Divulgamos o resultado final da gincana cultural realizada com as primeiras séries do Ensino Médio, tendo como tema a vida e obra de Oscar Niemeyer. Na apuração, consideramos as tarefas individuais em diferentes campos do conhecimento e as coletivas, estas conhecidas previamente e/ou apresentadas apenas no momento da execução.
SÉRIE MÉDIA DA TURMA CLASSIFICAÇÃO
1ª A 8,4 1º LUGAR
1ª I-2 8,02 2º LUGAR
1ª I-1 7,85 3º LUGAR
1ª B 7,27 4º LUGAR
No cômputo da média de cada turma, foram consideradas apenas as produções dos alunos que cumpriram todas as tarefas individuais. O detalhamento dos resultados por aluno (somatório de desempenhos em tarefas individuais; de grupo e coletivas) foi afixado em sala de aula, para conhecimento dos interessados.
O mérito da gincana está em sua diversidade de produção e avaliação, instigando os envolvidos a refletirem sobre suas diferentes respostas no contato com instrumentos avaliativos diversificados, desafios de diferentes naturezas, apropriação de conhecimentos específicos e demonstração de habilidades e competências.
O Da Vinci parabeniza a todos os participantes, faz uma menção honrosa à turma vencedora (pelo conjunto da obra) e deixa a mensagem para os alunos no sentido de buscarem a autorreflexão a partir de sua performance na gincana, considerando a perspectiva cultural como um incentivo para o crescimento pessoal e acadêmico.
Aproveitamos o ensejo para socializar também os vencedores do concurso de redação realizado como uma das tarefas individuais da gincana.
A seleção e classificação foi feita por profissionais da área de “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”, os quais cuidaram tanto da avaliação individual quanto da triagem dos melhores textos e definição dos vencedores.
A comissão julgadora encontrou dificuldades para escolher os vencedores, uma vez que havia um número representativo de bons textos “na final”. Optou-se por premiar, então, aqueles em que havia maior conjugação dos seguintes itens: demonstração de repertório cultural, estilo de expressão, apuro de vocabulário, domínio de norma-padrão, tomada de posição e senso crítico.
Mesmo considerando que toda avaliação de redações carrega uma carga de subjetividade, buscamos clareza de critérios para reduzir ao mínimo esse aspecto. Enaltecemos a qualidade dos textos vencedores, em sua singularidade e estilo, os quais ora são divulgados para cumprir a função social de demonstrar o potencial da escrita como forma de socialização da perspectiva cultural que norteia tantas iniciativas do Da Vinci.
Parabenizamos também todo o corpo de alunos da 1ª série do Ensino Médio, por sua consideração e envolvimento em relação à proposta.
1º LUGAR
ALUNA: THAÍSSA VICTA TEIXEIRA – 1ª I-1
GÊNERO: DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
NIEMEYER, transgressor destemido, libertou-nos do que parecia impossível: o imperialismo artístico europeu. Nosso salva-vidas estava na novidade trazida pelo gênio, que brinca com o concreto armado fazendo suas curvas rodopiarem pelo ar, dando origem a uma nova era. Tal aspecto caracteriza o arquiteto como gênio da imaginação, que desde pequeno já demonstrava suas aptidões para o desenho.
Manifestando seu senso crítico e sua bravura, usou o conjunto da Pampulha como forma de introdução ao protesto contra a arquitetura vigente. Suas linhas curvas demonstram seu brado ensurdecedor contra as teimosas formas retilíneas, que se tornaram obsoletas ... Jamais havia existido um caráter tão criativo e ousado, a ponto de provocar tamanho rompimento na arquitetura brasileira.
Além disso, o gênio foi capaz de outra revolução: levou a arquitetura nacional para fora do país, permitindo a formação de nossa própria identidade cultural. Suas exposições ao redor do mundo despertaram o interesse adormecido dos estrangeiros em relação ao Brasil, os quais passaram, assim, a admirar nossa arte e a incorporá-la às suas cidades.
Portanto, com certeza podemos atribuir a Niemeyer o título de “arquiteto da utopia”. Ser inquieto e multifacetado como outro gênio, Da Vinci, quebrou barreiras com o poder de sua imaginação; e certamente representa um exemplo de vida para todos nós. Além de tudo, desvendou o enigma de sua obra com, talvez, sua declaração mais preciosa, uma lição final: “A arte tem na beleza sua própria justificativa”.
2º LUGAR
ALUNO: LUCAS ABIGUENEM TEIXEIRA – 1ª A
GÊNERO: CRÍTICO-INTERPRETATIVO
Muitas pessoas, talvez cercadas pela mediocridade cultural, pensam que o grandioso gênio da contemporaneidade, Oscar Niemeyer, é apenas um “simples” arquiteto. Talvez ainda não saibam do conturbado caráter político que o cerca ou das múltiplas habilidades que possui. Niemeyer é, sem dúvidas, um ser multifacetado, que revisita, ao longo de sua obra, o amplo legado deixado pelo mestre Da Vinci: o da inesgotabilidade da arte.
Assim sendo, Niemeyer, com seu caráter inquieto, revelou-se também na escultura. E com grande aptidão. Foi nela que deu maior vazão à sua veia política e ao fenômeno impactante do protesto. Fez, então, especialmente uma obra que, segundo o arquiteto, é uma homenagem ao povo cubano. Nela, é retratado o capitalismo como um monstro devorador e o comunismo, com a bandeira cubana. Isso se deve ao fato de Niemeyer ser um comunista extremado, que chegou até por um tempo a exilar-se do país por esse motivo. Não sou um adepto desse ideal (comunista), mas o admiro muito por seu caráter honesto de revelar-se a favor desses ideais e fazer da arte um meio para isso.
