Mais uma vez, pais e professores do Centro Educacional Leonardo da Vinci receberam o presente de um encontro com Lídia Aratangy, renomada psicanalista e educadora, com atuação profissional nos dois campos.
A intencionalidade da Escola no sentido de trazer Lídia de volta ao nosso meio foi a de nos aproximarmos das famílias para tratar de assuntos do dia-a-dia que impactam nossa relação com alunos/filhos, sob mediação de uma interlocutora com tanta experiência e sensibilidade. Quantos de nós (adolescentes ou adultos), por nos tornarmos tão cotidianamente sociais, temos turvado nosso olhar para uma leitura analítica sobre as questões que envolvem a formação de homens e o convívio, deixando em segundo plano valores intrínsecos à essência humana.
Limites, atribuições da família e da escola, antecipação e prolongamento da adolescência foram o “pontapé inicial” de uma bela e rica palestra (mais para conversa filosófica) que culminou com muitos ensinamentos: o casamento não é só um ritual de festa, sob as irradiações do “branco”; educar filhos só não é motivo de felicidade para preguiçosos e covardes; o trabalho não é um peso quando nos permitimos anunciar (sem nos vitimizarmos ou parecer sacrificados) o quanto gostamos de praticá-lo e o quanto ele nos enobrece.
Nas duas horas em que estivemos sintonizados, aparentemente ouvindo (mas na verdade dialogando em alto e bom tom, intrapessoalmente e interpessoalmente com a palestrante) , parecia que tudo passava muito rápido, pela quantidade de reflexões e pensamentos cruzados; só que com uma rapidez muito diferente da que o mundo contemporâneo nos tem imposto, impossibilitando muitas crianças, adolescentes e até adultos de viver a grandeza dos ritos.
Para uma não tão grande (mas valorosa) plateia de pais e professores, Lídia, com sua sabedoria e performance de palco (sim, ela já atuou como Narizinho, de Lobato, na extinta TV Tupi), embeveceu a todos, recordando-nos do que somos, vivemos e vivenciamos de valoroso em todas as etapas de nossas vidas, e que às vezes deixamos de usufruir diante de falsas leituras de que o ruim prevalece sobre o bom; a esperteza toma o lugar da honra; a integridade foi vencida pelo cinismo; a humanidade caminha para o fim.
Deixamos o anfiteatro sem querer deixá-lo; paramos de ouvir Lídia querendo continuar a ouvi-la. No retorno para nossas casas, pelo que senti e escutei dos presentes, estávamos com um desejo intenso de ouvir nossos filhos, estar com nossos companheiros e ainda, para os que podem desfrutar desses convívios, falar com nossos pais ou acolher nossos netos. Desfrutar o gosto de se sentir vivo e ter tanto que compartilhar.
Lídia cumpriu duplamente sua função nesse encontro: de um lado deixou-nos mensagem clara sobre o papel educador da escola e da família na formação de nossos filhos/alunos (e o que é inegociável entre elas) ; de outro, sem que a Escola tivesse essa intenção ou sequer feito o pedido, propiciou-nos experimentar a felicidade de dividirmos nossa vida com companheiros, filhos, amigos, colegas e tantos outros repartidores desse espaço global.