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Gincana Cultural do Ensino Médio
18/05/2011 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub · Tags: Gincana Cultural


Gincana Cultural: culminância com conscistência

A culminância da gincana sobre Augusto Ruschi para alunos da 1ª série do Ensino Médio, realizada no último dia 29/04/2011, foi enriquecedora em matéria de produção cultural, envolvimento dos participantes, acionamento de especificidades/habilidades/competências, resolução de problemas e superação de desafios. Uma boa preparação para o ingresso na Academia e no mundo do trabalho, em que a demonstração de aptidões individuais e o poder de mobilização em grupos são testados/exigidos cotidianamente.

Na primeira fase dos trabalhos, os alunos foram expostos a atividades-relâmpago, assim chamadas porque são conhecidas apenas no momento da execução. Nesse momento, houve uma priorização do caráter científico, pois os alunos deveriam elaborar hipóteses com base em focos variados: percepção humana em relação ao bater das asas do beija-flor; medição da altura de prédio que compõe a estrutura física da Escola a partir da construção de um teodolito; constatação sobre diferentes formas de polinização de flores. Além disso, participaram de uma simulação nos moldes do “Desafio Nacional do Conhecimento”, em que a tônica era a demonstração de conhecimentos, a precisão conceitual e o domínio dos procedimentos de pesquisa, em tempos-recorde.

Também como parte das atividades-relâmpago, foi proposta a confecção de uma caricatura sobre Augusto Ruschi, com os resultados surpreendendo (em função do baixo tempo para produção), o que se revela tanto no traço preciso quanto na demonstração de repertório cultural e estabelecimento de relações, em imagens que “falam mais que mil palavras”.

Como expressões culturais, as caricaturas trazem o resgate da célebre frase de Ruschi “Que os beija-flores me levem ao reino de Deus”, seu perfil multifacetado na lida com a Ciência e tantos campos do conhecimento, além da  estilização de epítetos que lhe foram atribuídos, tais como “Personificação do beija-flor em extinção” e “Conselheiro das Matas”. Eis um bom material para apreciação estética e exercício da competência leitora, por pessoas não envolvidas diretamente no processo.









Na segunda fase dos trabalhos, os alunos compartilharam as produções em grupo, a partir de tarefas prévias que lhes haviam sido repassadas quando da divulgação da gincana, consistindo na produção de um painel artístico-científico sobre espécime vegetal encontrada nos espaços verdes da Escola; criação de objetos estéticos com utilização de materiais descartáveis retirados do lixo; produção de coreografia inspirada no legado de Ruschi; proposição de soluções para problemas ambientais locais (pesquisa de campo e fundamentação técnico-científica). O que mais se destacou, na execução dessas tarefas, foi a substituição de recursos tecnológicos, tão caros à faixa etária e tão recorrentes nas apresentações escolares, pela atuação dos próprios alunos como recursos didáticos, exercitando a oralidade e a linguagem do pensar, a fundamentação científica, o olhar estético, o potencial de interação com o espectador.

Eis algumas imagens de produções estéticas trazidas por alguns grupos, numa materialização do luxo do lixo, com algumas delas sendo utilizadas para enfeitar o espaço da própria sala de aula.





Diferentes registros fotográficos colhidos durante a sequência dos trabalhos ilustram a dinâmica da atividade, impregnada de motivação e envolvimento, consistência e riqueza cultural. Sala de aula em visão panorâmica, com alternância entre ensinantes e aprendentes e multiplicação de saberes e reflexões.








 
Em matéria de produção artística e intencionada, merece também um destaque a confecção de bolsas retornáveis pelos alunos da gincana, a serem posteriormente doados a funcionários da área administrativa da Escola, visando à disseminação do pensamento ecologicamente correto em nossa comunidade. A diversidade transparece nessas produções, refletida na estilização buscada por algumas turmas e na uniformização buscada por outras; na valorização do potencial artístico em alguns dos trabalhos e na demonstração do senso prático em outros. Tudo igualmente válido e adequado aos objetivos a que se propõe.
 




Cada uma das tarefas (tanto as relâmpago quanto as prévias) foi julgada por uma comissão de professores, considerando critérios como obtenção de resultados esperados; procedimentos de trabalho e administração de tempos de execução; amplitude do conhecimento; clareza e expressividade de diferentes linguagens; qualidade da apresentação (estética, criatividade e organização). Assim, os alunos receberam uma avaliação panorâmica e puderam lidar com diferentes formas de avaliação e olhares avaliativos, o que minimiza a subjetividade da avaliação tão pontuada em alguns contextos.

Concluída a apuração do processo, eis o resultado final da gincana cultural, considerando a média aritmética alcançada em cada turma pelo conjunto da obra, ou seja, o desempenho demonstrado por todos os alunos em matéria de tarefas individuais (atividades realizadas em sala de aula), tarefas de grupo e na tarefa coletiva (já descrita no site, referente a sábado letivo).


