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Sexualidade: Vida como arte do encontro
21/06/2011 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub · Tags: Disciplinas Diversificadas


Sexualidade: Fatos e Mitos - Vida como arte do encontro

Do lado de cá, alunos inseridos num processo de pesquisa, reflexão e socialização em torno da sexualidade, fruto dos quatro primeiros encontros de uma disciplina diversificada já veterana no currículo da Escola, mas sempre revisitada pela universalidade do tema e pela alteração dos grupos de trabalho. Do lado de lá, alunos acolhedores e curiosos, dispostos a atuar como colaboradores e não como meros receptores de informações.

O intercâmbio entre os alunos do Centro Educacional Leonardo da Vinci e da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ethevaldo Damazio, em Santa Teresa (foco da 5ª etapa da diversificada) revelou-se proveitoso e produtivo, gerando uma troca de saberes/valores enriquecedora para grupos sociais expostos a realidades socioculturais distintas, lidando com diferentes dimensões da vida (em âmbitos familiar, escolar, religioso e social). Se os sentimentos, sensações, reações e contrarreações frente à sexualidade são praticamente comuns entre adolescentes dos meios urbano e interiorano, as problemáticas do aborto e da gravidez/maternidade na adolescência dividem opiniões e dão pano para manga.
 
Na parte da manhã, os alunos do Da Vinci conduziram apresentações sobre temas próximos à sexualidade na adolescência, evitando abordagens desassociadas de suas vivências e sobre as quais se sentem vergonhosos de discorrer, porque pertencentes ao mundo adulto e desafiadoras para quem não experienciou situações reais que propiciem repertório de visões e opiniões.





As reflexões iniciais alternaram-se entre o namorar sem compromisso e o ficar; o beijo e os toques; as redes sociais (que se refletem em redes de relacionamentos); os estímulos excessivos da Mídia e da era digital; a opção pela abstinência ou iniciação sexual; as perversões e disfunções sexuais como construções socioculturais; vergonha do corpo e tendência à comparação com o outro; dilemas sempre atuais da masturbação e as expectativas da primeira vez. Tanto quem conduzia quanto quem participava se portou com naturalidade e sem máscaras, aplicando olhares de compreensão e criticidade sobre as realidades a que pertencem.

A partir de uma prévia conceitual ou dramatização para sensibilização, os expositores convidavam o público a participar de dinâmicas de fixação de conceitos ou para comprovar aprendizagens que servissem à multiplicação e transposição para a prática. Alunos como recursos didáticos centrais, figurando recursos e tecnologias só como pano de fundo.

Fechada a parte da manhã, fizemos uma caminhada revigorante pelas lindas ruas de Santa Teresa (enfeitadas com motivos alusivos a mais uma edição da festa do imigrante italiano) e um almoço saboroso no Mazzolini di Fiori, em que mais uma vez sentimos o acolhimento da comunidade teresense para conosco, resultado de uma parceria que se estende há vários anos e que já desembocou em muitas iniciativas culturais, desde a valorização do patrimônio natural/histórico até intercâmbio de alunos, pesquisas históricas e resgate de memórias culturais (o que agora se reflete num projeto de criação de um museu, por parte do grupo da diversificada Espírito Santo: aqui é meu lugar).  Assim, recarregamos as energias para a segunda etapa de imersão no tema, em que nossa proposta era buscar uma integração ainda mais intensa com os alunos de lá (grupos diferentes dos da manhã) para ouvir suas percepções, ponderações e angústias.

Começamos a “sessão vespertina” com uma simulação de experiências sensoriais, fundindo autoconsciência e consciência para o outro. Depois de os alunos (de cá e de lá) individualmente “levitarem” pelas pontas dos pés ou apoiados nos calcanhares, “andarem” em câmara lenta, de marcha-à-ré ou sob superfície quente, foram literalmente “conduzidos” (como cegos) ou esculpidos (como sujeitos passivos) pela mão do outro, ensaiando possibilidades e incômodos das redes relacionais. As comparações com a sexualidade foram inevitáveis, mostrando como por vezes não desenvolvemos a consciência necessária quanto às nossas possibilidades e limites ou deixamo-nos conduzir pelo outro, dobrando-nos aos seus desejos e aspirações,  perdendo assim o protagonismo da vida própria.

Em seguida, os representantes do Da Vinci realizaram dramatizações e leituras performáticas quanto aos dilemas masculino e feminino na adolescência, a fim de criar um ambiente intimista e de proximidade entre quem já está mergulhado no tema e quem é convidado a lidar com ele “meio que de paraquedas”, enfrentando os sentimentos de vergonha e exposição da autoimagem.





