22/03/2012 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub · Tags: Da Vinci

A vinda de Mário Sérgio Cortella ao Da Vinci, a fim de proferir uma palestra para nossa comunidade (pais/professores) sobre o tema “Responsabilidade Social é coisa séria”, trouxe um profissional-pessoa multifacetado que, do alto de seu vasto repertório cultural e habilidade para estabelecer conexões, portou-se com sabedoria, sem pretensão de firmar verdades definitivas. Cortês no trato e cortante no pensamento.
 
Um filósofo-professor ou professor-filósofo que, fazendo gracejos  com estereótipos aplicados ao seus ofícios, ministra uma aula magna em que a filosofia  e a didática são condutoras.


Um estrategista da comunicação que sabe criar um clima intimista com a “plateia” ao resgatar memórias dos bons tempos em que, designado como professor em escolas agrotécnicas de Colatina e Santa Teresa, manteve contato com culturas locais e fartou-se de boa gastronomia; ao reportar-se ao Dia de São José (padroeiro das famílias) ou à figura nobre de José de Anchieta, capixaba por adoção e responsável pela fundação de São Paulo, única megalópole do mundo com nascedouro em uma escola.

Um profundo conhecedor da etimologia das palavras que consegue relacionar decência, docência e discência ao potencial para decorar o mundo, enfeitando-o e ornando-o.

Um homem integrado ao sistema natural, que nos leva a refletir que não somos proprietários do planeta, mas usuários compartilhantes de suas riquezas, o que nos instiga a não confundir abundância com estímulo ao desperdício.


Um mestre da retórica que profere citações que calam fundo na alma do leitor/ouvinte e que lhe permite estabelecer pensamentos independentes, conexões e extrapolações com o tema da Responsabilidade Social :“O mundo que nós vamos deixar para os nossos filhos depende muito dos filhos que vamos deixar para o mundo”; “O futuro é o passado em preparação”; “Conheço muitos que não puderam quando serviam porque não quiseram quando podiam”; “O importante é ter, sem que o “ter” nos tenha; “O impossível não é um fato, é uma opinião”; “A melhor maneira de ficar vulnerável é sentir-se invulnerável”.
 
Um teórico com índole prática que defende ser a responsabilidade social uma missão mais ampla que as práticas de voluntariado ou filantropia; que responsabilidade social deve se pautar nos valores da convivência, na compreensão de que diferença não é sinônimo de desigualdade; na consciência de que a ética deve estar acoplada a cada indivíduo e nunca se confundir com cosmética(fachada).

Um teólogo que transpõe as lições da teologia para nosso cotidiano: “É proibido resmungar, para não correr o risco de amaldiçoar o escuro e ofuscar a luz”.



Um adepto das novas tecnologias que nos incita a desplugarmo-nos, para não nos perdermos de nós mesmos ou de nossos afetos/afeitos.

Um criador de neologismos surpreendentes, ao propor a primazia da “pamonhalização” sobre a “miojização” do mundo, numa apologia à construção coletiva e à visão de processo, em detrimento ao individualismo e ao efêmero/provisório.

Um homem aberto ao debate, a nos ensinar que sem as lentes do distanciamento não enxergaremos criticamente as fragilidades do momento atual, tão premente de reconduções

Um humanista que, sem recorrer à doutrinação, nos leva a mergulhar na autorreflexão e na tomada de consciência, para exercitar a humildade e a esperança (não a espera passiva), para vencer o pessimismo que se transforma em inércia.

Um professor que nos ensina a trocar o papel de auditores do conhecimento pelo de apreciadores dos ensinamentos que nossos filhos/alunos podem nos propiciar.

Um esperançoso e otimista até inveterado, mas com grande conhecimento de causa e poder de convencimento.

   
A presença de Mário Sérgio Cortella entre nós, embora muitos já o conhecêssemos de seus livros, diálogos ou artigos em revistas especializadas, fez-nos conhecer mais intimamente seu potencial e sabedoria, e especialmente sua habilidade para ressignificar aspectos profundos, tantas vezes encarados como obviedades.

Foi um privilégio receber entre nós um especialista em educação com visão tão pragmática acerca das missões indelegáveis que competem à Escola e à Família; um  acadêmico que sai do casulo para propor a criação de  “escolas paralelas para pais”, com o desafio de  formar pais-educadores. Esse educador sensato que, em vez de repetir meia dúzia de palavras ou conceitos limitantes em torno do foco da responsabilidade social, soube responsabilizar-nos socialmente pela formação das futuras gerações.

Paulo, parabéns pela síntese da palestra! Parabéns ao Da Vinci pela escolha do palestrante.

Comentário de Ary Leonardo Barbosa Ferreira, por e-mail.

Boa noite amigos.
Embora já se tenha passado mais de uma semana da palestra do Professor Mário Sérgio Cortella, não poderia continuar em falta com a Escola e com o palestrante, em dizer para vocês o quanto esta palestra foi excelente.
Já conhecia alguns trabalhos do Professor Palestrante, em suas sempre maravilhosas entrevistas no Canal Globo News, no Programa do Jô Soares e em vários Vídeos que divulgam o fantástico trabalho que ele desenvolve.

Somente para dar uma dimensão de como a Palestra foi envolvente, cativante, não senti que se passaram 1:30 hora.
Tenho oportunidades de frequentar cinemas, teatros, shows, e tenho que confessar a vocês que sempre sou muito inquieto na poltrona em que estou sentado.
Mudo de posição a cada instante.
Pois bem, o que percebi foi que, depois de 90 minutos de Palestra, me peguei na mesma posição em que havia sentado, quando cheguei ao Auditório.

Parabéns à Escola pela acertada escolha do Palestrante (como aliás, é a tônica de todas as maravilhosas Palestras que o Da Vinci nos brindou até hoje) e também ao próprio, por nos proporcionar 90 minutos de um conteúdo que deve ser considerado por todos nós, sejamos pais, professores e até alunos.
Temos um dever realmente intransferível em forjar a personalidade destes futuros cidadãos, para deixarmos pessoas para o mundo, parafraseando o Professor Cortella.

Abraços.

Ary Leonardo Barbosa Ferreira.