SÉRIE                MÉDIA DA TURMA                CLASSIFICAÇÃO
                             1ª I-1                         8,61                               1º LUGAR
                             1ª I-2                         8,17                               2º LUGAR
                             1ª I-4                         8,01                               3º LUGAR
                             1ª I-3                         7,77                               4º LUGAR

O Da Vinci parabeniza a todos os participantes, faz uma menção honrosa à turma vencedora e deixa a mensagem para os alunos no sentido de buscarem a autorreflexão a partir do desempenho e envolvimento nas diferentes dimensões da gincana, considerando a perspectiva cultural como um incentivo ao crescimento pessoal e acadêmico.
 
Nesta oportunidade, socializamos também os textos vencedores do concurso de redação vinculado à gincana, uma tarefa individual cujo propósito era valorizar a expressão escrita na perpetuação das idéias e tomada de posição frente a temas relevantes. Ao dar voz aos alunos-produtores, a Escola faz mais uma investida de resgate quanto ao legado de Ruschi e contribui para o debate em torno de temas que o têm como precursor/motivador, atribuindo função social ao conhecimento. 

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GINCANA CULTURAL SOBRE AUGUSTO RUSCHI
[1ª SÉRIE E.M.]

TEXTOS VENCEDORES DO CONCURSO DE REDAÇÃO


PRIMEIRO LUGAR

ALUNA: EMILLY NEVES SOUZA (1ª I-3)
GÊNERO: ARTIGO DE OPINIÃO

AZEVINHO DO CAMPO

    No mundo atual, palavras como “biodiversidade” e “preservação ambiental” são amplamente divulgadas, com o intuito de fazer-nos focar na ocorrência ininterrupta e prejudicial da ação antrópica sobre o meio natural. Entretanto, raramente nos lembramos do precursor do pensamento ecológico, o famoso “Patrono da Ecologia do Brasil”: Augusto Ruschi
    Guti (denominação informal do cientista) foi, deveras, um homem à frente de seu tempo. Sua inteligência, potencial dissertativo, olhar curioso/ crítico e conhecimentos matemáticos o moldaram para ser um visionário e polemista de personalidade contraditória, que brigava com políticos sem deixar de ser afetuoso com os homens do campo.
    Em toda sua jornada, Augusto Ruschi dedicou-se à observação da natureza, privando-se muitas vezes de estar com a própria família, por preferir passar meses embrenhado nas matas espírito-santenses. Sua paixão por beija-flores era tão grande que só o barulho do bater de asas dessas pequenas aves já era suficiente para deixá-lo feliz.
    Apesar de ter promovido a primeira caravana ecológica de que se tem notícia, e de ter lutado tanto pela preservação da natureza, Ruschi nunca foi ouvido pelos ambiciosos, que só pensavam em monoculturas de eucalipto. O vento da ignorância levou as palavras de Ruschi, assim como o silêncio que o calou na morte. Inesquecível para alguns, louco para outros; este foi o azevinho do campo.


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SEGUNDO LUGAR

ALUNO: VINÍCIUS RODRIGO RAFT GOMES (1ª I-1)
GÊNERO: ARTIGO DE OPINIÃO

O PIONEIRO

    Irreverente, visionário, revolucionário. Assim resume-se a inspiradora personalidade de Augusto Ruschi. A dedicação e o pioneirismo na ecologia foram fatores decisivos para sua influência no contexto nacional e mundial.
    Visionário que era, alertou o mundo sobre os problemas ambientais evidenciados hoje, realizou manifestações, lutou com unhas e dentes pela preservação da natureza em um tempo em que o tema era tido como irrelevante. Dedicou toda a sua vida ao estudo da fauna e da flora brasileiras, o que lhe rendeu o honroso e merecido título de “Patrono da Ecologia”. A paixão de Ruschi era tanta que, ainda vivo, optou por ser “plantado” após sua morte, em uma de suas reservas. Agora, só nos resta colher os frutos de sua vida.
    Talvez o mundo fosse diferente se tivesse sido dada a Ruschi a atenção que merecia; mesmo assim, ele cumpriu muito bem seu papel. O mundo precisava de alguém que tocasse no assunto, que nos abrisse os olhos. Precisávamos de um pioneiro. Mas, infelizmente, assim são os gênios à frente de seu tempo: nascem, morrem e só depois mudam o mundo. 


