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Roberto DaMatta: reflexões em cena
16/10/2012 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub · Tags: Da Vinci



Como parte das iniciativas que visam a propiciar suporte a pais e professores para cuidar da formação continuada dos filhos/alunos com maior preparo e repertório, o Da Vinci trouxe a Vitória mais um livre pensador: o antropólogo Roberto DaMatta, um estudioso dos problemas e soluções para o Brasil; um especialista-generalista em questões sociais e humanistas.

O trabalho feito com a o obra de sua autoria, “Fé em Deus e pé na tábua”, no âmbito da diversificada “Todo brasileiro é louco por carro”, foi um dos fatores que impactaram a escolha do nome de DaMatta para um contato estreito com nossa comunidade. O livro em questão reflete sobre o comportamento do brasileiro no trânsito e os embates entre individual e coletivo na sociedade contemporânea, desvelando um analista sensato e acadêmico conectado com a realidade.

O tema escolhido pela Escola para o encontro - “Ritos de passagem, crises de vida e identidade” – foi apreciado pelo conferencista, que alegou se sentir feliz em abordá-lo em um ambiente acadêmico/intelectualizado, podendo se distanciar um pouco do pragmatismo e da busca de diretrizes que muitas corporações empresariais lhe “encomendam”, quando se trata de ritos de passagem e assunção de papeis sociais.  

Resgatando “O Axioma de Shakespeare” no sentido de que a vida é um palco e os humanos os atores, com tempos de entrada e saída, DaMatta ressaltou a importância de resgatar os ritos de passagem em um mundo globalizado, capitalista e empresarial, cada vez mais exposto à relativização dos valores e tradições.

Fazendo uma leitura do mundo contemporâneo, DaMatta exerceu leitura crítica em relação a algumas tendências da sociedade. Sobre a tecnologia, tratou de seu uso inconsequente, o que resultou na banalização da fotografia (antes um registro significativo dos ritos de passagem) e na recriação do conceito de amizade (do real para o virtual), com perdas para a socialização. Sobre o consumo, denunciou a escravização que promove sobre o homem, quando o submete a marcas e modismos, transformando práticas de consumo em rituais de afirmação do poderio financeiro. Sobre a superficialidade, o efêmero e o descartável que tanto marcam nossa era, enfatizou a rotinização do que era tido por extraordinário, o que fez se perderem na memória tradições, rituais e valores.



Considerando o momento político em que estamos inseridos, deu ênfase à desconsideração de rituais eleitorais no Brasil, tão carentes de moralidade e ética, e de suas implicações culturais e sociais. É um problema grave que atinge tanto os entes políticos que tratam a coisa pública como propriedade privada, quanto os cidadãos que se mostram “tolerantes com a calhordice no poder” (ideia que reiterou em citação feita à última edição de Veja, como parte de matéria sobre o julgamento do mensalão e a atuação impecável do Ministro Joaquim Barbosa, na condição de relator).

DaMatta reiterou a necessidade de resgatar o conceito de “liturgia no cargo”, seja no mundo do trabalho, seja no mundo da Academia. Mesmo estando carentes de modelos no âmbito da Administração Pública, não há como deixarmos de ensinar a nossos filhos/alunos os rituais e as exigências de atitudes e procedimentos na vida social e profissional.

Sobre as relações familiares, manifestou seu incômodo com a transformação da casa, antes um ambiente de formação da identidade e definição de papéis, em um barco à deriva, mistura entre hotel, restaurante, hospital e banco, a serviço das novas gerações, o que retira das famílias o papel norteador (numa crise de autoridade) e impede os seres em formação de desenvolver autonomia e de ingressar no mundo adulto, com todas as aprendizagens e desafios que ele nos coloca.

Ao longo da abordagem, o conferencista empregava metáforas visuais para ilustrar seu pensamento, servindo-se da Arte como pano de fundo para a reflexão filosófica. Tudo para reafirmar a importância dos rituais de reconhecimento nas diferentes etapas da vida, com suas demandas de entradas, saídas, transições e incorporações.



DaMatta convidou todos os presentes a repensarem seus papeis sociais e sua visão de cidadania. Só assim, poderemos contribuir para o resgate de princípios e controles que são preciosos à coletividade. E a Escola é instituição por excelência para conduzir a reflexão sobre o tema e seus impactos na formação de homens para o mundo e assimilação de normas de conduta.

Eis uma abordagem que, mais do que apresentar respostas, instiga à consciência e à reflexão crítica, para nunca adotarmos a isenção e a acritricidade como filosofia de vida.








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