16/08/2011 · por Maria Helena Salviato Biasutti Pignaton · Tags: Projeto Profissões

Só mesmo a sapiência da maturidade para contracenar com a beleza da juventude.

As atividades profissionais exercidas pelos pais são sempre um referencial olhado com muito cuidado pelos filhos, às vezes abrindo-lhes possibilidades, às vezes criando-lhes angústia, no mais das vezes incentivando-os à autorreflexão e à necessidade (indelegável) de gerir os próprios destinos.

Tendo em mente essa “verdade”, o Projeto Profissões, há anos institucionalizado pelo Da Vinci como uma ferramenta curricular que auxilia os alunos na escolha de seu foco acadêmico e orientação profissional, trouxe um valor agregado à sua terceira fase em 2011, ao propiciar aos nossos estudantes uma plenária composta por profissionais liberais de diferentes gerações, componentes de uma mesma família.

Os alunos do Ensino Médio vivenciaram um momento de muita riqueza (e por que não dizer beleza?) quando se depararam com o Dr. Rodrigo Sanz Martins e seus filhos Rodrigo e Maria (sempre-alunos do Da Vinci), todos com formação em Direito e trajetórias de vida e trabalho que se entrelaçam ou desamarram, a discorrer sobre o tema, trazendo aconselhamentos ou inquietações para os que agora passam pela dúvida da escolha profissional precoce e pela difícil decisão de perpetuar ou ressignificar o legado profissional dos pais.


Dar continuidade à carreira dos pais, profissionais renomados e de reconhecida competência, ao mesmo tempo que pode trazer peso e angústia para os filhos, deixa-os também com uma sensação de leveza.  Quando assim acontece, como foi o caso de Rodrigo pai e Rodrigo filho, as duas gerações passam a dividir atribuições e a compartilhar experiências que enriquecem ambos os lados.

Se o Rodrigo-pai defendeu que sua paixão pela leitura foi determinante para a sua escolha pelo Direito (também um legado de gerações anteriores), o Rodrigo-filho revelou que desenvolveu a competência leitora à medida que amadureceu acadêmica e profissionalmente, não a trazendo como uma marca pessoal na adolescência. Por outro lado, a ética no trabalho, a coragem de assumir os ônus e bônus da profissão, a necessidade de orientar as pessoas para tomada de decisões respaldadas pela lei, são pontos comuns que os aproximaram e vêm tornando seu ofício profissional mais alentador.

Já as mudanças de rotas após um caminho já praticamente delineado (caso de Maria, que primeiramente cursou Direito para ao longo de sua vida ir em busca de suas reais aptidões, revelando-se uma profissional multifacetada, que transita do design gráfico à moda, da expressão escrita às Artes Plásticas) trazem outra perspectiva: a necessidade de negociação e diálogo entre pais e filhos, a busca do casamento perfeito entre trabalho e felicidade, as idas e vindas das opções profissionais não-lineares, mas  igualmente desafiadoras para quem as abraça. Pai e filha tendo que administrar a vida como ela é, aprendendo a lidar com as diferenças, mas também a fortificar a relação ao perceberem que, cada um a seu modo, são movidos por paixões interiores que os aproximam humanamente, mesmo que os distanciem profissionalmente.


Foi uma “aula-convite” à reflexão de todos os presentes: alunos, pais, professores; o que se tornou ainda mais nítido quando alguns dos “espectadores” compartilharam suas percepções e angústias com os “palestrantes”, ouvindo ponderações inteligentes e refletidas, sem jamais trazerem a pretensão da verdade absoluta.

Cabe ao Leonardo da Vinci um agradecimento ao primeiro núcleo familiar do Projeto Profissões por  propiciar aos nossos alunos um momento tão esclarecedor. Aos estudantes do Da Vinci, por sua vez, compete utilizar-se das informações, conhecimentos e sentimentos aprendidos/sentidos em momentos únicos assim, para nortearem tanto a escolha de suas profissões quanto a trajetória das vivências e afetos.