A gincana cultural que constitui um dos marcos da transição do 9º ano do Fundamental para a 1ª série do Ensino Médio (ver seção “Perspectiva cultural”, subseção “Gincana cultural”, neste site), em 2010 pautada na vida e obra de Oscar Niemeyer, passou por uma simplificação na estrutura (sem comprometimento da qualidade e objetivos), de forma a minimizar os impactos sobre os tempos acadêmicos e oportunizar a apropriação de conteúdos específicos, a partir da perspectiva cultural.
Dividida em dois blocos (as tarefas individuais e as tarefas coletivas), a gincana contemplou tanto o empenho individual dos alunos no contato com o conhecimento, lidando com uma espécie de tema transversal; quanto o potencial das turmas para responder a desafios que exigem atuação conjunta e divisão de papeis.
As tarefas individuais foram executadas nas disciplinas de Português; Química; Geografia e Línguas Estrangeiras e propiciaram pesquisa, leitura e produção sobre focos diversificados, desde o perfil multifacetado de Niemeyer até a repercussão de sua obra no exterior, passando pela construção de Brasília como marco histórico e ideal de brasilidade, além da avaliação dos impactos da corrosão sobre obras arquitetônicas.
No já tradicional “concurso de redação” acoplado à gincana, os alunos tiveram a opção de fazer uma narrativa em torno da construção de Brasília, apresentar uma exposição de motivos quanto à mudança da Capital Federal para outro local, discorrer sobre a utopia na obra de Niemeyer ou elaborar uma análise crítico-interpretativa de obra de seu acervo. A avaliação alcançada por alunos no concurso de redação auxiliará na aferição de seu desempenho individual.
Já a execução das tarefas coletivas ficou toda concentrada no último dia 30/04 (sexta-feira), tomando todo o turno da manhã. Alternando-se entre a sala de Artes (para executar tarefas-relâmpago), as salas de aula (para aprimorar apresentações que se dariam no curso do dia); o anfiteatro e a quadra grande (para socializar as produções por força de tarefas previamente divulgadas) e o Laboratório de Informática (para aplicar conhecimentos matemáticos à obra de Niemeyer), os alunos demonstraram envolvimento e poder de mobilização, “saindo do quadrado” para dar vazão a potencial artístico e crítico, bem como interferir na realidade e propor soluções.
Tarefas- relâmpago
As tarefas-relâmpago, só divulgadas pela comissão coordenadora no dia de culminância da gincana, consistiram na produção de uma caricatura do “Gênio da Arquitetura” e na confecção de uma réplica em argila do “Museu do Olho” (em Curitiba), resultando em instigantes trabalhos, como demonstram algumas fotografias tiradas no dia do evento. É interessante destacar as diferentes inteligências múltiplas que são testadas em atividades dessa natureza, exigindo dos alunos a demonstração de olhar observador, potencial criativo e habilidade para empregar técnicas artísticas em tempos demarcados para execução. O repertório cultural adquirido pelos alunos-produtores ao longo do processo transpareceu nas conexões feitas na composição da imagem e também na explanação oral, em que, inspirando-se na atitude de Niemeyer frente à arquitetura-arte, justificaram, explicaram e defenderam cada uma de suas criações.
No tocante às tarefas prévias, a obra de Niemeyer foi tomada como foco para aplicação do conceito de desenvolvimento sustentável; criação de uma obra inspirada no legado do grande mestre, para instalação em Vitória; montagem de uma coreografia que trouxesse marcas registradas de obras do acervo do “arquiteto de Brasília” (incluindo esculturas). As produções dos alunos mostraram-se consistentes e fundadas em exposição de motivos, de forma a contextualizar os espectadores e a estabelecer conexões entre diferentes campos do conhecimento.
A concepção de uma arquitetura menos devastadora sobre o meio-ambiente levou os alunos a propor interferências na estrutura e funcionamento da Igreja São Francisco de Assis; Memorial da América Latina; Museu de Arte Contemporânea e Palácio do Planalto; tudo sob fundamentação científica e conhecimento de causa. Já a proposição de obras arquitetônicas inspiradas em Niemeyer, para Vitória, oscilou entre museus e bibliotecas, privilegiando tanto áreas que necessitam de revitalização (Parque Moscoso e imediações da rodoviária) até áreas nobres (Praça do Papa), de forma a atingir diferentes públicos-alvo e transformar a arquitetura em um veio para disseminação da cultura. O estilo arrojado e sinuoso de Niemeyer tomou forma em maquetes e apresentações digitais, exigindo também dos alunos habilidade na argumentação e exposição de motivos.
