Como parte das dinâmicas de transição para o Ensino Médio, foi realizado um trabalho com os alunos baseado na agenda cultural do segmento, de forma a propiciar-lhes autoconsciência, tomada de posição e senso crítico.
Em todas as turmas, durante as aulas de Língua Portuguesa, os alunos foram divididos em três grupos, incumbindo-se cada um deles de apresentar uma visão panorâmica ou focada sobre as três seções que compõem a agenda: a introdutória (que cuida de hábitos de estudo, aprendizagem significativa e norteadores para as aulas); a intermediária (que traz uma sistematização sobre diferentes dimensões da cultura italiana, com ênfase para aspectos pouco explorados/divulgados) e a final (que apresenta leituras enriquecedoras visando à preparação para a vida).
Mais que uma organizadora do cotidiano escolar, a agenda foi encarada como um instrumento para reflexão e aprofundamento, seja por sua interferência sobre a vida estudantil, seja pela riqueza temática que a caracteriza, notadamente sob os ângulos da autonomia para o aprender e da apropriação da cultura pela motivação individual.
Mesmo reconhecendo a importância do “aprender a aprender” e dos caminhos que levam à aprendizagem significativa, os estudantes alegam exercitar pouco a simulação de plano de estudos e o treino diário de práticas fundamentais como pré-estudo, fichamento, pesquisa dirigida e ampliação/extrapolação dos conteúdos escolares. Entendem que, no Ensino Médio, devem se desafiar mais e observar o seu percurso na aprendizagem, atribuindo-se metas e buscando superações.
Quanto à seleção da cultura italiana como tema transversal para 2012, mostram-se motivados pelo caráter inusitado das abordagens e pela possibilidade de lidar com aspectos culturais que dificilmente buscariam por iniciativa própria. Apreciaram bastante a disposição visual das agendas e o trabalho integrado entre forma e conteúdo, reconhecendo que muito têm a buscar em termos de pesquisa e conexão entre saberes.
No tocante às leituras enriquecedoras, houve uma sensibilização para o fato de que as atuais gerações mostram-se preparadas sob a perspectiva do acesso à informação/tecnologia, mas pouco aptas para a lida com frustrações e desafios, como bem pontua a psicóloga Eliane Brum no texto “Meu filho, você não merece nada”. E viram em Zeca Camargo (tema da matéria “Passageiro do mundo”) um protótipo do cidadão globalizado, do profissional do século XXI e do indivíduo que sabe construir e demonstrar competências por aliar conhecimentos, habilidades e atitudes.
Durante o trabalho, o professor estimulou os alunos a observarem suas atitudes e as dos colegas durante as aulas/discussões, de forma a verificar os aspectos que precisam ser aprimorados no individual/coletivo, bem como o impacto dos procedimentos/atitudes para o melhor aproveitamento das aulas/atividades. O fato de os alunos estarem todos em turno Integral propicia um acompanhamento mais intensivo por parte da Escola e de seus profissionais, mas é fundamental que cada um aprenda a olhar para si mesmo e a reconhecer suas contribuições ou omissões no trabalho cotidiano.
Houve uma consciência coletiva de que o Da Vinci é uma escola que agrega possibilidades muito ricas para os alunos que compõem seus quadros, trazendo, além do compromisso acadêmico, a perspectiva cultural, a incursão nas exigências da Academia e do Mundo do Trabalho, a preocupação com habilidades exigidas na vida real. Após reflexão propiciada pela agenda e pela leitura do entorno, os alunos sentiram-se acolhidos e desafiados; tutelados e corresponsáveis. É um bom prenúncio para o ano letivo, desde que o discurso se transforme em ação.