Artigo de autoria do Professor de Geografia do Da Vinci, Joelmo Costa, sobre a morte de Osama Bin Laden.
A notícia da morte do terrorista Osama Bin Laden, divulgada pelo presidente americano Barack Obama, tomou conta dos noticiários e nos faz refletir sobre as possíveis conseqüências geopolíticas desse fato. Bin Laden e a Al-Qaeda (A Base em árabe) representam a concepção de um novo tipo de terrorismo que extrapola as reivindicações nacionalistas de antigos grupos, como o IRA na Irlanda do Norte e o ETA na Espanha. O novo conceito do terror é capaz de mudar o rumo geopolítico do espaço mundial, como ocorreu a partir do atentado do dia 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque.
O líder da Al-Qaeda nasceu na Arábia Saudita em 1957, sendo um dos 54 filhos de Mohammed Bin Laden, um magnata do setor de construção imobiliária na Arábia Saudita. Entre 1979 e 1989, lutou ao lado dos insurgentes no Afeganistão contra a invasão soviética. Na época, como mostrado no filme Jogos do Poder, os Estados Unidos apoiavam grupos afegãos que combatiam a presença soviética a partir da contenção expansionista do comunismo, que marcou o contexto da Guerra Fria. Com o fim da ocupação soviética em 1989, o Afeganistão foi relegado pelos americanos e Bin Laden retornou ao seu país de origem, já não mais como aliado americano. Em 1991, os Estados Unidos lideraram uma coalizão contra o Iraque na chamada Guerra do Golfo e mantiveram uma base militar na Arábia Saudita. Tal fato desagradou o então aspirante a terrorista, que declarou toda a sua ira contra o governo americano.
No início da década de 90, Bin Laden e Al-Qaeda já recorriam ao discurso religioso para respaldar seus atos terroristas, usando o Sudão como base de treinamentos. Depois encontraram abrigo no Afeganistão, acobertados pelo governo fundamentalista do Taleban. Os atentados nas embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia em 1998, realizadas pela Al-Qaeda, provocaram mais de duzentas mortes e representaram um cartão de visitas da organização, classificando Bin Laden como inimigo número um dos Estados Unidos. Segundo o depoimento do ex-chefe do Departamento de Contraterrorismo dos EUA, Richard Clack, no documentário Os segredos do 11 de setembro, produzido pela rede BBC de Londres, em 1998 os EUA perderam a oportunidade de matar Bin Laden, quando os agentes da CIA descobriram que ele estava hospedado na casa do governador da cidade afegã de Kandahar. Na época, o presidente americano Bill Clinton temia a repercussão negativa do ataque, pois o local encontrava-se próximo a uma mesquita e as perdas civis seriam inevitáveis. Depois disso, os americanos só ouviram falar de Bin Laden no fatídico 11 de setembro.
O terrorismo global inaugurado pela Al-Qaeda provocou uma reação norte-americana, que durante o governo Bush introduziu uma política militar unilateralista, desembocando nas invasões do Afeganistão em 2001 e do Iraque em 2003, sobre o pretexto de guerra ao terror. O comunismo inimigo da Guerra Fria foi substituído pelo terrorismo e as intervenções militares alimentaram ainda mais a volúpia fundamentalista dos grupos radicais islâmicos. Os atentados de Madri em 2004 e de Londres em 2005 foram arquitetados por células da Al-Qaeda, que possivelmente não hesitarão em continuar a sua cruzada contra o mundo ocidental.
A morte de Osama Bin Laden pode simbolizar uma perda para o terrorismo global, mas as suas consequências geopolíticas são imensuráveis, pois tudo dependerá do poder de retaliação dos grupos ligados a Al-Qaeda. Como em um velho clichê hollywoodiano: o bandido morreu, e o mocinho, numa ação cinematográfica, garantiu momentaneamente a sensação de justiça, porém a imprevisibilidade é a única temática garantida nesse script.
ANTONIO VITO MARSIGLIA JUNIOR · 17/05/2011 08h42Muito Bom....esclarece aos alunos o que de mais importante vem acontecendo no mundo...Antonio Vito Marsiglia Jr