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TERCEIRO LUGAR
ALUNA: JULIA MARTINS BRUNELLI  (1ª I-4)
GÊNERO: RELATO


    Nunca pensei que aqui chegaria. Augusto Ruschi, um cidadão teresense recebendo uma proposta da própria presidente Dilma Roussef para criar uma unidade de conservação do meio-ambiente. Não hesitei. A causa era muito boa e urgente, além da autonomia concedida pela presidente, o que fez com que as idéias brotassem e voassem por minha cabeça.
    Após alguns dias pensando, decidi que a unidade seria instalada em alguma área carente do meu berço-estado, o Espírito Santo, onde hoje poucos são aqueles que possuem a oportunidade que tive quando jovem: o contato com a fauna e a flora da região.
    Creio que muitos gênios da Ciência são desperdiçados por apenas lerem, ao invés de verem. Sem o contato, não há interesse que desperte, não há preocupação que aflore. Afinal, como essas crianças cuidarão do meu legado, tomarão conta das matas e de sua gigantesca escondida biodiversidade, sem ao menos terem visto o “belo” que há em uma orquídea?
    Como grande sonhador e estudioso que sempre fui, pretendo, assim como um beija-flor que leva o pólen de flor em flor, levar a informação até essas mentes, gerando a semente da preservação e germinando o desenvolvimento sustentável, pois o mundo precisa de construtores de alternativas ecologicamente corretas, que confrontem aqueles que extraem e que degradam a natureza, mostrando o caminho para uma vida empolgante, em que o segredo não está em descobrir maravilhas, mas em procurá-las.


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QUARTO LUGAR
ALUNA: CAMILA CRIVILIN DE ALMEIDA (1ª I-2)
GÊNERO: ARTIGO DE OPINIÃO

PERSONIFICAÇÃO DE BEIJA-FLOR

    Augusto Ruschi transcende diante de nossos olhos despercebidos e nos deixa, como prova de sua generosidade, todo o seu imensurável legado. O naturalista visionário soube prever o surgimento de problemas ambientais decorrentes de ações humanas tomadas em nome da ganância, pois antes mesmo de ser proclamada a luta pela defesa da natureza no mundo, na pequena e aconchegante Santa Teresa Ruschi já destacava a importância da preservação do nosso ecossistema para as gerações futuras.
    Um intrépido desbravador, Ruschi buscava conhecer a fundo as nossas florestas. Ele era um homem simples, oriundo do interior capixaba, porém a sua grandiosidade atravessava fronteiras ao redor do mundo. Um ícone de coragem e bravura, um homem sensível e passional. Preocupado com o futuro, o ecologista é a personificação de um beija-flor. Suas mãos cuidadosas se assemelham às asas de um colibri, seu olhar observador são os dois olhinhos do pássaro à procura de alimento, no meio de orquídeas e bromélias.
    A natureza clama por socorro. É como uma suave canção, entoada pelos beija-flores, difícil de ser escutada, por causa do barulho das grandes cidades. Augusto Ruschi ouviu, durante toda a sua vida, esse apelo e com seus olhos italianos nos observa e sussura em nosso ouvido: ‘Perpetuem o meu trabalho. Não esqueçam que os beija-flores conduzem os humanos ao Reino de Deus”.


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QUINTO LUGAR
ALUNO: GABRIEL SOUSA SANTOS (1ª I-3)
GÊNERO: ARTIGO DE OPINIÃO

                À FRENTE DE SEU TEMPO

    Desenho; fotografia; escrita; olhar investigativo e observador. Estas são algumas das muitas aptidões e características que podem definir o teresense multifacetado e polemista Augusto Ruschi que, além de ser considerado o “Patrono do meio-ambiente”, foi sem sombra de dúvidas, assim como Leonardo da Vinci, um homem à frente de seu tempo.
    Desde criança, sempre se dedicou muito à natureza e aos seus componentes, dentre os quais pode-se destacar os beija-flores, as bromélias, as orquídeas e os gaviões. Diante dessa fascinação, Ruschi foi o defensor da preservação tanto da fauna e flora brasileira quando da estrangeira. Apontava as possíveis consequências que poderiam suceder, caso houvesse um desmatamento das florestas e a extinção de algumas espécies, sendo uma delas o agravamento do efeito estufa. Por isso, antes mesmo de surgirem as ONGs e o Greenpeace, o homem de visão global que “vestia a camisa” contra a degradação ambiental e defendia o desenvolvimento sustentável já havia recebido a alcunha de “‘O profeta do Apocalipse”.
    Vale ressaltar também que o teresense atuava nas mais diversas áreas do conhecimento, destacando-se, principalmente, no ramo das ciências naturais.  Essa diversidade de pontos positivos presentes em apenas um ser humano (por sinal, autodidata) era algo pouco visto na sociedade, o que causou bastante estranheza.
    Devido a tudo isso, não há como negar que Augusto Ruschi foi um dos cidadãos mais pitorescos e que possuía múltiplas qualidades de que já se teve notícia no mundo.




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