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Perspectiva Cultural até em dias não-letivos
09/05/2011 · por Maria Helena Salviato Biasutti Pignaton · Tags: Da Vinci



Mensagens trocadas pelo e-mail da Escola, nas semanas anteriores:

“Serão 80 sacos de 5kg, num total de 400 kg ... No sábado pela manhã, haverá alguém na Estação Biológica em Santa Cruz?”

“Melhor que isso, só dois isso ... rs”.

“Amanhã, sábado (dia 16), em torno das 9 horas, sairá um carro do Da Vinci para levar o açúcar até  a Estação”.

    É de açúcar mesmo que começamos tratando aqui. Para alimentar beija-flores. Uma demanda surgida de um contato de campo da Escola (na Estação Biológica Augusto Ruschi) com André Ruschi, não por acaso filho de Augusto Ruschi, nosso patrono em 2010.

    Augusto Ruschi, cientista da nossa terra e Patrono da Ecologia, foi “levado” por beija-flores, mas deixou muitos deles aqui para serem cuidados. André, filho de Augusto, complementa a energia dessas avezinhas com a degustação do açúcar. Como seres muito ativos e esfomeados, pelo tanto que batem as asas e se deslocam pelos ecossistemas, a Reserva Biológica de Santa Cruz sempre lida com carência do açúcar que lhes é vital.

     O desejo de colaborar para a alimentação de beija-flores trouxe-nos inspiração para a proposta coletiva da gincana cultural (ver notícia publicada em 14/03/2011), agregando também a produção e distribuição de bolsas retornáveis, para disseminação do pensamento ecologicamente correto entre os funcionários da área administrativa da Escola.

    Respondendo positivamente à proposta “arrecadadora”, os alunos da 1ª série do Ensino Médio mobilizaram-se para assegurar o bom êxito da parte material da tarefa coletiva. O “sábado cultural” principiou com a movimentação em torno deste foco.

    Mas quando pensamos na tarefa coletiva para os alunos, sabíamos que não seria bastante o desafio arrecadador. Era preciso estimulá-los a multiplicador o legado de Augusto Ruschi, trazendo diferentes dimensões de sua vida e obra para compartilhar com funcionários e familiares, bem assim com alunos do Ensino Fundamental II: o homem local e cidadão do mundo; o ambientalista/polemista/ o cientista e o homem de inteligências múltiplas; tudo em forma de campanhas educativas e visando também a contribuir para que, durante o segundo período, os alunos mais novos demonstrem um maior repertório cultural em concurso de redação.

        E assim foi que, a partir das 8 horas, o Anfiteatro La Gioconda transformou-se numa grande sala de aula, com pluralidade de ensinantes/aprendentes, recursos/estratégias, focos/motivações. Uma rica atividade pedagógica, com enfoque cultural preciso, fazendo os alunos-apresentadores e os espectadores (diversificados) participarem de um ciclo de reflexões muito pautadas na cultura do pensar. Casa cheia de gente, escola impregnada de vida, mentes recheadas de aprendizagens.

    Do Caldeirão de Augusto Ruschi (com entrevistas e jogos de perguntas/respostas), passando pela produção de documentários, esquetes ao vivo e dramatizações sobre diferentes etapas da vida do homenageado e terminando em um jogo cênico (com utilização de múltiplas linguagens) sobre as generalidades e especialidades de Ruschi, comparando-as aos sentidos potenciais do beija-flor, as quatro turmas integrais de primeira série trouxeram fundamentação científica, potencial criativo e habilidade de estabelecer relações.

        

    

       



Paralelamente ao que ocorria no Anfiteatro, os muros de fora do parque aquático recebiam pinceladas de várias mãos de professores de Artes, alunos de nonos anos e alguns poucos estudantes de outras turmas que foram atraídos pelos efeitos das cores e formas que desde as 7h30min começavam a embelezar e dar vida a um dia não-letivo movido pela perspectiva cultural. Foi assim que beija-flores, orquídeas, grilos, joaninhas, borboletas, morcegos e tantos outros representantes naturais, rodeados pelo verde da vegetação e expostos a um céu iluminado pelo sol, juntaram-se a Augusto Ruschi e à raça indígena para compor uma arte provisória (mas com tantas permanências) e atrair o olhar estético de todos os passantes da rua do Leonardo da Vinci.

       










Enquanto os muros de fora projetavam a natureza em cores, os muros de dentro acolhiam o Arte Sem Limites, projeto voluntário que descortina possibilidades para portadores de necessidades especiais, transformando-os em solistas, instrumentistas e concertistas.



 Compor uma escola de perspectiva cultural é administrar possibilidades e fazê-las interagirem, sem perder suas essências. Assim, todos se fazem aprendentes em diferentes dimensões, cada um como pode e com o que se dispõe a doar. E sentindo-se vivos e revigorados, por integrarem uma paisagem em constante mutação.

E durante toda a semana, as aulas aconteceram dentro da normalidade, nos espaços das salas de aula. E como marco do dia não-letivo, o açúcar Cristal chega a reino dos beija-flores; as campanhas educativas deixam marcas em quem as presenciou; o grafitismo  ilumina a cidade educadora com uma mostra a céu aberto.



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