Reencontro pós-viagem : memórias e partilhas

Sexta-feira, quase frio, começo de noite, casa dos diretores da Escola. Início do primeiro fim de semana após o embebedamento cultural, social e humano compartilhados na convivência da viagem Acadêmica Internacional por um grupo de vinte alunos e três parceiros adultos (educadores, informantes, acompanhantes) do Centro Educacional Leonardo da Vinci.
Quanto às aprendizagens do percurso, já tratamos amplamente na cobertura “on line”. Um roteiro não-turístico, construído à base de muito pensamento e do propósito de propiciar aos participantes mais uma experiência sensitiva e cultural inesquecível.
A semana do retorno foi atribulada, marcada pelas memórias ainda vivas da viagem e necessidade de readaptação ao entorno. Aulas de terça a sexta-feira para todos, de acordo com o calendário letivo; e, ao término do “expediente normal”, horários extras para reposição de conteúdos escolares e acesso às propostas de terceira nota do último período. E ainda, mas não propositalmente, um simulado do ENEM na tarde de sexta-feira para os alunos-viajantes de turno integral do Ensino Médio, como que para demonstrar, uma vez mais, que o que move a ação é o desejo.







Não dá para deixar também de mencionar a segunda-feira do desembarque em Vitória, com pais, parentes e amigos saudosos, curiosos e afetivos, recepcionando seus queridos e comemorando o êxito de mais uma viagem cujos ganhos são incontáveis para os “pequenos-grandes” desbravadores. Nítidas as sensações de amadurecimento e felicidade espelhadas nos rostos dos recém-chegados.
Retornando à sexta-feira, começo de noite, com temperatura quase fria, seria um bom momento para dormir o não-dormido durante a viagem. Mesmo assim, os alunos-viajantes aceitaram o convite da Escola para um jantar de reencontro e interação preparado para um grupo de amigos que certamente jamais passará novos vinte dias juntos, praticamente vinte e quatro horas por dia.
Chegaram lindos e produzidos, com aparência de quem estivera em descanso, irradiando a jovialidade das almas que se alimentam do saudável. O encontro não aconteceu nos lugares de “modinha” ou “balada”, onde os jovens costumam se encontrar, livres do olhar observador e cuidador do adulto. Numa prova de envolvimento e maturidade, estavam dispostos a rememorar os momentos bons, engraçados, desafiantes e até mesmo tensos vividos e internalizados.
Lá encontraram um ambiente cultural estilizado, caracterizado por referências à decoração, música e cardápio dos países visitados. Um dos adultos-acompanhantes esperava-os vestidos com “kilt” (a típica saia escocesa), ao lado de uma “gaita de fole” em repouso sobre um banco, da qual volta e meia “tirava um som”. As músicas que preencheram o ambiente, buscadas em CDS trazidos da viagem, ecoavam trilhas musicais características dos países visitados, aí incluindo trechos do musical “O Fantasma da Ópera”, parte da programação durante a permanência em Londres. Os pratos repousavam sobre imagens das cidades visitadas, sempre com fotos do grupo ocupando o “pano de frente”. Brasões e bandeiras ornamentavam paredes e centros de mesas.







Na culinária, o sempre-atuante mestre Juarez Campos prestigiou-nos com iguarias regionais dos locais visitados, inclusive com uma especialidade em peixe, receita nova por aqui (testada especialmente na ocasião), remetendo os viajantes à lembrança do “tubarão meio que passado”, “prato de entrada” típico da Islândia.
Na noite quase fria, os adultos acompanhavam o movimento intenso dos alunos dispostos na varanda, usufruindo o momento criado para eles. Mas, quando nos aproximávamos para conhecer os detalhes das conversas ou das expressões corporais, éramos inseridos em seu meio, fosse para compartilhar lembranças de momentos marcantes da viagem (inclusive dos hilários), fosse para ouvir queixas de que disponibilizamos poucas páginas para a escrita do Diário de Bordo, um dos instrumentos de avaliação da “disciplina eletiva” Viagem Acadêmica Internacional. Não houve reclamações quanto ao trabalho intensivo que terão para concluir suas memórias de viagem, a serem entregues em praticamente uma semana.
Na noite, aos poucos tornada fria (sem os ventos que carregam os corpos, como sentido na pele pelos convidados, enquanto pisavam as terras da Irlanda), despedimo-nos em clima intimista e de muita confraternização. Sentíamo-nos descansados e acalentados pela sensação de que a mente preenchida e a alma leve retiram o esgotamento físico do corpo e deixam no ar uma sensação de “querer mais”.

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