O que poderia ter gerado uma contribuição interessante pela informação (matéria sobre construtivismo intitulada “Salto no escuro”: Veja, edição 2164, de 12 mai. 2010) transformou-se em mais um desserviço sobre o polêmico tema da educação brasileira, tão necessitado de colaboração coletiva para seu aprimoramento.
A partir da constatação de que “o construtivismo é definido erradamente como um método de ensino”, bem como de que “a aplicação prática feita nas escolas tem apenas o mesmo nome da teoria de Piaget”, aquela abordagem poderia ter tomado o caminho da dificuldade existente no tocante ao ensino/aprendizagem no Brasil, cujo foco real está na falta de preparo profissional dos professores e do repertório cultural destes mesmos, como também do povo brasileiro no geral.
Transpor estudos teóricos para práticas coerentes exige conhecimento, reflexão, transposição, ação e reflexões sucessivas. É patente que as universidades brasileiras não formam profissionais com essa consciência, assim como as escolas nas quais eles atuam geralmente não lhes propiciam a formação continuada.
Isso também vale para o que a matéria considerou como pedagogia tradicional, visto que, até bem recentemente, um sem-número de alunos abandonavam a escola por não conseguirem “ligar letras”. Outros exemplos que costumam ser citados para legitimar o método tradicional (tais como ensino de ortografia ou de fração) também não resistem a uma leitura crítica, quando os professores se revelam despreparados ou (o que é pior) desconhecedores da teoria para respaldar a prática responsável.
O Da Vinci é uma escola de prática predominantemente tradicional, mas com professores empenhados em sua formação. Conhecedores da teoria de Piaget, não a utilizamos como método porque não o é, mas não a desprezamos, porque reconhecemos sua profundidade, especialmente no tocante aos estágios da aprendizagem.
Desinformações sobre o construtivismo podem levar a “massa” de professores a descartarem mais uma perspectiva (por ouvirem dizer que é pior do que outras), sem se aprofundarem em um estudo ampliado. "Métodos" fonético, eclético, construtivista ou outros não levam à aprendizagem quando não há ensino comprometido nem profissionais preparados para executá-lo, em todas as áreas: inclusive na da comunicação.