Apreciação Estética: um exercício sempre estimulante
Ao início de cada ano letivo, o Centro Educacional Leonardo da Vinci traz um planejamento detalhado quanto aos eventos culturais a serem propiciados aos alunos de diferentes segmentos. Mesmo assim, atento às dimensões da cidade educadora (o que acontece no entorno e mantém relação com o currículo de perspectiva cultural), dispõe-se a agregar novas frentes quando o mercado cultural oferece novas e boas possibilidades de apreciação estética.
Foi essa motivação que respaldou a visita dos alunos de quintos anos, sob mediação das professoras de Artes do segmento (Miriam e Sílvia, entusiastas de aulas de campo dessa natureza), à mostra “Transcendência”, sediada no Palácio Anchieta, um encontro entre as potencialidades de quinze artistas capixabas (em diferentes gerações, estilos e linguagens). No planejamento inicial da excursão pedagógica, o objetivo era o aprecio das obras e em seguida do conjunto arquitetônico da sede do governo estadual, sempre um capítulo à parte para o bom observador.
Acontece que o vivido nem sempre corresponde ao planejado. Como o contato com mostras artísticas depura o olhar para a leitura de imagens, gramáticas plásticas, análise de contexto, além de desenvolver sensibilidade estética e busca de relações e limites entre Artes e Ciências, nossos alunos dedicaram grande tempo à apreciação dos objetos culturais da exposição, interpretando-os e discutindo sobre eles com os acompanhantes da Escola e os monitores, resgatando e ampliando os conhecimentos construídos nas aulas de Artes. Com isso, a observação do Palácio Anchieta, em suas feições arquitetônicas e estéticas, ficou como uma espécie de dívida para uma outra oportunidade de visitação.
Vale destacar alguns momentos de interdisciplinaridade ocorridos durante a visita. Ao apreciarem a obra de Hilal Sami Hilal intitulada “Os livros de histórias infindáveis”, os alunos lembraram-se de suas escutas, no ano passado, dos contos das Mil e uma Noites e aproximaram Artes Plásticas e Literatura. Ao se depararem com a produção audiovisual em torno dos movimentos tectônicos, meio que paralisaram-se ante a lembrança da catástrofe natural que assolou o Japão. Frente ao Campo de Girassóis, encantaram-se com a beleza dos efeitos de luz e a consistência das explicações científicas em torno do fenômeno. E em contato com as instalações com pregos que prendem e cobrem buracos, ou que os deixam à mostra quando se soltam, teceram muitas interpretações, aliando o olhar científico e artístico.
Com tanto para ver e analisar, foi necessário selecionar algumas peças para uma “apreciação ao vivo” mais detida, o que fez com que alguns monitores e estudantes de Artes (bem preparados e gentis) convidassem os alunos para um retorno no fim de semana (na companhia dos familiares), com tempo mais extenso, a fim de continuarem sua investigação/observação e viabilizarem a visita irrealizada ao Palácio Anchieta. As professoras, por sua vez, darão continuidade, em sala de aula, ao trabalho de leitura e apreciação em torno da mostra (mais rico por causa do contato prévio com as obras reais), além do que utilizarão muitas peças do acervo como inspiração para releituras artísticas, nas próximas aulas da disciplina.
Tanto durante o trajeto de ida, quanto durante o retorno, os alunos conversaram com professores e outros acompanhantes sobre suas expectativas e impressões; trocaram ideias e partilharam percepções; portaram-se como críticos de arte. Tal atitude tão positiva e receptiva demonstra que o investimento do Da Vinci em Artes auxilia na formação do repertório cultural e dá incentivo aos alunos para que se comportem como sujeitos atuantes na cidade educadora.