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Estudantes do Leonardo da Vinci lutam pelos votos dos colegas e criticam o pleito estadual30/09/2010 - Eduardo Fachetti
foto: Eduardo Fachetti
Alunos
do Leonardo da Vinci foram às urnas nesta quinta-feira, para uma
votação simulada que encerrou o projeto "Eleitor do Futuro"
Alunos
do Colégio Leonardo da Vinci, em Vitória, foram às urnas nesta
quinta-feira (30), para uma votação simulada que encerrou o projeto
"Eleitor do Futuro", realizado com cerca de 300 estudantes de 14 a 16
anos, dos ensinos fundamental e médio. Na disputa, os próprios colegas,
que defenderam - com direito a comício, panfletagem e debate - quatro
projetos políticos distintos, inspirados em modelos como o marxismo, a
socialdemocracia e o neoliberalismo.
O projeto vem sendo
desenvolvido nas aulas de História desde agosto. Cada turma do 1º ano do
ensino médio elegeu um representante para a disputa. Assim, os jovens
Ana Clara Benevides, de 15 anos, Túlio Marco, 16, Yago Costa, 15 e José
Guilherme Baião, 15, disputaram a preferência do eleitorado. O resultado
da disputa será conhecido nesta sexta-feira (01).
"Eu tinha a
ideia de que o Brasil era igual ao pessoal da minha escola, mas não é.
Descobri que existe uma grande desigualdade social. Por isso, durante a
minha campanha, frisei muito a ideia do desenvolvimento inclusivo",
relatou Túlio - o único candidato estudantil que, de fato, irá às urnas
no dia 3.
Com
jeito de candidato e pronto para convencer o eleitorado a apostar no
fictício Partido Neossocial Democrata (PND), Yago Costa exemplificou o
que pensa do movimento político no país. "A política é uma das maneiras
de tornar o mundo mais preparado para o futuro. Mas acho esse meio muito
sujo. A gente só ouve falar de corrupção e quem entra no governo tende
a se corromper", opinou o adolescente.
Ana Clara foi, nas
eleições simuladas, a "candidata de esquerda". Empunhando a ideologia de
Karl Marx, ela destacou o clima de amizade como uma das principais
contribuições do trabalho. "Foi um grande desafio defender uma bandeira
que muita gente não acredita. Estudando a ideologia de Marx, acredito
que a igualdade é extremamente necessária. O Brasil merece ter um
partido de esquerda no comando".
Ao avaliar as eleições da vida
real, José Guilherme ponderou: as eleições da escola foram mais quentes
que a disputa pelo Palácio Anchieta. "No nosso horário eleitoral, não
houve brincadeira e nem ninguém que se vangloriasse de seus feitos.
Fizemos campanha de uma forma mais direta e eficiente".
Para o
professor de História Roberto Martins, o projeto atingiu seus objetivos
ao traçar um paralelo entre as linhas de pensamento teórico e a prática
dos candidatos no Estado. "Pudemos demonstrar o quanto as eleições
perderam o viés de formação da consciência. Os partidos se afastaram de
seus ideais e hoje a disputa é feita por personalidades, por uma
apresentação de egos. Há uma crise no sistema político", finalizou.