GINCANA CULTURAL DO ENSINO MÉDIO:
Do mosaico étnico ao mosaico de expressões
Um ideário educativo sustenta-se por práticas que o reflitam no cotidiano. Assim acontece com o currículo de perspectiva cultural no Da Vinci. Mais do que um jargão pedagógico, trata-se de uma marca institucional, visível e atuante.
A culminância da gincana cultural com as primeiras séries do Ensino Médio, no último dia 29/04/2013, impregnou a Escola do mosaico de etnias que impactam a formação do povo capixaba, tema transversal em 2013. Inspirada nos focos da agenda, a atividade propôs aos estudantes um mergulho nas contribuições herdadas de diferentes ascendências que moldam nossa identidade multifacetada.
O café temático que abriu a manhã, no refeitório principal, superou as expectativas. Os alunos executores da tarefa surpreenderam a todos como anfitriões, montando uma logística pensada nos mínimos detalhes. Da decoração temática primorosa aos figurinos apropriados; das infusões e quitutes saborosos às receitas e efeitos sobre a saúde; das danças e coreografias à aproximação com os convivas - tudo exalava bom gosto e significação.
Os participantes do momento, além de imaginariamente transportados para outras paragens, sentiram a gastronomia como manifestação cultural, misto de curiosidades, tradições, ousadias. E estabeleceram links das iguarias degustadas no café temático com as receitas capixabas do cotidiano, muitas delas transpostas como no original, outras transformadas pelo personalismo do local.
O segundo momento da atividade, concentrado no Anfiteatro, consistiu nas tarefas de recontação de histórias dos Irmãos Grimm e declamação de poemas/entoação de canções que trazem olhares aguçados sobre singularidades das etnias resgatadas. Alternando-se no palco e montando/desmontando cenários e figurinos com espírito de equipe, os alunos envolvidos, individualmente ou em grupos, revelaram diferentes graus de habilidade e flexibilizações que às vezes não encontram espaço para aflorar, em meio à atribulação do Pedagógico.
“Linguagens, códigos e suas tecnologias” saltando dos fundamentos do ENEM para a vivência escolar. Aqui, vale regatar os pontos-altos dessa etapa, fruto de um processo cuidadoso e do envolvimento dos alunos executores: dramatização cuidadosa de “Rapunzel”, com atuações inspiradas e expressões musicadas de qualidade; declamação em um só fôlego do “Ato IV” de I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias, com o ecoar de tambores como pano de fundo; repaginação de “Fado Tropical”, de Chico Buarque, num diálogo entre estilos musicais aparentemente incompatíveis.
A última parte dos trabalhos consistiu na apresentação de coreografias das etnias alemã, libanesa e portuguesa, na quadra grande, todas trazendo a dança como uma manifestação comunitária, reveladora de estilos de vida e de expressões de sentimento. Nesse momento, foi positivo perceber como a perspectiva cultural agrega e aproxima, pois muitos alunos de outros segmentos se sentiram cooptados pela proposta, somando-se às turmas da 1ª série do Ensino Médio para degustar cultura.
Além das tarefas que exigiram preparação prévia, os alunos foram submetidos a tarefas-relâmpago, conhecidas no momento da execução, seja em torno de aferição de conhecimentos consolidados na agenda, seja em torno de jogos indígenas (sequência de modalidades esportivas herdadas dos nativos: cabo de guerra, corrida com tora, zarabatana e revezamento em corrida). Em situações dessa natureza, as diferentes inteligências sobressaem e os participantes lidam com reconhecimentos de potencialidades e sensações de incômodos que podem auxiliá-los no direcionamento de sua trajetória acadêmica.
A gincana cultural, uma vez mais, cumpriu seu propósito de integrar as turmas pelo trabalho e favorecer sua transição para o Ensino Médio. Seus desdobramentos enriquecem o acadêmico, na medida em que incentivam os alunos à produção cultural e à divisão de atribuições, sem falar na resolução de problemas e no compromisso com a socialização. Um mosaico de expressões que preparam para a vida.