Enfim, fica até confuso escrever sobre esse gênio que é Oscar Niemeyer e ainda o analisar sob a ótica ideológica. As curvas, as esculturas ... Em meio a tantas complexidades que envolvem o arquiteto, o melhor é nos apropriamos um pouco de seu caráter inquieto para jamais nos rendermos à acomodação e à inércia.
3º LUGAR
ALUNA: BEATRIZ FRAGA DE FIGUEIREDO – 1ª I-2
GÊNERO: NARRATIVO
Nunca sonhei tanto com um dia como sonhei com o de hoje. Foram noites perdidas, invadidas pela angústia. Demoro para acreditar, até hoje, que Brasília está de pé. Surpreendo-me, também, ao perceber que minhas mãos ajudaram a erguê-la. Orgulho-me ao olhar para trás e recordar a longa trajetória percorrida.
Logo que fui convidado pelo chefe da nação para arquitetar a nova capital, hesitei. Refleti durante dias. Seria possível construir uma cidade em meio ao vazio do cerrado? Lúcio, meu amigo de longa data, me encorajou. Apresentou-me ao inacreditável “Plano Piloto” e me persuadiu a aceitar o convite.
Até hoje, me recordo, com clareza, do primeiro dia de obra. Todos estavam fervorosos. Em meio à multidão, operários e engenheiros, ricos e pobres, brancos e negros; todos unidos em prol de uma única e nobre causa: fazer com que Brasília saísse do projeto. Projeto auspicioso, diga-se de passagem; afinal, quem imaginara criar uma cidade com a improvável forma de avião?
Por mais ousado que parecesse, todos da multidão ali presente acreditavam. Foram dias, meses e anos inteiramente dedicados à construção da nova capital. Com o passar do tempo, me encantava observar as curvas que eram criadas. As formas invadiam nossas retinas e os detalhes milimétricos nos maravilhavam. Aos poucos, Brasília deixava de ser um vazio e se tornava arte viva.
Hoje, dia 21 de abril de 1960, 43 meses após o início do incansável trabalho, orgulho-me ao olhar para trás e admirar o que foi feito. A nova capital não poderia ter sido erguida sem a plena igualdade que era vivenciada nos incontáveis dias de trabalho. Nesse momento, na inauguração da tão sonhada Brasília, ao lado dos milhares de trabalhadores, é impossível admirar esse conjunto arquitetônico e conter as lágrimas.
4º LUGAR
ALUNA: MARINA SALEME DE MENEZES – 1ª B
GÊNERO: CRÍTICO-INTERPRETATIVO
Sob o olhar genial do homem, os rabiscos tomavam forma. Sua alma inquieta comandava sua mão, para que esta habilmente transpusesse para o papel sem vida aquilo que sua mente queria expressar. Detalhes minuciosos foram acrescidos e Oscar Niemeyer iniciaria mais uma grande obra.
O gigante feroz e temido, esculpido com aço, mostra seus dentes e sua força contra o pequeno homem à sua frente. Parecendo minúsculo e indefeso diante do potente monstro, o ser é tomado pela coragem e pelo patriotismo e mune-se da bandeira para enfrentar a criatura.
A bandeira não é uma qualquer: aquele bravo homem agarra-se à bandeira cubana e faz desta sua arma contra o monstro imperialista dos Estados Unidos. Eis, então, a escultura pronta.
Tratando-se do astuto e nada simplista Oscar Niemeyer, essa obra contém uma mensagem subliminar, como não poderia deixar de ser. O sanguinário monstro representa os potentes Estados Unidos, impondo a soberania capitalista sobre a socialista Cuba. Para representar seus ideais comunistas, o gênio escultor colocou o homem cubano defendendo-se do gigante, mesmo estando em desvantagem.
Para todos os observadores, essa obra é no mínimo intrigante. Transbordando o estilo Niemeyer, ela não poderia deixar de transparecer seus pensamentos, obrigando aqueles que a veem a interagirem e a refletirem sobre a rixa dos capitalistas contra os socialistas.
5º LUGAR
ALUNA: CAMILA TAKLA DE BIASE – 1ª B
GÊNERO: NARRATIVO
HOJE É O PASSADO DE AMANHÃ
Começar do zero é sempre uma tarefa um tanto complexa. É como cair no abismo, não tendo onde se segurar. Mas um desafio não é só um desafio; é também uma chance de crescer como pessoa e profissional. Por isso, aceitei o ousado convite de Kubitschek para participar da construção de Brasília, a futura capital do país.
Que a verdade seja dita, sinto-me entorpecido pelo desânimo ao olhar para centros empresariais, praças, pontes sem expressão, como se tivessem sido criadas somente para “cumprir tabela”. Quero aproveitar esta grande oportunidade para revolucionar a arquitetura. Chega de ângulos retos e linhas duras e inflexíveis; o Universo é repleto de curvas. E são essas curvas que vou explorar. As curvas delicadas da mulher amada e do seu bebê confortável no regaço materno; as curvas angulosas das montanhas; as curvas gélidas das nuvens.
Todos os dias, ao acordar, me vem à cabeça a imensidão da responsabilidade que a mim foi entregue, e isso me deixa aflito. Mas me tranquilizo rapidamente ao reconhecer que estou livre para fazer hoje o passado de amanhã.