A tarefa inerente às coreografias, executada na quadra grande, possibilitou que alunos com inteligência sinestésica ou outros com limitação nesse campo concebessem formas próprias de movimento, além de instigar à demonstração de outros talentos (escrita; canto; manuseio de instrumento). Foi um momento bonito e diversificado, em que “meninas” e “meninos” trouxeram representações corporais de obras de Niemeyer, com leveza, desenvoltura e ousadia. E, o que é mais significativo, com diversidade de estilos e técnicas.
Coreografias
Passa e repassa
Por fim, a tarefa inerente à transposição dos conceitos de parábolas e de funções/equações de segundo grau para a Igreja São Francisco de Assis, na Pampulha, com aplicação do programa digital Modellus, desafiou os alunos a aplicarem conhecimentos escolares à realidade, atribuindo intencionalidade a seu pensamento lógico-matemático. Foi a tarefa em que houve maior oscilação de desempenhos, quer por sua natureza precisa, quer por seu conteúdo só ter sido divulgado no dia de culminância.
A finalização do “dia coletivo da gincana” deu-se com uma dinâmica de PASSA-REPASSA, testando os conhecimentos dos alunos a partir do foco histórico-artístico, com perguntas de nível mediano para difícil, e com pagamentos de prendas que variaram de habilidades corporais até conhecimentos linguísticos (“soletrando”). Esse tipo de atividade é fundamental para regatar técnicas de leitura e memorização que favoreçam a evocação de conhecimentos adquiridos no processo. Os alunos participantes servem de referência para a demonstração de diferentes atitudes no contato com o conhecimento e dos reflexos dessas atitudes para o desempenho em provas orais, pois costuma sair vencedor quem demonstra hábitos de estudo e registro mais consistentes.
Cada tarefa foi julgada por uma comissão de professores, que levaram em conta critérios como amplitude do conhecimento; clareza e expressividade da linguagem; qualidade das apresentações; criatividade; repertório cultural; equilíbrio, proporção, acabamento etc. Pelo conjunto da obra, a 1ª série “A” foi consagrada a grande vencedora da parte coletiva da gincana, como demonstra a apuração de resultados abaixo divulgada.
GINCANA CULTURAL SOBRE OSCAR NIEMEYER :
APURAÇÃO DA PONTUAÇÃO NA TAREFA COLETIVA
Especificação da tarefa | 1ºA |
1ºB |
1ºI1 |
1ºI2 |
Tarefa-Relâmpago (Caricatura de Niemeyer) |
10 |
7 |
9 |
8 |
Tarefa-Relâmpago (Maquete em argila) |
10 |
7 |
8 |
9 |
Tarefa Prévia (aplicação de conceitos matemáticos à obra de Niemeyer – programa Modellus) |
10 |
0 |
4,5 |
6,5 |
Tarefa Prévia (Passa-Repassa) |
10 |
9 |
8 |
7 |
Tarefa Prévia (intervenção em obra de Niemeyer, sob o foco da sustentabilidade) |
7 |
9 |
8 |
10 |
Tarefa Prévia (instalação de uma obra inspirada em Niemeyer, em Vitória) |
7 |
8 |
9 |
10 |
Tarefa Prévia (coreografia inspirada em Niemeyer) |
10 |
8,5 |
9 |
8 |
Média Aritmética obtida pela turma (nota compartilhada) |
9,1 |
6,9 |
7,9 |
8,4 |
Critérios de avaliação:
Caricatura de Niemeyer: criatividade; “limpeza”; apresentação; repertório cultural.
Maquete em argila|: equilíbrio; proporção; forma; acabamento; organização; criatividade.
Programa Modellus : execução da tarefa e aspecto qualitativo da produção.
Intervenção em obra de Niemeyer; instalação de obra inspirada em Niemeyer, em Vitória: amplitude do conhecimento; clareza e expressividade da linguagem; qualidade da apresentação.
Coreografia inspirada em Niemeyer : expressão corporal (execução); música e texto (composição).