A continuidade do encontro entre nossos alunos (atuando com muita desenvoltura) e os alunos de Santa Teresa (acolhendo-nos com muito interesse e concentração) começou muito bem, pois enquanto se desenrolavam as apresentações cênicas (simulações de fragmentos da vida) os olhares da plateia variavam da surpresa ao incômodo, do encantamento à reação adversa. Quando a arte projeta ou imita a vida, muitos de nós nos situamos no palco; daí a importância de discorrer sobre a sexualidade a partir de situações dramáticas e não só sob o legado científico-técnico.

Após essa espécie de quebra-gelo, os grupos dos alunos de cá e dos alunos de lá misturaram-se para formar subgrupos e pensar sob diferentes temas, tais como a  satisfação de ser masculino/feminino e as expectativas em relação ao gênero oposto; a construção da metáfora da “árvore dos valores” (simulando construções sociais e culturais na infância/adolescência que são raízes de nossos comportamentos na vida adulta); tomar decisões sobre casos concretos envolvendo orientação do desejo, papeis masculinos/femininos, interferências do outro sobre nossas condutas, campanhas educativas e suas simplificações em relação à complexidade de alguns temas. Devido ao sempre limitador tempo, algumas apresentações foram reduzidas/entrecortadas, mas tudo o que se viveu foi esclarecedor, compartilhado. Os alunos de Santa Teresa ocuparam os espaços que lhes foram cedidos pelos nossos para fazerem suas reflexões e trazerem a realidade em que estão mergulhados, o que permitiu observar as equivalências e discrepâncias de pensamento em torno de temas tão controvertidos, o que é próprio da dinâmica da vida.





O mais enriquecedor do conjunto de atividades foi verificar a tendência dos alunos (de ambos os contextos) em se contrapor aos preconceitos, verdades e imposições do mundo adulto, buscando as próprias fundamentações e compartilhando potencialidades, dúvidas, inseguranças ou medos. Foi um momento marcante para todos, pois tirou da sexualidade esse “véu coberto” que cria banalizações e reações de enfrentamento que poderiam ser minimizadas pela escutatória dos adultos em relação aos seres em fase de formação, para os quais a sexualidade é um caminho por desvendar em que as encruzilhadas, abismos e veredas necessitam da intervenção do adulto como porto seguro/norteador/bússola.

A equipe pedagógica da Escola E. Dalmázio (na pessoa da Diretora, Supervisores e professores) também contribuiu muito para nosso trabalho, disponibilizando-nos espaços e recursos necessários, cedendo tempo de suas aulas, conscientizando os alunos para a importância desse intercâmbio e do enfrentamento da realidade, bem como para a necessidade de multiplicação dos saberes ali construídos em rede. O clima familiar permanente entre os visitantes e os anfitriões, intensificado pelos “cafés coletivos” (regados aos saborosos quitutes da região), serviu para que a proximidade já experimentada pela via do conhecimento se estendesse para a dimensão do afetivo.




 
O intercâmbio (embora de um dia só) rompeu com alguns mitos também em relação ao funcionamento de escolas pública e privada. Alguns alunos de Santa Teresa, que tinham uma imagem dos nossos alunos como elitistas e distantes, depararam-se com indivíduos acolhedores e compreensivos, além de enaltecerem a qualidade educativa que transpareceu de todo o processo. Alguns alunos de nossa Escola, que tinham uma imagem negativa em relação à escola pública, surpreenderam-se com a organização e receptividade de nossos anfitriões, o envolvimento e a seriedade dos alunos de lá. Sinal de que não dá para estereotipar nada em matéria de educação, sem “beber na fonte”. Bom para ambos os lados!

E por fim o capítulo à parte em que se constituiu o fechamento do dia na casa de inverno pertencente à Escola, em Santa Teresa: partilhas de sensações, comparações entre expectativas e resultados, orientações sobre os relatórios individuais a serem preenchidos para registrar os pontos fortes/fracos da atividade e elaborar sugestões para o próximo ano. Depois de um dia de muito trabalho, um tempo também para o relaxamento, a degustação de mais quitutes e a prática de atividades físicas ao ar livre que servem para descarregar as “tensões”. Em suma, um dia inesquecível para compor o memorial de uma Escola que se pauta pela perspectiva cultural e pelo compromisso de instigar seus alunos a atuarem como socializadores e multiplicadores. Uma forma de ação social que traz fartas aprendizagens para o futuro ingresso no mundo da Academia e do Trabalho, mas principalmente agrega diferenciais ao currículo humanitário e à agenda interna.



MARIA AUXILIADORA VIEIRA CABRAL ABREU SODRÉ · 24/06/2011 17h07
Paulo, você consegue escrever de uma maneira, que a gente consegue visualizar o que está sendo contado.Que projeto super interessante! Parabéns a todos que fazem a Educação acontecer.



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