante a palestra, foram pontuados os principais conflitos que os pais enfrentam atualmente na educação dos filhos, mostrando também que a adolescência está começando cada vez mais cedo e prolongando-se, pois os adultos não querem encarar o mundo de responsabilidades. A infância, por sua vez, está sendo “desinventada”, devido à erotização precoce das crianças e à sua transformação em consumidores (com a “desinvenção” do brincar, o prazer é deslocado para o consumo).
Segundo o especialista, o ato de brincar é importante, pois é por meio dele que os vínculos são criados e consequentemente problemas como droga e violência encontram menos campo para acontecer. A mudança das estruturas familiares e da cultura fez com que conceitos e paradigmas antes bem estabelecidos mudassem ou deixassem de existir. A perda do referencial adulto traz como conseqüência a falta de alguém em quem a criança de espelhar, para estabelecer identificações estruturantes e saudáveis.
Nesse contexto, estabelecer limites é fundamental e deve acontecer ao longo da formação, mesmo sendo um processo difícil e complexo. É na imposição de limites que os pais e as escolas mostram aos filhos/alunos o que é certo e errado, resgatando o diálogo como forma de superação de conflitos e meio de aproximação.
No final da palestra, o Dr. Outeiral respondeu a questionamentos e convidou os interessados para, na manhã do dia seguinte, continuarem a refletir sobre o tema apresentado. A palestra em si constituiu um momento de compromisso e interação, com muito aprendizado e esclarecimentos para representantes da escola e famílias.
Já no dia seguinte, três “pais” retornaram à Escola para partilhar suas angústias e dúvidas nesse contexto de relativismo de valores, contando com a interlocução de um profissional experiente e acolhedor. Apesar da quantidade mínima, o grupo de discussão vivenciou uma rara oportunidade de formação como pais educadores.
A Escola manifesta sua crença em que “paradas reflexivas” como esta podem servir para instituir um modelo de relação mais representativo para Escola e famílias, que contribua para responder aos desafios da sociedade contemporânea e resgatar a missão dos adultos na formação das atuais gerações, tão necessitada de limites e norteadores.