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A vivência precoce da sexualidade
20/07/2011 · por Paulo de Tarso Rezende Ayub · Tags: Disciplinas Diversificadas



Como parte dos trabalhos na disciplina diversificada (ver filosofia específica na subseção que consta da seção “Perspectiva Cultural”) “Sexualidade: fatos e mitos”, houve reserva de um encontro para discussão coletiva da obra “Cem escovadas antes de ir para cama”, de Melissa Panarello, um livro autobiográfico cuja autora é uma adolescente italiana que se iniciou precocemente no mundo do sexo, lidando com situações complexas para sua faixa etária, que se dispôs a relatar sua história em um misto de realidade e ficção.

Como a obra detém descrição excessiva de algumas experiências sexuais, inclusive com utilização de linguagem considerada apelativa para muitos, fizemos um comunicado prévio às famílias para explicar os objetivos de sua adoção no âmbito do projeto e abrimos espaço para que os alunos que não a quisessem ler escolhessem um foco alternativo de trabalho. Pelos relatos dos alunos, houve diferentes reações e atitudes dos pais no contato com o livro ou com o tema (o que é compreensível devido à complexidade de que se reveste), mas nenhuma família se contrapôs à sua adoção, revelando sintonia com a clareza de propósitos por parte da Escola.

Assim, o sexto encontro da diversificada em questão constituiu-se num amplo fórum de discussões em torno da sexualidade precoce, com os alunos trazendo tomadas de posição e instigantes contribuições leitoras. Eis, a seguir, uma síntese das manifestações mais curiosas:

  • Um grupo exclusivo de meninas entende que o livro só deve ser trabalhado em um contexto pedagógico como o nosso, a fim de estabelecer paralelos entre vivências sexuais de diferente natureza (as descontroladas e/ou obsessivas; as saudáveis e/ou conscientes) e diferentes iniciativas de tratamento do tema, desde sites instrutivos e músicas reflexivas até materiais apelativos e impróprios para consumo pela faixa etária. Foi questionada a falta de censura do mercado editorial em relação à “leitura livre” da obra em questão por pessoas da faixa etária em que se encontram.
  • Já um grupo só de meninos externou as diferentes sensações que a obra lhes provocou: alguns que se moveram apenas pela curiosidade/desejo de “consumo” e outros que se sensibilizaram com os dramas da adolescente, experimentando incômodos que iam da raiva à incompreensão.
  • Um grupo misto (alunos/alunas) trouxe recortes da vida real para retratar as diferenças de gênero no trato de questões da sexualidade (inclusive quanto ao linguajar), demonstrando consciência quanto à banalização do sexo na sociedade contemporânea.
  • Um quarto grupo (também só feminino) tentou compreender o que haveria por detrás de um comportamento tão transgressor, enxergando a problemática da adolescente italiana sob diferentes perspectivas: a onipotência na juventude e as influências de grupo, mas também a ausência das instituições na orientação/prevenção quanto a aspectos fundamentais da constituição do ser, como a sexualidade.
  • Um último grupo (misto) abordou os limites e riscos da sexualidade precoce e os impactos sobre a maturação física e psicológica dos que se iniciam sexualmente sem um preparo emocional e psicológico.
Um outro aspecto interessante pontuado nas discussões foi a leveza do filme que se inspirou no livro, quando confrontado com a escrita contundente da adolescente italiana. O filme agrega elementos não existentes no livro (como a presença de uma avó acolhedora e atenta, que inclusive executa as “cem escovadas”) e tenta diversificar o foco do sexo em si, tão explorado na trama escrita.

Houve também um questionamento quanto à verossimilhança do final feliz encontrado pela jovem que, depois de tantas vivências perigosas e doloridas, encontra o prumo no amor verdadeiro e chega a ser considerada uma espécie de conselheira para os demais.



E por fim, quanto ao fato de a obra ter sido considerada cult em muitos países, expressaram praticamente em uníssono sua discordância, pois a habilidade na escrita demonstrada pela autora assume segundo plano em relação à descrição sexual excessiva, tendendo mais ao pornográfico que ao erótico.

A intencionalidade pedagógica da adoção da obra foi atingida, pois a história de Melissa transformou-se em um instigante estudo de caso e motivou autorreflexões profundas em nosso grupo. Quem viveu o momento sentiu de perto os efeitos da leitura crítica e de fóruns de discussão em que todos se dispuseram a contracenar, o que contribuiu para a formação de consciências e a transposição de aprendizagens para a vida.

Nesta oportunidade, socializamos uma produção escrita da aluna Fernanda Luísa Lorenzutti de Souza, que sintetiza as impressões de seu grupo sobre a obra.


RESENHA CRÍTICA

É comum haver, no psicológico das meninas, uma certa idealização e maneira ilusionista de enxergar o sexo e a primeira vez, imaginando como tal prática será linda e perfeita. Ocorre que, de forma frequente, pensam sobre o sexo de uma forma e ele acontece de maneira completamente diferente. As idealizações de 'uma linda noite de amor' ou de que “ tudo será perfeito” costumam não acontecer.

Esta inquietação e curiosidade em relação à sexualidade são naturais, pois os hormônios nesta idade estão um tanto quanto aflorados. Mas é preciso estar bem ciente antes de partir para a prática, para que o sonho não se torne pesadelo.

A obra '100 escovadas antes de ir pra cama', de Melissa Panarello, retrata um pouco esse aspecto da idealização do sexo e o contato com a realidade. Esta moça inicia sua vida sexual precocemente, sem o menor conhecimento e noção da realidade. E 'de cara' “toma um choque' ao lidar com situações desconhecidas e arriscadas, em que sai do mundo 'ilusionista/idealizador' para lidar com a crua realidade.

O jovem que inicia sua vida sexual muito cedo acaba adquirindo um amadurecimento psicológico e físico precoce, o que é ruim, pois acaba “pulando” etapas de sua vida, impedindo-o de viver um tempo importante no seu desenvolvimento. O sexo traz um amadurecimento muito rápido, com a perda da infância. No caso da Melissa, ela iniciou suas relações sexuais aos 14 anos, agindo por curiosidade e ausência do amor próprio, dentre outros aspectos.

Sexo não é brincadeira e exige um olhar atento por parte do jovem. Deve enfrentar limites e ser feito de forma sadia e racional.  A partir do momento em que se começa a praticá-lo, há riscos a se correr. A reputação feminina entra em jogo (enquanto o menino é tratado como 'garanhão', 'galinha', 'pegador/comedor', a menina é chamada de 'piranha', 'piriguete', 'biscate', 'dadeira”; sendo que Melissa recebeu dos parceiros os apelidos de “putinha” e “cadelinha”). A saúde também pode ser afetada, obviamente quando não se tomam os cuidados devidos com doenças, sem falar ainda no risco de gravidez.

Em relação à prática do sexo com e sem amor, há realmente essas duas formas de realização. A diferença é bem simples: sexo sem amor é algo que se faz por prazer próprio, sem se importar com o próximo, cedendo à atração, ao 'corpo a corpo' e ao desejo carnal. Já sexo com amor é diferente, trazendo envolvimento, cuidado, transparência de sentimentos e preocupação com o parceiro. No caso do livro, o sexo com amor de Melissa foi vivido com Cláudio, fazendo-a superar as experiências com tantos homens com que se envolveu apenas por atração e desejo, em busca da  satisfação física.




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