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Projeto Todo Brasileiro é Louco Por Carro
05/10/2010 · por João Duarte · Tags: Disciplinas Diversificadas


Os dados dos últimos anos mostram que as mudanças inseridas com o código de trânsito de 1998, como melhora da segurança dos veículos e o incremento da fiscalização eletrônica, não fizeram com que a mortalidade por acidentes de trânsito apresentasse uma redução importante. Ao contrário dos países desenvolvidos, no Brasil, a quantidade de fatalidades em acidentes de trânsito cresceu de 2000 a 2007. De acordo com a base do SUS, houve um aumento de 30% nas mortes nesse período. Entre 1997 e 1999, as mortes em acidentes terrestres estavam caindo, mas voltaram a crescer a partir de 2000, atingindo um pico histórico em 2007, com 66.837 mortes segundo os seguros DPVAT, um número extremamente elevado e alarmante, que coloca o Brasil entre os países com mais mortes no trânsito no mundo. Uma comparação com os países desenvolvidos mostra que, proporcionalmente à população, o trânsito brasileiro mata 2,5 vezes mais do que nos Estados Unidos, e 3,7 vezes mais do que na União Européia. Em 2008, enquanto os Estados Unidos registraram uma taxa de 12,5 mortes a cada 100.000 habitantes, o Brasil registrou uma taxa de 30,1, sendo que a frota de carros norte americana é o triplo da brasileira. As análises também mostram que a maioria das vítimas fatais do trânsito no Brasil continua sendo homens jovens de cidades de pequeno e médio porte. Em todos os anos analisados, por volta de 80% das mortes são de pessoas do sexo masculino, em sua maioria na faixa etária de 20 a 39 anos. Ainda é muito forte no Brasil uma cultura entre os homens jovens de conduzirem veículos sob o efeito de álcool e drogas, e sob alta velocidade. Isso indica claramente a urgente necessidade de criação de políticas e campanhas locais de segurança no trânsito voltadas de forma incisiva para esse grupo social em especial.



Diante desse quadro, o Projeto Todo Brasileiro é Louco por Carro procurou desenvolver ações que se revertam numa melhoria desse contexto, trabalhando com jovens de 15/16 anos que estão numa faixa etária de relativa proximidade com o contato com o automóvel, na função de motorista, mas que já tem esse contato inserido em seu cotidiano, na forma de pedestres e “caronas”. Isso foi feito por meio de palestras com especialistas em trânsito, visitas à concessionárias de automóveis, vídeos sobre mecânica de automóveis, cursos sobre mecânica de automóveis e sobre o Código Brasileiro de Trânsito (CBT), confecção de apresentação de “slides” e simuladores de direção, bem como a construção de uma proposta para a mudança no trânsito da rua Elias Tommasi Sobrinho, a rua da Escola.

Um dos pontos altos do Projeto foi a visita à Vitoriawagen Automóveis, concessionária da marca Volkswagen, situada em Carapina, na Serra, para a realização da etapa prática do Curso de Mecânica para Iniciantes que, na faixa etária de nossos alunos, é oferecido somente aos alunos do Da Vinci. Essa etapa tem como objetivos familiarizar o aluno com situações cotidianas que impactarão significativamente o uso do automóvel: planos de manutenção preventiva (com demonstração dos danos que podem ocorrer caso não sejam cumpridas as instruções do manual do proprietário), contato com as principais partes de um automóvel, simulação de “defeitos” que exijam tomada de decisão (o condutor pode continuar com o veículo até uma oficina ou deve imediatamente parar e pedir auxílio?), etc. A idéia não é formar mecânicos, já que o conhecimento é muito específico, mas sim tornar mais seguro e proveitoso o uso do automóvel. Veja o que disse a aluna Marina Saleme de Menezes, que participou da visita:

A visita ocorreria num sábado pela manhã, e, portanto, os alunos teriam que acordar cedo nesse dia. Na data marcada, todo o grupo se encontrou às 8 horas da manhã em frente ao Centro Educacional Leonardo da Vinci para ir até a concessionária.


Ao chegar, todos foram bem recepcionados pelos funcionários, que ofereceram um lanche. Depois disso, os alunos foram divididos em grupos para estudar as partes de um veículo. Estudaram o interior e o exterior do carro, como é feito o balanceamento e alinhamento, quais são as funções das peças, alguns possíveis danos que poderiam ocorrer, entre outros assuntos relacionados ao funcionamento do veículo. Viram como é feita a pintura do carro, alguns carros que sofreram colisão e o novo veículo que está sendo lançado pela Volkswagen.
A visita foi muito proveitosa, já que conseguimos comprovar a teoria que havia sido estudada em sala de aula. Depois de uma manhã agradável e construtiva, os estudantes voltaram para a escola terminando, assim, o que foi proposto pelo professor.





Uma outra abordagem foi a idéia de dar um “retorno à sociedade” por meio da intervenção no trânsito da rua Elias Tommasi Sobrinho, onde fica do Da Vinci. Divididos em grupos, os alunos apresentaram diversas sugestões para alterar o fluxo de veículos. A proposta vencedora, feita pelos alunos Arthur Bassini, Gabriel Fiorot, Marcel Santos e Ricardo Lyrio está descrita abaixo, na forma escrita pelos mesmos:

Para melhorarmos o fluxo de trânsito na Rua Elias Tommasi Sobrinho (rua da escola), decidimos que algumas medidas deveriam ser tomadas. Inicialmente, retiraríamos os canteiros centrais, uma vez que os mesmos ocupam muito espaço da rua. Assim, sobraria mais espaço para os carros transitarem de maneira mais segura e tranqüila. Além disso, a rua seria transformada em mão única, com duas faixas para circulação, o que reduziria a possibilidade de acidentes. A faixa da esquerda serviria para o fluxo normal dos carros e a da direita, para embarque e desembarque de alunos, já que essa faixa é mais próxima da escola

Nas laterais da rua haveria espaços para que os carros estacionassem.

O fluxo de veículos nas ruas próximas também seria alterado. Os carros que viessem da Av. Rio Branco teriam que seguir até a Av. Leitão da Silva, virar na primeira passagem à esquerda para só aí terem acesso à rua da escola.




Houve também uma sugestão do grupo para que as vagas de estacionamento fossem colocadas a 45 graus, o que poderia aumentar o numero de vagas para automóveis.

Outro momento relevante foi a divulgação da campanha pelo uso da cadeirinha no banco traseiro dos carros, ideia amplamente aceita pelos alunos.





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