Fórum FAAP 2010
por Caio Pessanha Marques - 2a I-1
Na minha primeira participação no Fórum FAAP (em 2009), o fato de sair de Vitória em um feriado, para participar de uma simulação na qual eu deveria basicamente estudar, deu um certo desânimo. Porém, na segunda vez, isso já não influenciava em nada. As experiências adquiridas nestes quatro dias de trabalho superam as de uma semana normal em sala de aula. A autonomia proporcionada aos alunos (tanto por parte do Da Vinci como por parte da própria FAAP), em um debate desta natureza, é sinônimo de confiança e dever. Confiança para representarmos a Escola na simulação da ONU mais reconhecida do Brasil - defendendo ideias que não são necessariamente as nossas, e sim as do país que defendemos - e dever de fazer nosso comitê “andar”, o que depende mais do aluno do que do país que lhe é destinado.
No meu caso, a missão era nobre: representar o Paquistão no CDH (Conselho dos Direitos Humanos), tendo como foco do debate a questão da violação dos Direitos Humanos, na Caxemira. Não foi tarefa fácil, ainda mais com a atuação do comitê de imprensa e das pessoas que faziam valer os seus respectivos propósitos no comitê em que me encontrava, a exemplo dos delegados da Índia, Nicarágua, Bangladesh, Ucrânia e Rússia, os quais, assim como eu (salvo a Rússia), receberam menção honrosa por suas participações.
A situação ficou muito crítica após um
coffee break, durante o qual os organizadores da FAAP divulgaram o apoio do Paquistão a um ataque terrorista na Índia. Desse momento em diante, o comitê virou de ponta-cabeça. O apoio que eu tinha conquistado foi perdido, os quatro delegados (já citados por suas excepcionais participações) distorceram meus discursos e todos os outros 45 delegados (ao lado da imprensa) passaram a me atacar e pareciam ter esquecido o apoio que eles mesmos haviam dado ao plebiscito que eu tanto defendia, inclusive a Ana Clara Dal`Col Benevides (Noruega – CDH) e a Anna Carolina Caliari Ottoni Barbosa (África do Sul – CDH), estudantes do CELV. Houve uma crise permanente no Comitê. À noite no hotel, com a orientação do professor Joelmo Costa, organizei minha defesa para os debates no dia seguinte.
Caio Pessanha, Menção Honrosa como delegado do Paquistão CDH
Aguentar a “barra” e fazer valer o ponto de vista do Paquistão foi difícil, muito difícil, tanto que chegava a me exaltar em minhas falas e pedia constantemente o direito de privilégio pessoal, como forma de defesa. A notícia, que causou essa espécie de “pânico” em minha atuação no Fórum, era, na verdade, para abrir a crise no CS (Conselho de Segurança). Como não havia representantes do Paquistão nem da Índia nesse Conselho, fomos chamados para fazer os discursos cabíveis. Este comitê debatia tudo em inglês e, apesar da FAAP ter oferecido tradutores para fazer o discurso, eu proferi meu pronunciamento nessa língua (o que me fez desenvolver até o que eu achei que nunca faria no Fórum FAAP: a oratória em inglês). Além disso, o comitê de imprensa da FAAP ainda me procurou para gravar entrevistas comigo para o jornal.
Infelizmente, não consegui fazer valer as vontades paquistanesas de fato, mas nunca as deixei de lado. Acredito que defendê-las até o final tenha sido o meu mérito; tanto que, no momento em que as discussões chegavam ao final e não havia como mudar a proposta de resolução, ainda me levantei para proferir uma última fala:
“Venho então, senhores delegados, dizer que, por minha infelicidade gerada a partir das incansáveis calúnias contra o meu país e por ver que os senhores não estão mais dispostos a caminhar ao lado da democracia na região da Caxemira, com um plebiscito, não me pronunciarei mais. Dou como encerrada a minha participação neste comitê”. E daí em diante, não me pronunciei mais, como um ato de indignação pelo caminho que as decisões haviam tomado.
Delegação do Leonardo da Vinci no Fórum FAAP 2010
Ao final dos debates, veio a recompensa de tanto esforço: o prêmio de um dos cinco melhores delegados do meu comitê e de uma das quatro melhores delegações de todo o Fórum FAAP (houve empate nesse item). Vale destacar que eu, Fernando Henrique Fontes dos Reis (que também recebeu menção honrosa em seu comitê) e João Leonardo Franco Silveira representávamos o Paquistão no CDH, UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) e OMC (Organização Mundial do Comércio), respectivamente. Os premiados receberam uma réplica menor do martelo e do apoio utilizados pelos diretores de comitê.
Além do reconhecimento de meu esforço por parte dos outros participantes do CDH (os quais viraram amigos, como a delegada da França, a Duda), saliento também que, para essa conquista, foi imprescindível a companhia de todos aqueles que foram para a FAAP, inclusive os professores Joelmo Costa e Lorena Bonadiman, bem como e a minha experiência no Fórum FAAP anterior, quando eu representei o Vietnã – DSI (Desarmamento e Segurança Internacional), e também nos dois Fóruns Da Vinci, nos quais eu representei as nações da Lituânia – CS – e da Coréia do Norte – CS.
O aluno Caio Pessanha sendo entrevistado para um jornal
Encerro meu depoimento recomendando esta insubstituível aprendizagem não apenas aos alunos do primeiro ano, que já participaram do Fórum FAAP deste ano, mas para todos os demais. É um desafio e tanto. Que nos preparemos então para o III Fórum Da Vinci de Discussão Estudantil e para o Fórum FAAP do próximo ano, com ânimo redobrado.